HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Inspetores do SEF alertam para "falta de controlo" do tráfico de seres humanos
O sindicato que representa os inspetores
do SEF alertou esta quinta-feira para “falta de controlo” do tráfico de seres
humanos em Portugal devido à escassez de meios para prevenir e combater
este crime, que está a aumentar no país.
“Os
inspetores do SEF querem alertar a sociedade portuguesa, os deputados e
principalmente o Governo para a necessidade de combater melhor e de
prevenir este flagelo em Portugal”, disse à agência Lusa o presidente do
sindicato para justificar a realização de uma conferência sobre o
tráfico de seres humanos.
.
O
Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SCIF/SEF) realiza a 27 de abril, em Lisboa, a
conferência “Tráfico de seres humanos – o SEF e a luta contra o tráfico
de pessoas”.
Acácio
Pereira adiantou que a escolha deste tema para a conferência está
relacionada com “a subida assustadora, nos últimos anos, do tráfico de
seres humanos na Europa, nomeadamente em Portugal”.
Segundo
o sindicalista, o tráfico de seres humanos é a “moderna escravatura” e
constitui um crime que “tem de ser melhor combatido”.
“Os
inspetores do SEF sentem a impotência de quem não tem meios, nem para
prevenir, nem para combater e perseguir a maior parte dos crimes”,
sustentou, dando conta de dados de 2017, que mostram que em Portugal há
dezenas de milhares de estrangeiros a sofrerem abusos em explorações
agrícolas e que o país começou a ser usado como nova rota de tráfico de
crianças africanas.
Acácio
Pereira referiu que essas crianças e adolescentes são utilizadas para
exploração e escravatura em países como França ou Alemanha, funcionando
Portugal como porta de entrada para o espaço Schengen.
“Na
maior parte dos casos as crianças africanas chegam com documentos
falsos, mas acompanhadas de adultos com a documentação legal, quase
sempre de países lusófonos”, afirmou, frisando que os inspetores do SEF
“têm conseguido prender traficantes e resgatar algumas crianças”, mas a
perceção é que se deve “aumentar o dispositivo para que a maior parte
deste tráfico não continue a escapar ao controlo” português.
De
acordo com o SCIF/SEF, a exploração laboral em zonas agrícolas,
especialmente no Alentejo, “está fora de controlo por falta de
capacidade do SEF para fiscalizar a esmagadora maioria das herdades onde
trabalhadores ilegais são vítimas de abusos”.
“Com
a progressiva concretização de projetos de regadio no Alentejo, em
especial nas zonas do Alqueva e litoral alentejano, há picos de trabalho
sazonal em diversas culturas, o que faz com que, ao longo do ano,
estejam sempre a entrar e a sair dezenas de milhares de trabalhadores,
boa parte dos quais ilegais. A situação ilegal fragiliza-os e facilita
os abusos. O problema é que só uma ínfima parte desses abusos são
detetados e reprimidos pelo SEF”, disse Acácio Pereira.
O
mesmo responsável avançou que os inspetores do SEF têm a noção dos
abusos cometidos em Portugal, considerando, por isso, "ridículo” e “um
insulto" os dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) sobre
os inquéritos-crime instaurados pelo SEF, número de arguidos e detidos.
O sindicato
dos inspetores defende que é necessário discutir medidas como o reforço
de meios do SEF nos distritos do Alentejo para permitir uma recolha
permanente de informação no terreno e o planeamento de ações de
fiscalização que tenham a participação de todas as entidades com
competências na matéria.
O
RASI de 2017 indica que as autoridades portuguesas sinalizaram um total
de 45 crianças e jovens e 100 adultos vítimas de tráfico em Portugal.
No
âmbito da criminalidade relacionada com o tráfico de pessoas foram
instaurados, no ano passado, 53 processos de inquérito-crime pela
Policia Judiciária e 20 pelo SEF, tendo sido constituídos 11 arguidos e
detidas seis.
* Parece-nos que para o governo é mais importante injectar milhões para tapar as vigarices dos banqueiros do que dotar os serviços de fiscalização e seguranças de mais quadros.
Quem é o responsável-mor que é permissivo a esta desumanidade?
.
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