HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Tribunal de Contas avisa para riscos
de sustentabilidade na dívida
No parecer do TC à Conta Geral do Estado de 2016, o Tribunal aponta o dedo aos défices, à elevada dívida e a garantias a empresas como o BPN. O envelhecimento e as alterações climáticas penalizam ameaçam longo prazo.
O elevado nível de dívida pública, a persistência de défices e quase
22,3 mil milhões de euros em garantias prestadas no final de 2016
colocam em risco a sustentabilidade da contas públicas, um risco que é
aumentado a médio e longo prazo pelo envelhecimento populacional e pelas
alterações climáticas que importa acautelar desde já.
.
PRESIDENTE DO TdC |
Os
riscos foram apresentados no parecer à Conta Geral do Estado de 2016
que apresentado aos jornalistas por Vítor Caldeira, presidente do
Tribunal de Contas, que destacou "a persistência dos défices orçamentais
na administração central e a acumulação de elevados níveis de divida
pública" como "riscos para a sustentabilidade das finanças públicas".
O
líder da autoridade de fiscalização das contas públicas, destacou que,
no final de 2016, o valor nominal da dívida consolidada do Estado
ascendeu a 234,5 mil milhões de euros (mais 4,2% em relação a 2015), a
que se juntam "responsabilidades contingentes, nomeadamente as relativas
a garantias pessoas do Estado" no valor de 22,3 mil milhões de euros.
Vítor Caldeira reconhece as boas notícias nas contas públicas ao longo de 2017, nomeadamente as subidas de "rating", mas nota que a dívida continuou a subir e permanece elevada. "As boas notícias quanto ao rating da dívida não devem ser confundidas com a dívida a descer", defendeu.
Vítor Caldeira reconhece as boas notícias nas contas públicas ao longo de 2017, nomeadamente as subidas de "rating", mas nota que a dívida continuou a subir e permanece elevada. "As boas notícias quanto ao rating da dívida não devem ser confundidas com a dívida a descer", defendeu.
No entender do
Tribunal, os riscos de médio e longo prazo são adensados por duas
dinâmicas perigosas: o envelhecimento populacional e alterações
climáticas, que roubarão receitas e exigirão mais despesa e mais
planeamento orçamental, defendeu Vítor Caldeira.
"Os
riscos associados à evolução demográfica e às alterações climáticas
constituem, para o Tribunal, dimensões cujo impacto sobre as finanças
publicas é necessário antecipar e incluir nas contas publicas", afirmou o
líder do Tribunal que, em resposta aos jornalistas, considerou mesmo
que "os riscos mais severos [as contas] estão relacionados com as
necessidades com pensões [decorrentes do envelhecimento] e os associados
às alterações climáticas", nomeadamente com as secas e os incêndios que
lhes estarão associadas.
Vítor
Caldeira nota que "o futuro em relação ao sul da Europa será um futuro
que nos vai trazer períodos de seca muito prolongados" e que as
catástrofes se antecipam: "Vão existir necessidades de despesa e
programas públicos" para lidar com estes riscos que é preciso acautelar e
reflectir desde já no planeamento orçamental, defendeu. Isso inclui
também uma melhor gestão do património do Estado, nomeadamente do
património florestal.
No Parecer à CGE, o Tribunal destaca que o registo das receitas e despesa públicas pelo Estado continua a padecer de vários problemas, desde registos incorrectos de receitas e despesas (há por exemplo 1.272 milhões de euros de impostos que surgem registados como receitas próprias de organismos ou despesas pagas para contas dos próprios serviços com o objectivo de as transferirem entre anos) e deficiências nos mecanismos de controlo interno. Ao todo o Tribunal formulou 75 recomendações à Assembleia da Republica e ao Governo. Vítor Caldeira nota que "na maioria [estas recomendações são] reiteradas face aos pareceres anteriores", mas nota também que houve "uma melhoria no acolhimento das recomendações formuladas em exercícios precedentes: 63% das 95 recomendações formuladas relativamente ao exercício de 2014 foram acolhidas total ou parcialmente".
No Parecer à CGE, o Tribunal destaca que o registo das receitas e despesa públicas pelo Estado continua a padecer de vários problemas, desde registos incorrectos de receitas e despesas (há por exemplo 1.272 milhões de euros de impostos que surgem registados como receitas próprias de organismos ou despesas pagas para contas dos próprios serviços com o objectivo de as transferirem entre anos) e deficiências nos mecanismos de controlo interno. Ao todo o Tribunal formulou 75 recomendações à Assembleia da Republica e ao Governo. Vítor Caldeira nota que "na maioria [estas recomendações são] reiteradas face aos pareceres anteriores", mas nota também que houve "uma melhoria no acolhimento das recomendações formuladas em exercícios precedentes: 63% das 95 recomendações formuladas relativamente ao exercício de 2014 foram acolhidas total ou parcialmente".
O
Tribunal aproveita ainda o parecer para deixar um alerta quanto aos
atrasos nos trabalhos do Ministério das Finanças com vista a garantir a
implementação de um novo sistema contabilístico no Estado (aprovado pela
Lei de Enquadramento Orçamental - LEO - de 2015), planeado para entrar
em vigor já no início de 2018, e que deverá dotar o Estado de
demonstrações financeiras e balanços, que potenciem a capacidade de
gestão do património público.
Sem medidas adicionais, estas
metas estão em risco, avisa o TdC, que admite que o Orçamento de 2019
possa ainda não respeitar o novo Sistema de Normalização Contabilística,
o que impossibilitaria uma certificação das contas nesse referencial,
como planeado na LEO.
O Tribunal de Contas evidencia no seu
parecer a existência de constrangimentos na implementação deste
novo sistema. "Caso não sejam tomadas acções reforçadas, está também em
risco a elaboração das demonstrações financeira da CGE de 2019 de acordo
com o novo sistema, o que pode inviabilizar a respectiva certificação
pelo Tribunal", afirmou Vítor Caldeira.
* Ora aqui está um alerta fundamentado e competente.
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