Portugal a envelhecer
rapidamente e os cuidadores
informais a aumentar
Muito
se tem falado nos últimos dias sobre o Estatuto do Cuidador Informal
pois, apesar de ser um assunto que tem estado na agenda política desde
finais do século passado, até hoje não conseguimos ver aprovado, em
Portugal, o Estatuto que já é uma realidade em alguns outros países.
As
notícias nos meios de comunicação sobre a possível aprovação do
Estatuto levaram a algumas reações dos que deixam comentários na
internet do tipo “mamões!” ou “não queriam mais nada!” o que mostra que
ainda existe uma parte da população que não compreendeu o que é ser um
cuidador informal e qual o papel do Estado... volto novamente ao papel
do Estado porque me parece que é um tema que é urgente discutir e
encontrar um consenso mínimo para o futuro.
Se aceitarmos que
parte do papel do Estado é promover a equidade, ou seja o tratamento
diferenciado de situações que são distintas com vista a uma maior
justiça social, facilmente nos apercebemos que existem situações muito
distintas entre a maioria dos cidadãos e aqueles que devido às suas
incapacidades têm que ser cuidados por terceiros. A pergunta que temos
que fazer a seguir é: quem deve cuidar destes cidadãos?
Eu não
tenho dúvidas que as melhores pessoas para cuidarem destes cidadãos são
os seus familiares e acredito que a maioria dos portugueses está de
acordo comigo. Ao pensarmos deste modo temos que compreender que estas
famílias não são iguais à maioria das famílias portuguesas e, por esta
razão, devem ter um tratamento diferenciado.
O cidadão
incapacitado necessita de ser cuidado 24h por dia, por isso muitas
famílias decidem que um dos seus elementos se vai dedicar a ser o
cuidador a tempo completo deixando este de estar no mercado de trabalho.
Este elemento vai ter um trabalho, muitas vezes extremamente
extenuante, não só física mas também psicologicamente, e não tem
direitos nenhuns – não tem direito a folgas, a férias ou reforma no
futuro.
Com o envelhecimento da população vamos necessitar que
mais famílias assumam o papel de cuidadores, por isso, se não queremos
aumentar os problemas no futuro, com muitos que deram ou vão dar um
grande contributo à sociedade, temos que dar direitos (e agradecer) a
quem cuida dos seus todos os dias.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
21/03/18
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21/03/18
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