Quem tem medo de mudar
a Europa a partir do Sul?
Entendamo-nos. Passos Coelho foi primeiro-ministro de Portugal
durante quatro anos de crise em que nunca teve mais estratégia europeia
do que falar com a Alemanha. Sempre se recusou a aceitar que seria
possível coordenar posições com os países do Sul. Deu ordens expressas à
representação portuguesa na UE para não fazer nada com os gregos.
Ajudou a agravar o discurso de segregação entre os países que mais
sofreram com a crise. Tudo péssimas escolhas, mas era primeiro-ministro e
tinha o direito de as fazer.
Aquilo que Passos não pode fazer, aquilo que é irresponsável e
indigno do pin com a bandeira que usa na lapela, é destratar uma cimeira
organizada por Portugal e em Portugal, com sete países da UE, como um
“grupinho” (em declarações de que soube há pouco via SIC).
Toda a faixa Sul da União Europeia um grupinho? Um terço da zona euro
em Lisboa, um grupinho? Dois países fundadores da UE, como a França e a
Itália, um grupinho? E quando reunem Portugal e Espanha em cimeiras
ibéricas, é um grupito?
Ao tratar assim uma parte da estratégia do seu país na União
Europeia, Passos desqualifica-se como candidato a primeiro-ministro. E
ridiculariza-se como ex-homem de estado que não sabe encarar com
dignidade a passagem de testemunho.
IN "GERINGONÇA"
29/01/17
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