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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Cáritas de Lisboa justifica
milhões em depósitos bancários
O
presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa, José Frias Gomes, admitiu
esta quinta-feira que instituição tem uma reserva financeira, explicando
que esta se destina a assegurar financiamentos quando os valores dos
donativos não cheguem para as necessidades.
José
Frias Gomes reagia desta forma à notícia divulgada esta quinta-feira
pelo Público, segundo a qual a Cáritas Diocesana de Lisboa tem, pelo
menos há 10 anos, mais de dois milhões de euros em depósitos bancários,
aos quais acrescem cerca de 320 mil euros investidos em obrigações.
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Segundo
o jornal, instituição tem ainda imóveis contabilizados em quase 1,4
milhões de euros e averbou um lucro líquido de 119 mil euros em 2014
(131.007 em 2013).
Em declarações à
agência Lusa, José Frias Gomes afirmou que essa reserva existe, mas que é
de "um valor inferior", que não especificou, remetendo para o último
relatório e contas da instituição, de 2015.
"Temos
alguma reserva para dar apoio ao financiamento de uma instituição que
não é só de dádivas", presta também "muito serviço" à comunidade,
através do centro local de apoio a imigrantes, de uma escola, creche, do
atendimento social e da formação.
Segundo
o Público, a instituição gastou na ajuda aos pobres, em 2014, 147 mil
euros, dos quais apenas 11.314 correspondem a ajudas diretas, enquanto
os donativos particulares recebidos rondaram os 325 mil euros.
Para José Frias Gomes, "as coisas não podem ser expostas de uma maneira tão linear".
"Quando
as pessoas nos dão um cêntimo é evidente que esse cêntimo não pode ser
só revertido numa doação. Esse cêntimo ajuda-nos a suportar os serviços
que prestamos porque da contratualização que temos com o Estado, quer
para a creche, quer para o lar, isso rondará 40% da nossa atividade",
adiantou.
Há 60% que a instituição tem
de angariar através do peditório e da consignação do IRS. Este
financiamento "não vem de outro lado, é o que as pessoas nos derem. Se
não nos dão nós não temos".
"Daí a
preocupação de termos alguma margem financeira porque não sabemos o dia
de amanhã e temos responsabilidades quer para aquelas pessoas que
necessitam dos nossos serviços quer para os 50 trabalhadores",
sublinhou.
José Frias Gomes salientou
ainda que as contas da instituição são "absolutamente escrutinados" e
estão expostas no site da instituição, através dos relatórios anuais e
mensais.
"Estamos certificados pela
qualidade de acordo com a norma europeia 9001 de 2008 para as valências
principais, nomeadamente creches, lar e atendimento social",
acrescentou.
Sobre as discrepâncias dos
números divulgados pelo jornal, disse que podem estar relacionados "com
a leitura das rubricas contabilísticas" que o jornalista "leu ou alguém
lhe leu".
O jornal noticia ainda que o
Ministério Público abriu um inquérito em janeiro na sequência de
denúncias que apontam para a prática do crime de burla qualificada,
entre outros.
José Frias Gomes disse
que tomou conhecimento deste inquérito na quarta-feira, através do
jornal, e que já pediu esclarecimentos junto da Procuradoria-Geral da
República.
"Neste momento, o que posso
dizer é que os nossos advogados contactaram as instâncias judiciais a
perguntar se existe alguma coisa e se existe se podemos ter acesso ao
processo", frisou.
Contactada pela
Lusa, a Cáritas Portuguesa afirmou, numa resposta escrita, que as 20
Cáritas Diocesanas existentes no país têm "autonomia jurídica, canónica e
financeira, estabelecendo as suas prioridades e agindo em função
delas".
As Caritas Diocesanas dependem
dos "respetivos bispos, e inúmeros grupos locais que atuam em
proximidade, nas paróquias e comunidades", refere a instituição
católica.
* As Cáritas Diocesanas cheiram a "bispo", é um esturrozinho com finesse.
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* As Cáritas Diocesanas cheiram a "bispo", é um esturrozinho com finesse.
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