29/12/2017

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HOJE  NO
"OBSERVADOR"


Mulheres indianas presas em ashrams
 são tratadas “pior do que animais”

Mais de 250 mulheres e 48 crianças indianas foram encontradas a viver em propriedades confinadas, sob a organização religiosa Adhyatmik Vishwa Vidyalaya (AVV). São tratadas "pior do que animais".

Foram encontradas 21 mulheres indianas e crianças a viverem no complexo Mohan Garden, no sábado passado, no oeste de Nova Deli, naquilo que parecia ser uma “universidade espiritual”. As autoridades acreditam que, pelo menos, cinco eram menores.
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Já na semana passada, segundo o jornal The Guardian, tinham sido feitas buscas em propriedades ligadas à mesma organização religiosa — Adhyatmik Vishwa Vidyalaya (AVV) –, tendo sido encontradas perto de 250 mulheres e 48 meninas confinadas a um espaço protegido por várias ‘camadas’ de portões fechados.

As autoridades afirmaram que várias mulheres pareciam drogadas, tendo encontrado seringas e medicamentos nos sítios onde elas estavam. A maior parte das mulheres recusou sair das residências, sendo que as menores foram levadas para casas de acolhimento, mas não estão a dar grandes informações sobre o que está a ocorrer.

Perguntamos de onde são, elas não sabem dizer. Perguntamos a moradas dos pais, elas não têm. Perguntamos há quanto tempo lá estão, dão respostas dúbias”, afirmou Swati Maliwal, Comissária da cidade para as mulheres.

Ashrams e o poder dos líderes espirituais
Os chamados ashrams, locais onde, na antiga Índia, os hindus viviam em tranquilidade, rodeados pela natureza, dizem hoje respeito a uma comunidade que tem o intuito de promover a evolução espiritual dos seus membros e que é orientada por um líder religioso. Foi nestes locais que as mulheres foram encontradas.

Os líderes aconselham muitos indianos em questões que vão desde conselhos morais à escolha de um carro novo, por exemplo. Mas as buscas feitas nos últimos tempos vieram dar conta do poder, não controlado, exercido por eles.

No centro da organização que detém estas mulheres, está Virendra Dev Dixit, acusado de assédio sexual em 1998, e que atualmente está a ser procurado pela polícia.

O grupo AVV diz ser fundamentalista do movimento espiritual indiano, Brahma Kumaris, que tem com cerca de 800 mil seguidores em todo o globo, mas há algumas décadas que a entidade não governamental Brahma Kumaris despromoveu Dixit e rejeitou as suas crenças.

Muitas famílias têm-se vindo a queixar de que perdem as suas filhas para a organização de Dixit, mas nunca receberam grande atenção, até agora, quando o Supremo Tribunal lançou um processo contra o grupo.

Mulheres mantidas em condições “piores do que animais”
As investigações relacionadas com este caso iniciaram-se depois do desaparecimento de uma mulher de 24 anos de uma cidade perto de Jaipur, no estado de Rajasthan. A família diz que, inicialmente, a jovem se envolveu em eventos de ioga e meditação organizados pelo Brahma Kumaris. Contudo, os mais próximos dizem que, ao longo dos anos, ela ficou mais próxima dos membros do grupo de Dixit. 

No mês passado, a mulher entrou numa esquadra da polícia e afirmou que estava a juntar-se ao AVV por vontade própria. Logo depois, a mulher desapareceu tendo sido encontrada, mais tarde, num grande ashram em Rohini, uma vizinhança no noroeste da capital. Ao tribunal, a família contou que a foi encontrar num estado de anestesia, e que tiveram de passar sete ‘camadas’ de portões para chegarem até ela.

Depois de esta história ter sido noticiada, outras famílias que procuravam as suas filhas há anos acusaram Dixit de ter agredido sexualmente várias mulheres e crianças, dizendo que ele as mantinha em condições “piores do que os animais”. Um porta-voz da AVV recusou comentar, mas disse que as residentes ficam por sua própria vontade nos ashrams e que são bem tratadas.

* Quando estivemos na Índia disseram-nos que estávamos na maior democracia do mundo, não acreditámos.

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