28/10/2018

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HOJE NA 
"SÁBADO"
Blasfemar já não é crime na Irlanda. 
E o presidente será reeleito

Os Irlandeses foram chamados a escolher o presidente e terão votado pela permanência de Michael D. Higgins. E também aprovaram que o crime de blasfémia fosse retirado da constituição.

A Irlanda votou favoravelmente na proposta de retirar o crime de blasfémia da sua constituição. A retirada deste crime teve 71,1% de votos favoráveis, contra 26,3% de votos contra. Numa votação coincidente, os irlandeses decidiram manter o presidente Michael D. Higgins no posto por uma grande maioria.
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Os resultados oficiais só serão dibvulgados este sábado, mas a confirmarem-se as expectativas, este será mais um golpe para tornar a constituição irlandesa menos conservadora, princippalmente no que à religião diz respeito.

E embora fizesse parte da constituição, a última vez que o crime de blafesmar - insultar algo tido como sagrado, ou bastante respeitável - deu direito a condenação foi em 1855. No entanto, o comediante Stephen Fry foi investigado pela polícia irlandesa por ter dito em directo que Deus era "capriscioso", que "tinha uma mente maligna" e que era um "verdadeiro maníaco". A investigação acabou por ser largada por a polícia ter chegado à conclusão qeu não havia gente suficiente indignada com as declarações do artista.
Esta é mais uma votação que enfraquece a influência religiosa na constituição irlandesa depois de, em 2015, os cidadãos terem votado para permitir o casamento homossexual e, em Maio, dois terços dos votantes terem decidido acabar com a lei contra o aborto que vigorava no país saxónico. O primeiro-ministro (taioseach, em gaélico), afirmou que com o fim da lei contra o aborto "culminava uma revolução pacífica que tem vindo a decorrer nos últimos dez ou vinte anos".

Mesmo a eleição do próprio Leo Varadkar para primeiro-ministro foi um dos marcos dessa revolução. Varadkar é o primeiro político irlandês abertamente homossexual a assumir o cargo de taioseach.

Já nas presidenciais, Higgins terá reunido 56% dos votos dos irlandeses, conseguindo o segundo mandato para a presidência irlandesa por mais sete anos. A cumprir o termo até ao final, o presidente vai chegar ao fim do mandato com 84 anos, tendo actualmente 77. Higgins será o quinto presidente da República da Irlanda a ser eleito para dois mandatos.

Em segundo lugar ficou o empresário Peter Casey, com cerca de 20% dos votos. O terceiro lugar terá conseguido 7,4% dos votos e Joan Freeman - o quarto lugar -, 6,3%. O candidato menos votado recolheu 2% dos votos.

Ao todo, mais de 3 millhões de pessoas votaram nestas eleições e referendo.

* Considerar a blasfémia um crime até aos dias de hoje deixa perceber os estragos que a igreja católica fez na cabeça dos irlandeses.

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