18/06/2016

.
HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"


Rio de Janeiro falido decreta calamidade pública para realizar Jogos Olímpicos

Governo estadual pede ajuda ao Estado federal para conseguir pagar Jogos Olímpicos, que arrancam em agosto, e garantir serviços públicos básicos à população

Sem dinheiro do Estado federal, não vai ter Jogos Olímpicos. O Estado do Rio de Janeiro foi forçado a decretar ontem "estado de calamidade pública "de forma conseguir cumprir as suas funções sociais e garantir que há condições para a realização do maior evento desportivo do mundo.
.

O governador em exercício do Estado do Rio de Janeiro, Francico Dornelles, assume uma "grave crise financeira", que levou a que os cofres estaduais ficassem ainda mais vazios. Perante esta situação, Dornelles teme um "total colapso na segurança pública, na saúde, na educação, na mobilidade e na gestão ambiental".

Ao decretar o estado de calamidade pública o Rio de Janeiro passa a estar autorizado a contrair empréstimos e a pedir dinheiro ao Estado federal. O dinheiro do Estado central estará garantido já que numa recente visita à cidade o presidente interino, Michel Temer, prometeu que o seu executivo não falhará com as obrigações necessárias a que o evento ocorra sem problemas.

No decreto, Francisco Dornelles faz uma radiografia à "grave crise económica que assola o Estado", começando pela "queda na arrecadação, principalmente a observada no ICMS [imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual] e nos royalties e participações especiais do petróleo".

O mesmo documento garante que antes desta opção extrema foram realizados "todos os esforços de reprogramação financeira (...)para ajustar as contas estaduais."

A crise, garante Dornelles, tem nos últimos meses "impedido o Estado do Rio de Janeiro de honrar com os seus compromissos para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016". O governador estadual lembrou que já em junho vão começar a chegar delegações à cidade e são precisas condições para acomodar os atletas. O evento, recorde-se, começa a 5 de agosto.

Há também preocupações com a imagem externa do Brasil. Como justificação é assim apresentado o facto de um evento como os Jogos Olímpicos ter uma "importância e repercussão mundiais, onde qualquer desestabilização institucional implicará um risco à imagem do país de dificílima recuperação".

Os Jogos Olímpicos ainda agravaram uma situação que já era complicada. Daí que, na mesma análise, Dornelles explique o Estado tem vindo a atravessar "severas dificuldades na prestação dos serviços públicos essenciais", o que "pode ocasionar ainda o total colapso" nas funções essenciais que tem de garantir. Tudo isto, acredita o governador, iria afetar "sobremaneira a população do Estado do Rio de Janeiro".

Em entrevista à Globo publicada ontem, o secretário da Fazenda (uma espécie de ministro das Finanças estadual), Julio Bueno, apontou uma previsão de défice do Estado federal para este ano de 19 biliões de reais, o que corresponde a quase 4,9 mil milhões de euros.

O próprio Bueno admitia que "se fosse uma empresa, a primeira coisa que faria era uma recuperação judicial", apelando ao apoio do governo federal.

A "recuperação judicial" é normalmente utilizada pelo setor privado para evitar a falência de uma empresa quando esta deixa da ter capacidade para pagar as dívidas.

Entretanto, o Brasil enfrenta neste momento uma grande instabilidade política, provocado por vários escândalos de corrupção. Num caso relacionado com o megaprocesso Lava-Jato o próprio Francisco Dornelles é acusado de ter recebido em 2010 uma luva de 250 mil reais (cerca de 64 mil euros) de uma subsidiária da Petrobras, disfarçada de doação oficial.

* Uma vergonha!

.

Sem comentários: