A VERDADEIRA HISTÓRIA
DA SENHA DO 25 DE ABRIL
Era meia-noite, 20 minutos, 19 segundos
Texto de Carlos Albino
Passaram 25 anos desde aquele momento em que eu e o
Manuel Tomás nos vimos directamente comprometidos e
cúmplices conscientes na senha para o arranque
simultâneo dos militares que decidiram acabar de uma vez
por todas com uma ditadura que matava o País com uma
morte que não se via.
Durante este tempo todo, os únicos
responsáveis directos pela execução e transmissão da
senha têm assistido ao mais lamentável desfile de vaidades
por parte de gente e até de forças políticas que
indevidamente têm querido apropriar-se desse gesto. E o
que é mais lamentável é que, tendo este País tantos
historiadores, quase nenhum destes quis acertar com a
verdade sobre factos recentes e autores vivos.Em matéria de senhas do 25 de Abril, tem
havido para cada um a sua senha.
Otelo é que, no fundamental, tem dito sempre a verdade no seu legítimo ponto de vista de comandante operacional do 25 de Abril. E, diga-se, também pouco mais interessará do que esse ponto de vista, pelo que os responsáveis efectivos pela execução e transmissão da senha jamais ao longo destes anos tentaram meter-se ou insinuar-se nessa área em que Otelo fala por direito próprio, como também, depois que foi comunicada e confirmada em definitivo a senha escolhida pelo Movimento, jamais incomodaram os militares operacionais com questões que apenas passaram a fazer parte da responsabilidade de quem, independentemente do risco (ao lado do local da emissão da senha estava o Governo Civil, pejado de polícia de choque, e em linha de vista a própria sede da PIDE), assumiu o firme compromisso de a transmitir e no momento exacto. Foi o que aconteceu e também isto foi importante.
Otelo é que, no fundamental, tem dito sempre a verdade no seu legítimo ponto de vista de comandante operacional do 25 de Abril. E, diga-se, também pouco mais interessará do que esse ponto de vista, pelo que os responsáveis efectivos pela execução e transmissão da senha jamais ao longo destes anos tentaram meter-se ou insinuar-se nessa área em que Otelo fala por direito próprio, como também, depois que foi comunicada e confirmada em definitivo a senha escolhida pelo Movimento, jamais incomodaram os militares operacionais com questões que apenas passaram a fazer parte da responsabilidade de quem, independentemente do risco (ao lado do local da emissão da senha estava o Governo Civil, pejado de polícia de choque, e em linha de vista a própria sede da PIDE), assumiu o firme compromisso de a transmitir e no momento exacto. Foi o que aconteceu e também isto foi importante.
Ora, a partir do momento em que ficou assente que para o arranque do movimento militar
seria necessária uma senha transmitida através de uma estação de rádio com efectiva
cobertura nacional, as escolhas não eram muitas.
Uma das escolhas seria o Rádio Clube Português, que haveria de ser pensado para posto de comando do Movimento após ocupação militar das instalações, e transmitir previamente uma senha por aí seria uma imprudência de toda a ordem.
Uma das escolhas seria o Rádio Clube Português, que haveria de ser pensado para posto de comando do Movimento após ocupação militar das instalações, e transmitir previamente uma senha por aí seria uma imprudência de toda a ordem.
Outra escolha possível seria a antiga Emissora Nacional, mas não se via lá
dentro alguém com capacidade de intervenção e iniciativa para actuar àquela hora ou mesmo
a qualquer outra hora, pois os democratas nessa altura não abundavam por lá.
Restava a
Rádio Renascença e dentro desta o "Limite", um programa independente que, pelo aluguer de
instalações e antenas para as suas emissões, pagava por mês o equivalente em moeda actual a
4500 contos.
O programa, à data da preparação final do movimento militar, tinha no núcleo duro dos seus
decisores Marcel de Almeida (um amigo de longa data de Melo Antunes), Leite Vasconcelos
e Manuel Tomás (vindos de Moçambique com indesmentivel currículo de democratas) e o
signatário.
Como não acontecia com qualquer outro programa de rádio, o "Limite", que era transmitido em directo, era alvo de duas censuras: uma que era a da própria Rádio Renascença e a outra a oficial, exercida por um coronel cujo nome neste momento não me ocorre mas de que conservo as garatujas de assinatura, instalado na Renascença exclusivamente para actuar sobre o "Limite" (por tanto recebia o equivalente hoje a 300 mil escudos, quantia obtida através do aumento do aluguer das antenas ao "Limite" - ou seja, o programa pagava indirectamente ao seu próprio censor...
Como não acontecia com qualquer outro programa de rádio, o "Limite", que era transmitido em directo, era alvo de duas censuras: uma que era a da própria Rádio Renascença e a outra a oficial, exercida por um coronel cujo nome neste momento não me ocorre mas de que conservo as garatujas de assinatura, instalado na Renascença exclusivamente para actuar sobre o "Limite" (por tanto recebia o equivalente hoje a 300 mil escudos, quantia obtida através do aumento do aluguer das antenas ao "Limite" - ou seja, o programa pagava indirectamente ao seu próprio censor...
E quanto aos célebres Emissores Associados de Lisboa, o que era isso? Essa rede de fracos
emissores mal se ouvia em Lisboa (nas zonas baixas da cidade a sintonia era impossível).
Seria impensável a transmissão de uma senha para todo o País através dos Associados. O
sinal que consistiu em 'E depois do Adeus' serviu e bem como primeiro toque para uns poucos
operacionais e, diga-se já agora, serviu também para quem no "Limite" estava com aviso.
Mas por aí houve uma fase em que toda a gente corria para as senhas de Abril, para os
símbolos de Abril, para as condecorações de Abril, para os heróis de Abril, e no meio de
tanta distracção chegou a dizer-se que o sinal dos Associados serviu para todo o País, pouco
faltando para se garantir que quando o Paulo de Carvalho apresentou tal canção para o
concurso televisivo já o tinha feito a pensar no MFA, na noite do 25 de Abril, na libertação
dos presos políticos, no fim da censura e no termo da guerra colonial. Que José Afonso assim
já pensasse (e de há muito) quando escreveu, cantou e gravou a Grândola, não duvido.
Mas devo dizer, agora que passaram 25 anos e no que está relacionado com o que me
pediram, que apenas dois civis tiveram conhecimento do processo que culminaria com a
senha do 25 de Abril: Manuel Tomás e quem dá testemunho nestas linhas.
Álvaro Guerra foi
um precioso elemento de ligação e naturalmente que não foi ouvido nem achado para a
execução da senha; Leite Vasconcelos, que no seu dia de folga deu a sua voz a tudo o que
tinha que ser dito nos exactos 11 minutos de duração do bloco previamente submetido às
censuras; o estagiário de locução que estava na cabine (não quero dizer o nome antes que o
encontre porque é um dos que têm andado para aí a mentir) estava longe de imaginar o que se
iria passar e nada justificava que se lhe dissesse o que estava em jogo; a regência de estúdios
onde em todo o caso poderia ser interrompida a emissão caso tivesse ocorrido alguma
denúncia, estava debaixo de olho. Mas, acima de tudo, devo aqui testemunhar que o Manuel
Tomás, para além de uma lealdade total, foi uma peça-chave para o êxito da pequena coisa
que foi pedida - a senha.
A caminho do limite
22 de Março. Informação inicial sobre a inevitabilidade de uma senha por rádio com efectiva
cobertura nacional para o arranque dos quartéis.
29 de Março. Ensaio no Coliseu (festival da Casa da Imprensa) sobre a aceitação de Grândola. O festival foi gravado e transmitido em diferido pelo Limite.
23 de Abril, fim de manhã. Álvaro Guerra é o elemento de ligação com Carlos Albino, a
quem pede a transmissão da canção 'Venham mais Cinco' no Limite de 25 de Abril.
Carlos
Albino pede a Álvaro Guerra para devolver a resposta de que tal canção estava proibida pela
censura interna da Renascença embora a censura oficial a tolerasse. Sugeridas alternativas,
entre as quais Grândola.
24 de Abril, 10 horas. Álvaro Guerra novamente serve de elo de ligação de Almada
3
Contreiras com Carlos Albino, a quem comunica a escolha definitiva de Grândola Vila
Morena como senha para o movimento militar. Carlos Albino garante a transmissão.
24 de Abril, 11 horas. Carlos Albino adquire na então Livraria Opinião, a Madeira Luís, o
disco "Cantigas de Maio" para garantia. Desde Dezembro de 1973, havia indícios de que a
PIDE preparava o assalto dos escritórios do Limite, na Praça de Alvalade.
24 de Abril, 15 horas. Encontro decisivo com Manuel Tomás, para a execução da senha e
garantia de transmissão face às duas censuras que o Limite enfrentava: a da Rádio
Renascença e a oficial (um coronel que acompanhava as emissões em directo e visava
previamente os textos).
Carlos Albino e Manuel Tomás decidem sair dos estúdios para um
local onde possam prosseguir com segurança o diálogo.
24 de Abril, 15 e 30. Ajoelhados na Igreja de S. João de Brito e simulando rezar, Carlos
Albino e Manuel Tomás combinam todos os pormenores técnicos da senha.
24 de Abril, 17 horas. Leite Vasconcelos (em dia de folga na locução do Limite) é
convocado por Manuel Tomás para "gravar poemas". Carlos Albino escreve textos para
serem visados pelo censor.
24 de Abril, 19 horas. Censor autoriza textos e alinhamento.
24 de Abril, 20 horas. Na Renascença, gravação dos textos por Leite Vasconcelos,
desconhecendo o objectivo.
25 de Abril. Aos 20 minutos e 19 segundos, arranque da fita com a senha. Carlos Albino e
Manuel Tomás retiram-se da Renascença às 3 e 30.
Que vasta galeria de falsos heróis
Texto de Carlos Albino
A senha, com as características com que foi pedida (leitura da
primeira quadra de Grândola, transmissão integral da canção e
repetição da quadra inicial), era à partida de difícil execução e
transmissão num programa que estava debaixo de duas
censuras: uma, relativamente tolerante e até em certos
momentos pactuante, montada pela Renascença, e outra, braço
directo da censura oficial a actuar exclusivamente sobre o
Limite.
É lícito recordar isto, pois não são poucos os que têm
procurado fazer a contrafacção da senha, chegando a pôr em
causa a palavra e a própria dignidade pessoal das duas únicas
pessoas (e não mais) que têm a ver directamente com o caso.
Em todo o caso, a leitura das quadras (independentemente de a
canção de José Afonso ser permitida) e só pelo facto de ser uma leitura suporia sempre
passagem pela censura que chegou a impedir que fizéssemos momentos de silêncio (as
brancas como se diz na gíria da rádio).
Ninguém hoje pode imaginar a dificuldade que era a de fazer rádio em directo como nós, os do Limite, fazíamos. Era aliás a nossa razão de existir na rádio.
Ninguém hoje pode imaginar a dificuldade que era a de fazer rádio em directo como nós, os do Limite, fazíamos. Era aliás a nossa razão de existir na rádio.
Como é que as dificuldades foram contornadas, com a máxima garantia de que a transmissão
da senha não seria interrompida, abortada ou substituída por outro material? Todos os
cuidados eram poucos, pois não se passava só connosco - a PIDE conseguia instalar
informadores em tudo o que fosse sítio. O Limite não poderia ser uma excepção só por ser
Limite.
Como dois a pensar funcionam melhor do que um só, o Manuel Tomás e eu (ajoelhados na
Igreja de S. João de Brito, local fantasticamente protegido para conspiração de tal tamanho,
pois até o facto de o pároco ser então o antípoda dos progressistas ajudava a que o local
obrigasse a PIDE a grandes cuidados), a senha ficou combinada nestes termos: eu escreveria
dois poemas para justificar a chamada a serviço do Leite Vasconcelos, que estava em dia de
folga, os textos seguiriam para o censor, o Manuel Tomás, segundo um alinhamento
combinado, faria a engenharia final da peça, no domínio estético e técnico. Este modo de
actuação não daria grandemente nas vistas: o Limite assentava na sua maior parte sobre
textos poéticos meus lidos sempre, àquele época, pelo Leite de Vasconcelos e trabalhados
também sempre segundo os belíssimos esquemas que somente a sensibilidade artística de
Manuel Tomás conseguia nas circunstâncias em que trabalhávamos.
Assim foi.
O alinhamento foi redigido, em resumo: quadra, canção Grândola, quadra, poema Geografia,
poema Revolução Solar e para finalizar a canção Coro da Primavera.
Os censores (da Renascença e o coronel) viabilizaram os textos sem hesitações: a "geografia"
falava dos rios portugueses e a "revolução solar" falava de planetas e galáxias... Para eles,
isto não tinha "política".
Viabilizados, os textos foram lidos pelo Leite de Vasconcelos e
gravados a seco, sendo pouco depois trabalhados sonoplasticamente pelo Manuel Tomás. O
bloco ficou com 11 minutos, o que era habitual no Limite. Tudo se fez como se tudo fosse o
mais normal.
O que não tem sido normal é o aproveitamento que nestes 25 anos se tem feito
da senha.
Vou esforçar-me para não dizer nomes, pois estamos em época de concórdia, mas recordo
que surgiu um e garantiu que escolheu comigo o disco da senha. Não escolheu nada. Surgiu
outro e garantiu que a senha foi o Depois do Adeus - e bem se viu o triste espectáculo e as
tremendas confusões que fizeram nas comemorações do 25 de Abril que decorreram em
Santarém. Ora isso não foi senha, por amor de Deus!
Outro que nem era do Limite deixou-se filmar para um alegado documentário sobre a senha
que percorreu o Alentejo, sendo aqui recebido como herói. Não era. E outro que até era do
Limite - não resisto a citar Leite de Vasconcelos - deixou-se filmar pelo musicólogo
Fernando Matos Silva para alegada "reconstituição do cenário". Não era. A voz foi dele, mas
ele estava longe do estúdio e mais longe ainda do que a senha significava.
Reportagem no ar sem hesitação
Texto de Carlos Albino
As primeiras reportagens sobre o 25 de Abril e o que estava a acontecer nas ruas da capital,
solicitadas como serviço a Adelino Gomes, a quem foram disponibilizados meios
profissionais adequados, foram transmitidas por responsabilidade do Limite.
Os noticiários da Renascença até 27 de Abril continuaram com reservas sobre a queda da ditadura e ninguém esperava que o MFA fosse ocupar o Rádio Clube Português para mandar fazer reportagens... A Emissora Nacional dava música clássica e quanto aos Emissores Associados, ninguém ouvia nem podia ouvir isto.
Os primeiros debates políticos com intenção deliberadamente pluralista aconteceram no Limite. Mas também todo este sonho acabou no dia 8 de Junho de 1974, após a transmissão da primeira entrevista com Arnaldo Matos (na presença de Fernando Rosas, o historiador deve recordar bem a cena) e depois de terem sido ouvidas personalidades dos mais diversos quadrantes.
A Renascença acabou com o Limite trocando-o pelo efémero "Voz dos Trabalhadores" decidido em plenário, onde também ninguém se solidarizou com as circunstâncias que ditaram o fim do contrato firmado entre o Limite e a Renascença.
Não foi difícil perceber que a colisão frontal entre o Limite e a administração da Renascença de então resultou do facto de se ter usado a estação para a transmissão da senha. Até hoje, ao que se saiba, nunca a estação assumiu como ponto de honra o facto de ter acontecido nessa casa o gesto que significou a mudança radical da vida portuguesa, pois, se o fizesse, dificilmente poderia evitar a alma do Limite que tem todos os motivos para descansar em paz.
