HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Doenças oncológicas podiam
ser resolvidas rapidamente
com aposta na prevenção
As doenças oncológicas poderiam ser evitadas ou tratadas
precocemente se houvesse uma aposta na medicina preventiva, o que se
traduziria numa poupança de milhões de euros, disse o diretor do Serviço
de Urologia do Centro Hospitalar de Leiria.
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Segundo o especialista, muitos cancros poderiam ser travados logo no
seu início, através de tratamentos mais simples, poupando muito dinheiro
ao Serviço Nacional de Saúde.
"Temos uma visão curta no que se refere à medicina. Vamos apostar na
medicina preventiva, com menos custos, sem IPO [instituto português de
oncologia] cheios, com doentes à espera de seis meses para cirurgia. Não
é com tratamento curativo, que tem custos económicos e sofrimento
enormes, que se poupa”, disse à agência Lusa.
José Garcia falava a propósito das I Jornadas de Urologia, que
decorrem hoje no hospital de Santo André, em Leiria, como forma de
"sentar à mesma mesa" médicos da medicina familiar e especialistas,
"alterar mentalidades" e "alertar para o diagnóstico precoce".
José Garcia alertou para a necessidade de recorrer aos meios
complementares de diagnóstico existentes, como ecografias e análises de
rotina, nomeadamente ao PSA, marcador que poderá indicar presença do
cancro da próstata, que "saem mais barato do que os tratamentos
oncológicos e fármacos são caríssimos".
"Podemos intervir de imediato e eliminar qualquer 'grãozinho' que esteja a começar a crescer", reforçou.
Considerando que o cancro da próstata é "uma praga", José Garcia
acusa os homens de "ignorantes", pois "continuam a não quer saber porque
é que há mais viúvas que os viúvos", referindo-se à pouca adesão aos
rastreios.
O médico alertou ainda quem tem fatores hereditários a ter uma
"vigilância precoce" e considerou que o tabaco "é um dos piores
inimigos".
José Garcia revelou que as patologias do foro urológico estão
presentes em todas fases etárias. Nas crianças são mais comuns a
distrofia vesical, síndrome de barragem infra-vesical condicionada por
valvas posteriores, refluxo vesico-uretérico e o escroto agudo (torção
do testículo, cordão espermático).
A partir dos 16 anos até à idade adulta surgem as infeções do trato
urinário, DST (doenças sexualmente transmissíveis) e litíases urinárias.
A maior incidência do tumor do rim surge a partir dos 30 a 40 anos.
José Garcia frisou também que o avanço da medicina na área da
urologia tem sido grande. "Antes, as pessoas perdiam um rim por causa de
uma pedra. Nos anos 1990, o hospital de Leiria introduziu uma técnica a
litotrícia intercorpórea. Continua a ser uma grande cirurgia, mas
aproveitamos as vias naturais para fazer a intervenção, sem via aberta.
Em 24 horas, a pessoa vai para casa".
"Em 2000, avançámos para a cirurgia extracorpórea, através do choque
laser. Não é preciso ir ao bloco, não anestesia. Dispensa recursos
humanos, ocupação de camas do hospital e permite ao utente ir para casa
pouco depois", informou.
As intervenções são cada vez menos invasivas, "com um pós-operatório espetacular e internamento curto".
"Temos vindo a crescer em Leiria e com muito orgulho. Leiria tem
capacidade e condições para assumir estas intervenções", rematou José
Garcia.
* Obrigado a este médico pelo excelente alerta.
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