Picante Malcriado
É o nome da empresa que Joana e mais três
amigos criaram em Vila Real. Produz e comercializa picantes naturais que
registam sinais de franca aceitação por parte de distribuidores e chefs
nacionais. Foi já distinguida com dois prémios enquanto "projeto
inovador".
Como "Uma chapada na cara" -
o efeito anunciado dos picantes à mesa - o discurso desta jovem
empresária acordou a assembleia que em Vila Real, esta segunda-feira se
reuniu para discutir o problema do interior genericamente apelidado de
"despovoamento".
Joana disse tudo com a
voz fresca de quem ainda tem a certeza de que podemos fazer coisas boas
e novas, apesar do interior e dos políticos:
1. Os governantes escusam de pedir investimento de fora enquanto não conhecerem o que está à porta a querer entrar.
2.
As empresas, estejam aonde estiverem, têm de comunicar. Ora em Vila
Real, segundo Joana, por cada mil euros uma empresa investe 65 cêntimos,
no Porto 1,75 e em Lisboa 4 euros. Ou seja, não há milagres.
3.
Por último quem tem centralmente ou regionalmente a responsabilidade de
promover o território, ajudando assim a projetar o que de bom lá se
faz, tem de ter consciência do que realmente é esse território. E deu
como exemplo o genérico que promovia aquele "Prós e contras": "Idosos e
gado não são tudo o que há por cá. Quando é que se lembram que também há
gente nova e que a par da agricultura tradicional por aqui se faz
agroindústria moderna e rentável?".
Do
lado dos participantes convidados, só lhe encontrei igual no moderador,
que imprimiu um excelente ritmo ao programa, e no presidente da Câmara
da Guarda.
Álvaro Amaro tentou
desencadear uma discussão em cima de questões concretas. Propôs numerus
clausus que discriminassem positivamente as escolas superiores do
interior, uma política fiscal verdadeiramente ousada, ou seja, 0% de IRC
durante um período para quem se quisesse instalar de novo nestas zonas
"de baixa densidade e alto potencial", como gosta de lhes chamar e ainda
uma análise cuidada da implantação da administração do estado no
território.
Esta lucidez de quem, do
lado público, percebe a urgência em atacar o problema e, sobretudo, em
encontrar a ponta do novelo por onde começar é imperiosa sob pena de o
peso ser demasiado para todos os jovens empresários que tentam fazer o
seu trabalho fora do Porto e de Lisboa.
Nem à força de malaguetas!
*ANALISTA FINANCEIRA
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
23/02/17
.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
23/02/17
Sem comentários:
Enviar um comentário