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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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SEF legalizou à margem da lei
milhares de imigrantes
milhares de imigrantes
O ex-diretor do SEF isentou de visto de entrada, exigido pela lei, os imigrantes que alegaram estar a trabalhar em Portugal
O
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) autorizou em 2015 a
regularização de milhares de imigrantes ilegais - podem chegar aos cinco
mil, mas o SEF ainda está a apurar o número certo - através de um
despacho interno que violou a lei em vigor. O ex-diretor nacional
António Beça Pereira, um juiz-desembargador nomeado pelo governo
PSD/CDS, decidiu isentar o visto de entrada em Portugal ou no espaço
Shengen, exigido na Lei de Estrangeiros, os imigrantes que provassem
estar a trabalhar no nosso país há mais de um ano. Esta medida altamente
irregular provocou uma onda de imigração ilegal em direção a Portugal.
Nesse ano, de acordo com dados oficiais do SEF, deram entrada 12 200
pedidos de autorização de residência (mais do dobro dos anos
anteriores), boa parte pela mão de redes criminosas que se aproveitaram
da oportunidade única no espaço europeu para legalizar as suas
"vítimas", através de contratos de trabalho simulados, para depois
explorarem.
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João Almeida, dirigente do
CDS e ex-secretário de Estado da Administração Interna que tutelava o
SEF nessa altura, garante não ter sido informado pelo seu ex-diretor da
decisão. "Não tive conhecimento de nenhum despacho, orientação ou
instrução nesse sentido. A lei é clara nessa matéria e não há razão para
ser aplicada de maneira diferente", assinala. Não quis, no entanto,
partilhar a sua opinião sobre como foi possível um serviço policial
violar a lei durante, pelo menos um ano, com envolvimento de dirigentes e
funcionários que instruíram os processos à margem da legislação. "Não
vou especular", limitou-se a reagir.
Em
causa está o artigo 88.º, alínea 2, da Lei de Estrangeiros, que permite
excecionalmente a concessão de autorização de residência a imigrantes
integrados no mercado de trabalho. Logo que constatou o escândalo que
tinha herdado, a atual Diretora do SEF, que tomou posse no início do
ano, emitiu um despacho (em março) a "repor a legalidade", conforme
confirmou ao DN este serviço de segurança. "O requisito de entrada legal
foi desaplicado durante o ano de 2015", é reconhecido. Ou seja, o que o
legislador quis evitar ao impor o visto de entrada, que era, segundo
explica o SEF, "que Portugal fosse apenas e só utilizado como uma
plataforma de regularização de cidadãos estrangeiros que efetivamente
vivem e trabalham noutros países da União Europeia", foi liminarmente
ignorado pelo magistrado que liderava aquela polícia.
O
grande problema é que dos mais de 12 mil pedidos que tinham dado
entrada no ano passado terão sido autorizados, fora da lei, mais de
metade deles, sabe o DN, sendo que a maior parte desses imigrantes já
nem se encontra em Portugal. O SEF não facultou números certos das
autorizações concedidas sem o visto, mas estão a ser avaliadas questões
de segurança. Haverá neste momento em análise cerca de quatro mil
requerimentos. A maioria destes imigrantes são de origem indostânica
(Índia, Bangladesh e Paquistão) consideradas nacionalidades de risco.
Lojas de telemóveis, restaurantes, mini-mercados, cujo boom tem sido
visível, podem estar a ser utilizados como base para as falsas
contratações.
"Se alguma destas pessoas
se envolver num atentado terrorista ou num crime violento no espaço
europeu, que explicação vai dar Portugal aos seus parceiros do facto de
essa pessoa ter uma autorização de residência à margem da lei? ",
questiona uma fonte policial a quem o DN relatou a situação.
O
SEF desvaloriza este risco e alega que "controla e fiscaliza a
permanência e atividade dos cidadãos estrangeiros, tendo em vista não só
razões de segurança, mas também para se confirmar as efetivas relações
laborais". Não responde se informou os parceiros europeus nem se vai
revogar as autorizações de residência concedidas à margem da lei. Ainda
assim admite reavaliar caso a caso: "todas as situações são suscetíveis
de serem analisadas em sede de renovação de Autorização de Residência de
forma justa e equilibrada", salienta.
O
despacho da atual diretora do SEF, Luísa Maia Gonçalves, tem sido alvo
de contestação das associações de imigrantes (ver entrevista) e do Bloco
de Esquerda (BE) que tinham aplaudido a regularização extraordinária
facilitada pelo anterior diretor. "Este despacho impede a esmagadora
maioria dos imigrantes de concluir os seus processos, mesmo que já
tenham dado entrada aos mesmos, uma vez que impõe a retroatividade. A
maior parte já está cá há trabalhar há muitos anos mas não entrou
legalmente e não se pode voltar atrás no tempo", sustenta a deputada
bloquista, Sandra Cunha.
Mas o SEF, que
tem uma especial preocupação com as redes criminosas e responsabilidade
na segurança do território nacional e europeu, diz que "é infundada a
impossibilidade de regularização de cidadãos estrangeiros que tem com
frequência vindo a público". Desde o despacho de março, foram
regularizadas dentro da lei, "mais de 900 cidadãos estrangeiros", com
base nesse artigo. E desde 2007, um total de 80 mil imigrantes também
receberam os seus títulos cumprindo as regras deste diploma. "O que
efetivamente se tornou mais difícil foi a regularização de cidadãos que
vivem ilegalmente noutros países do espaço Schengen e que eram trazidos a
Portugal por redes criminosas só para obterem uma autorização de
residência, problema que desde o início o legislador sempre pretendeu
evitar. Ao mesmo tempo estes cidadãos são explorados por estas redes em
sede de angariação de mão-de-obra ilegal e tráfico de seres humanos em
condições de quase escravatura".
O SEF
frisa, porém, que tendo em conta "as expectativas criadas" em 2015,
invocadas pelas associações de imigrantes, a diretora nacional fez, já
este mês, no dia quatro (um dia depois da manifestação dos imigrantes),
um novo despacho a dizer que todos os casos a quem foram rejeitadas
autorizações de residência, desde março, pelo exclusivo motivo de falta
de visto, "possam ser, a título excecional, objeto de reapreciação
casuística, com dispensa daquele requisito".
Não
foi possível contactar Beça Pereira, cujo telemóvel estava desligado.
Os seus ex-diretores nacionais adjuntos, quadros superiores do SEF,
também não quiseram comentar. Luís Gouveia alegou estar "de férias em
Itália" e Francisco Van der Kellen remeteu as explicações para a atual
direção.
* Claro que não custa acreditar que o sr. João Almeida de nada sabia já que sempre demonstrou não saber de coisa nenhuma a não ser bajular, tarefa em que é expert.. Mas para além desta "incompetência parda" o governo PSD/CDS foi um antro de nulidades, custa-nos saber que a professora Anabela Rodrigues, senhora séria e inteligente tenha integrado aquele governo em substituição do sr. 7%.
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