HOJE NO
"RECORD"
Mustafá aponta Pereira Cristóvão
como mentor de assaltos a residências
O líder da claque leonina Juve Leo, Nuno Vieira Mendes, conhecido por
Mustafá, apontou esta quarta-feira em tribunal o antigo inspetor da
Polícia Judiciária Paulo Pereira Cristóvão como o mentor dos assaltos a
duas residências, em Cascais e Lisboa.
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Pereira Cristóvão, também
antigo vice-presidente do Sporting, Mustafá e outros 16 arguidos
começaram esta quarta-feira a ser julgados em Lisboa por associação
criminosa, roubo, sequestro, posse de arma proibida, abuso de poder e
falsificação de documento, num caso relacionado com assaltos violentos a
residências, na zona de Lisboa e na margem sul do rio Tejo.
Perante
o coletivo de juízes, o líder da claque leonina disse que foi Paulo
Pereira Cristóvão quem o contactou para pedir que "falasse com umas
pessoas" para cobrar uma dívida, tendo relatado ao tribunal o assalto
realizado à casa de um empresário, em Cascais, a 27 de fevereiro de
2014, na qual estariam, segundo o ex-dirigente do Sporting, um milhão de
euros.
O assalto terá rendido apenas 80.000 euros: metade ficou para Pereira Cristóvão; Mustafá e um seu meio-irmão ficaram com 10.000 euros cada um, enquanto os outros quatro arguidos, dois deles agentes da Polícia de Segurança Pública, receberem 20.000 euros.
O segundo assalto ocorreu menos de dois meses depois, a uma residência, em Lisboa, de uma pessoa ligada a um banco, que teria entre três e quatro milhões de euros no soalho, de acordo com informação transmitida por Pereira Cristóvão ao líder da claque leonina.
Contudo, os arguidos acabaram por não encontrar nenhum dinheiro nesta residência.
Mustafá relatou que, em ambos as situações, ele, um seu meio-irmão e Pereira Cristóvão aguardaram num carro, enquanto os outros quatro arguidos, munidos de falsos mandados de busca e passando-se por polícias, subiram às residências e materializaram os assaltos.
"Estou completamente arrependido. Nunca pensei que isto desse o que deu", afirmou Mustafá, acrescentando que Pereira Cristóvão, após o fracasso do assalto à residência de Lisboa - que agravou ainda o mal-estar sentido dentro do grupo -, ainda lhe tentou falar de uma terceira situação de cobrança de dívida, no Algarve.
"Mas nem quis ouvir. Nunca mais falei com ele, afastei-me completamente e saí fora desta situação [assaltos], que não era para mim", afirmou o dirigente associativo, apesar de admitir que se sentia "em dívida" para com o antigo vice-presidente do Sporting, que sempre o ajudou enquanto ocupou este cargo.
A seguir, foi interrogado Mário Hugo, conhecido por Vítor Hugo, contactado pelo meio-irmão de Mustafá para "arranjar" os executantes, que assumiu a "arquitetura" do plano para a atuação dos arguidos que entraram nas residências, os quais foram escolhidos por ele.
"Como vi na televisão que havia pessoas a passearem por empregados das finanças para ir às casas das pessoas, pensei em nos vestirmos de polícias e fazer umas falsas buscas", contou o arguido, sublinhando que nunca foram usadas armas nem violência, apenas o "teatro" que tinha de ser feito numa busca policial.
Vítor Hugo disse que ficou "chateado" pelos assaltos não terem resultado na obtenção do dinheiro indicado por Pereira Cristóvão, uma vez que "ninguém trabalha de borla", mas admitiu estar arrependido.
Este arguido, que já cumpriu 10 anos de prisão por assaltos e outros crimes, confessou ainda o envolvimento em mais três situações de assalto - por iniciativa própria - em Lisboa e na margem sul do Tejo, duas das quais contaram com a participação dos dois polícias.
A próxima sessão ficou agendada para 22 de junho.
Segundo a acusação, a que a agência Lusa teve acesso, Pereira Cristóvão, dois outros arguidos e três polícias recolhiam informações e decidiam quais as pessoas e locais a assaltar pelo grupo.
* Uma tristeza o clube do nosso coração ter dirigentes deste calibre.
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