19/04/2018

INÊS SANTOS SILVA

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A (nova) economia do impacto

Cada vez mais os consumidores valorizam produtos que geram impacto positivo. E os melhores talentos, principalmente os ditos millennials, acreditam que as empresas podem e devem ter esse impacto.
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No último ano têm surgido inúmeras notícias de fundos de investimentos, grandes bancos e empresas que estão a valorizar cada vez menos os resultados trimestrais (curto prazo) dos seus ativos e têm um foco cada vez maior nos resultados de longo prazo e no impacto positivo que estes ativos podem ter na sociedade.

Para os mais distraídos, esta mudança pode parecer descontextualizada a até descabida. Tradicionalmente, é sabido que os investidores querem “apenas” que os CEO maximizem os resultados económicos para os acionistas. Mas será mesmo assim? Estes fundos de investimento, bancos e empresas não estão a mudar, na expectativa de perderem dinheiro, fazem-no porque sabem que quando olhamos para os resultados, rapidamente percebemos que as empresas com melhor performance são também aquelas que se preocupam com o seu impacto ambiental e social de longo prazo. E porquê? Porque cada vez mais os consumidores valorizam produtos que geram impacto positivo; o melhor talento, principalmente os ditos millennials (onde eu me incluo) acreditam que as empresas podem e devem ter um impacto positivo no mundo e por isso, tendo essa possibilidade, optam por trabalhar em empresas responsáveis; e uma missão ou um propósito maior gera uma motivação e incentivo adicional para o dia-a-dia das equipas.

Isto até pode parecer uma realidade muito distante da nossa, mas estamos rodeados de marcas e empresas que já integram esta forma de pensar no seu dia-a-dia. Ainda recentemente a Adidas anunciou que em 2017 vendeu um milhão de pares de sapatilhas feitas de plástico recolhido nos oceanos; a Ecoalf, uma empresa espanhola usa redes de pesca e plásticos recolhidos no oceano para produzir roupas e malas, e até já tem como clientes, Marc Jacobs, Gwyneth Paltrow e will.i.am; a Natura, a Etsy e a Ben & Jerry são algumas das já muitas empresas certificadas como B Corporations, ou seja, empresas que se comprometem não só a maximizar o lucro, mas também o impacto positivo na sociedade; e a Patagonia, empresa americana de vestuário para além de todas as preocupações que tem com a produção dos seus produtos, tem ainda um website onde explica como reparar as suas peças, porque o objetivo é produzir roupa que seja para toda a vida.

Eu poderia continuar a enumerar exemplos que mostram que algo está a mudar, mas é importante chamar a atenção que aqui não estamos a falar nem de responsabilidade social, nem mesmo de empreendedorismo social. Isto são empresas responsáveis (termo cunhado pela Patagonia) que querem maximizar o retorno para os seus accionistas, mas que também querem garantir que no pior dos cenários, o seu impacto ambiental é zero (nem positivo nem negativo) e que existe um impacto social positivo.

Assim, tal como alguns fundos de investimentos, grandes bancos e empresas, estão a apelar por um maior foco no longo prazo e na geração de impacto positivo na sociedade, termino, fazendo minhas as palavras de Rodrigo Tavares, Young Global Leader do World Economic Forum e Fundador do Granito Group, que recentemente num evento no Impact Hub de Lisboa, apelou aos empreendedores que criem startups responsáveis, porque para além desta ser a melhor forma de serem bem sucedidos nesta segunda década do século XXI, a verdade é que tal como dizem os fundadores da Ecoalf, não existe “Planet B”.

Inês Santos Silva tem 28 anos e nos últimos anos tem sido uma das mais ativas dinamizadoras do ecossistema de empreendedorismo nacional. Juntou-se ao Global Shapers Lisbon Hub em 2013 e é presença assídua em eventos do Fórum Económico Mundial, tendo já participado nos eventos de Davos (Suíça) e de Tianjin (China).

IN "OBSERVADOR"
17/04/18

O Observador associa-se aos Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial para, semanalmente, discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa. Ao longo dos próximos meses, partilharão com os leitores a visão para o futuro do país, com base nas respetivas áreas de especialidade. O artigo representa, portanto, a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa.


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