Até ao último momento da existência do programa ninguém compreendeu como a Igreja perdeu uma oportunidade excelente para, logo em 1974, sair da sexta-feira pouco santa da ditadura para decididamente entrar no dia de ar livre da ressurreição que começou a ocorrer apenas passados anos, limitada e tardiamente.
Digamos que sobre o Limite caiu uma espécie de maldição impensável e da qual, por certo, nestas páginas de alguma forma se livra tendo sido necessário deixar passar estes 25 anos para que se diga à vontade o que jamais pode ser entendido como defesa de causa própria. Na verdade, algo de fundamental para a Revolução do 25 de Abril faz parte do património disso que hoje é já mera lembrança e simples recordação, mas que para aquela grande parte de uma geração a entrar nos 40, 50 e 60 que não perdeu ou não quis perder a memória, continua a ser a evocação suave de uma deliberada cultura de sensibilidade e da fragrância de um perfume com as possíveis palavras rasgadas nas noites de terror.
Não se está a sugerir o descerramento de uma placa à entrada da Renascença, nem outra coisa qualquer. O que se sugere é que já era altura de a Renascença assumir o Limite como facto importante da sua biografia, como altura é dos historiadores e candidatos a isso serem mais rigorosos e precisos, quanto a nomes, horas e formas. Sobretudo, ouvindo quem fez sobre o que fez.
Os noticiários da Renascença até 27 de Abril continuaram com reservas sobre a queda da ditadura e ninguém esperava que o MFA fosse ocupar o Rádio Clube Português para mandar fazer reportagens... A Emissora Nacional dava música clássica e quanto aos Emissores Associados, ninguém ouvia nem podia ouvir isto.
Os primeiros debates políticos com intenção deliberadamente pluralista aconteceram no Limite. Mas também todo este sonho acabou no dia 8 de Junho de 1974, após a transmissão da primeira entrevista com Arnaldo Matos (na presença de Fernando Rosas, o historiador deve recordar bem a cena) e depois de terem sido ouvidas personalidades dos mais diversos quadrantes.
A Renascença acabou com o Limite trocando-o pelo efémero "Voz dos Trabalhadores" decidido em plenário, onde também ninguém se solidarizou com as circunstâncias que ditaram o fim do contrato firmado entre o Limite e a Renascença.
Não foi difícil perceber que a colisão frontal entre o Limite e a administração da Renascença de então resultou do facto de se ter usado a estação para a transmissão da senha. Até hoje, ao que se saiba, nunca a estação assumiu como ponto de honra o facto de ter acontecido nessa casa o gesto que significou a mudança radical da vida portuguesa, pois, se o fizesse, dificilmente poderia evitar a alma do Limite que tem todos os motivos para descansar em paz.
Até ao último momento da existência do programa ninguém compreendeu como a Igreja perdeu uma oportunidade excelente para, logo em 1974, sair da sexta-feira pouco santa da ditadura para decididamente entrar no dia de ar livre da ressurreição que começou a ocorrer apenas passados anos, limitada e tardiamente.
Digamos que sobre o Limite caiu uma espécie de maldição impensável e da qual, por certo, nestas páginas de alguma forma se livra tendo sido necessário deixar passar estes 25 anos para que se diga à vontade o que jamais pode ser entendido como defesa de causa própria. Na verdade, algo de fundamental para a Revolução do 25 de Abril faz parte do património disso que hoje é já mera lembrança e simples recordação, mas que para aquela grande parte de uma geração a entrar nos 40, 50 e 60 que não perdeu ou não quis perder a memória, continua a ser a evocação suave de uma deliberada cultura de sensibilidade e da fragrância de um perfume com as possíveis palavras rasgadas nas noites de terror.
Não se está a sugerir o descerramento de uma placa à entrada da Renascença, nem outra coisa qualquer. O que se sugere é que já era altura de a Renascença assumir o Limite como facto importante da sua biografia, como altura é dos historiadores e candidatos a isso serem mais rigorosos e precisos, quanto a nomes, horas e formas. Sobretudo, ouvindo quem fez sobre o que fez.
© 1999 Diário de Notícias
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