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IN "VISÃO"
O3/05/18
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A ‘classe’ política portuguesa:
entre a náusea e a septicemia
Aparentemente, no seio da 'classe' política portuguesa a parte fundamental é escolher bem os 'amigos'
“Vejo o futuro. Está ali, pousado na rua, um nadinha mais pálido do que o presente.” (A Náusea, Jean-Paul Sartre, 1983)
Se do ponto de vista económico a situação portuguesa parece dar sinais
de algum (moderado) otimismo, a moral da ‘classe’ política portuguesa
avança destemidamente na sua trajetória de incessante declínio.
Desde
licenciaturas obtidas (quiçá, forjadas) ao domingo, por equivalência de
competências (na melhor das hipóteses) duvidosas, licenciaturas
inexistentes, currículos falsos..., há de tudo, e para todos os gostos,
na ‘classe’ política portuguesa.
Infelizmente, a fraude académica
é apenas a ‘ponta do icerberg’ de uma ‘cultura’ profundamente corrupta e
corrompida, onde abundam ad nauseam argumentações fúteis e descabidas
para a completa ausência de carácter e de valores de uma não
negligenciável parte dos políticos portugueses.
Quem se lembraria
de ‘não alinhar em dinâmicas que apenas visam diminuir a representação
democrática’ e considerar ‘legal’ reembolsar deputados por viagens que
não pagaram? Eventualmente, os mesmos que consideram que nada há de
‘reprovável’ viver ‘à grande e à francesa’ com dinheiro emprestado de
‘amigos’.
Aparentemente,
no seio da ‘classe’ política portuguesa a parte fundamental é escolher
bem os ‘amigos’. Os tais, os verdadeiros ‘amigos do peito’, que generosa
e altruisticamente ‘patrocinam’ (supostas) universidades de elite
norte-americanas para nos dar um bom ‘tacho’, mesmo quando cometemos
certas ‘diabruras’, como as de exibir um par de corninhos aos ‘menos
amigos’. Ou aqueles que são os únicos a reconhecer as nossas
‘qualidades’ laborais (mas que entendem ser melhor privar o mercado de
trabalho de tão notáveis ‘sumidades’) e que firmam acordos ‘galácticos’
(surpreendente, inconcretizáveis) para nos reformarmos aos 55 anos, com
uma pensão vitalícia de 21.500 euros mensais (acrescido de um singelo
pagamento à cabeça, de 7,5 milhões de euros).
Outro ‘gadget’
fundamental (do tipo que uma nossa artista plástica colocaria na mochila
se tivesse de fugir da guerra) para um político português que se preze é
ter um ou mais offshorzitos. Tais ‘gadgets’ são excelentes para, de
forma ‘discreta’, receber ‘salários e outras compensações monetárias’ -
ninguém precisa de saber o que recebemos, mesmo que estejamos a exercer,
em exclusividade, funções públicas remuneradas!
Como afirmava
Sartre, ‘estamos condenados à liberdade’! Assim, há que ser responsável
por aquilo que se faz. Precisamos muito mais do que umas simples tomas
de Motilium ou Peridal para cessar o enjoo. É imperativo que as nossas
Instituições ajam, e de forma célere, para evitar uma septicemia.
IN "VISÃO"
O3/05/18
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