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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Cientistas criam nanorobôs
que eliminam tumores
Cientistas
criaram nanorobôs que eliminam cirurgicamente tumores, bloqueando a sua
irrigação sanguínea, o que perspetiva novos tratamentos para o cancro,
revela um estudo publicado, esta segunda-feira, na revista científica
Nature Biotechnology.
A
técnica, testada em ratos com diferentes tipos de cancro, provocou danos
no tecido tumoral dos animais ao fim de um dia, sem afetar os tecidos
saudáveis.
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Para criar estes robôs
microscópicos, que se autodegradam no organismo passadas 24 horas, uma
equipa de investigadores dos Estados Unidos e da China recorreu à
técnica genética do ADN origami, que permite dobrar sequências de
moléculas de ADN (material genético) para obter formas bidimensionais e
tridimensionais à escala das nanopartículas (partículas ultrafinas, mil
vezes mais pequenas do que um fio de um cabelo).
"Desenvolvemos
o primeiro sistema totalmente autónomo de robótica de ADN para desenhar
drogas muito precisas e para o tratamento direcionado do cancro",
afirmou um dos autores do estudo, Hao Yan, diretor do Centro de Design
Molecular e Biomiméticos do Instituto de Biodesign da Universidade do
Estado do Arizona, nos Estados Unidos.
Segundo
o investigador, a técnica usada em ratinhos com melanoma (tipo de
cancro da pele) não só afetou o tumor primário, mas também impediu a
formação de metástases (formação de novos tumores a partir de outros
mais distantes), "demonstrando o seu potencial terapêutico".
Em
três dos oito ratinhos com melanoma humano, os tumores regrediram
totalmente graças à terapia de nanorobótica de ADN, com o tempo médio de
sobrevivência dos roedores a mais que duplicar, passando de 20,5 dias
para 45.
A mesma técnica foi igualmente
testada, com sucesso, em ratinhos com cancro do pulmão: ao fim de duas
semanas de tratamento, o tamanho do tecido tumoral recuou.
Em
comunicado, a Universidade do Estado do Arizona explica que cada
nanorobô é feito a partir de uma "folha de origami de ADN plana e
retangular". A principal proteína envolvida na coagulação do sangue, a
trombina, é ligada à sua superfície.
A
trombina pode bloquear o fluxo de sangue no tumor, ao coagular o sangue
nos vasos que alimentam o crescimento do tumor, causando uma espécie de
ataque cardíaco que leva à morte do tecido tumoral.
Ao
fim de dois dias de testes havia indícios de trombose avançada nos
ratinhos e, passados três dias, foram observados trombos (coágulos de
sangue) em todos os vasos sanguíneos dos tumores.
A
chave do tratamento, de acordo com os cientistas, é desencadear a
produção da proteína trombina apenas quando está no interior dos vasos
sanguíneos do tumor.
Os investigadores
realçam a ausência de efeitos indesejáveis, como o de estes nanorobôs
invadirem o cérebro e causarem um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A
equipa, na qual participaram especialistas do Centro Nacional para a
Nanociência e Tecnologia da Academia Chinesa de Ciências, considera que a
técnica é segura e eficaz, pelo que pode ser testada em animais maiores
do que ratos e em vários tipos de cancro, uma vez que todos os tecidos
tumorais têm vasos sanguíneos.
Para Hao
Yan, da Universidade do Estado do Arizona, a combinação de diferentes
nanorobôs capazes de transportar 'vários agentes' químicos pode ajudar a
"atingir a meta final da investigação sobre o cancro: a erradicação de
tumores sólidos e metástases vascularizadas".
Em
última análise, a estratégia pode ser utilizada para tratar outras
doenças através de uma espécie de envio direcionado de um fármaco para o
alvo a abater, "modificando a geometria de nanoestruturas".
* Ciência a salvação da humanidade, mais nada salva.
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