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HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Três internamentos semanais por
tosse convulsa e 94% são bebés
.com menos de um ano
A tosse convulsa provocou, entre 2000 e
2015, uma média de quase três hospitalizações semanais, 94% dos quais de
bebés com menos de um ano, e onerou o Estado em 2,7 milhões de euros,
só em custos diretos.
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Estas
são conclusões do primeiro estudo realizado sobre as hospitalizações
por tosse convulsa, a nível nacional, desenvolvido por investigadores do
Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), a
que a agência Lusa teve hoje acesso.
O
trabalho, que contou com a colaboração de docentes da Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto, debruçou-se sobre a informação
recolhida em todos os hospitais públicos de Portugal continental, entre
2000 e 2015. Os dados, anonimizados, foram cedidos pela Administração
Central do Sistema de Saúde (ACSS), ao abrigo de um protocolo de
colaboração com o referido centro de investigação.
Os
resultados revelam que, no período em estudo, ocorreram 2.229
hospitalizações por tosse convulsa nos hospitais públicos portugueses.
De
acordo com o estudo, 94% desses internamentos diziam respeito a
lactentes com menos de um ano, sobretudo bebés com menos de dois meses
(idade em que não foi ainda iniciada a vacinação contra a tosse
convulsa). Seguiram-se as crianças e adolescentes com idades
compreendidas entre 1 e 17 anos, que somaram 3,5% dos internamentos, e
por fim, os adultos e idosos.
A
equipa de investigação concluiu que, ao longo do tempo, se verificaram
surtos a cada 3 ou 5 anos, tendo sido registado um pico maior em 2012.
“Curiosamente,
ocorreram mais hospitalizações de lactentes com menos de um ano durante
o inverno, enquanto nos restantes grupos etários estas foram mais
frequentes no verão. Adicionalmente, o Algarve foi a região que registou
maior taxa de internamentos, possivelmente devido à maior aglomeração
de indivíduos de diferentes grupos etários e ao maior influxo de
estrangeiros”, explicou Manuel Gonçalves Pinho, investigador do
CINTESIS.
Sara
Oliveira, outra das autoras do estudo, salientou que as hospitalizações
por tosse convulsa representam “apenas a ponta do iceberg” e que esta
doença continua, nos dias de hoje, a atingir não só a população
pediátrica, mas também os adultos e idosos.
Apesar
do Programa Nacional de Vacinação incluir a imunização contra a tosse
convulsa desde 1965, e do elevado índice de cobertura vacinal, é
importante compreender que “não se erradicou a doença e que se deve ter
um elevado índice de suspeição perante situações de tosse prolongada,
para evitar um diagnóstico tardio, a disseminação da doença e as
complicações consequentes”, acrescentou a investigadora.
A
tosse convulsa é uma doença altamente contagiosa que, na fase inicial,
cursa com sintomas similares aos da maioria das infeções do trato
respiratório superior, mas que evolui para uma fase de tosse paroxística
(com crises intensas) e implica várias semanas de convalescença.
“Se
não for tratada na fase inicial, pode induzir complicações graves, ao
nível respiratório e neurológico, especialmente em crianças não
vacinadas”, alerta a pediatra Inês Azevedo, do Centro Hospitalar de São
João.
A
Direção-Geral da Saúde implementou, em 2017, a vacinação de todas as
grávidas, entre as 20 e 36 semanas de gestação, com o intuito de
proteger recém-nascidos e pequenos lactentes.
Para
além de Manuel Gonçalves Pinho, Sara Oliveira e Inês Azevedo,
colaboraram neste estudo Alberto Freitas e Hercília Guimarães.
O
CINTESIS é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja
missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas
de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.
Sediada na
Universidade do Porto, a unidade beneficia da colaboração das
Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da
Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca
de 500 investigadores e conta com sete ‘spin-offs’.
* Alguns sintomas e sinais da tosse convulsa:
- Espirros;
- Olhos lacrimejantes;
- Febre ligeira;
- Nariz entupido;
- Perda de apetite;
- Mucosidade escassa e fluida que depois se torna espessa e pegajosa;
- Tosse persistente;
- Som agudo semelhante a pieira na inspiração;
- Tosse seguida de vómitos;
- Alteração da cor do rosto durante os ataques de tosse.
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