HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
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Fundo da Noruega
prepara planos de contingência
O Fundo Petrolífero da Noruega, o maior fundo soberano do mundo, com
850 mil milhões de dólares, está a elaborar planos de contingência para
se proteger de eventos políticos extremos, servindo de exemplo para
Angola e Moçambique.
O departamento de gestão do banco central da Noruega, que gere o
maior fundo soberano do mundo, explicou ao "Financial Times" que o fundo
petrolífero "desenhou vários planos de contingência para cenários que
podem representar uma ameaça para os activos do fundo".
Embora escusando-se a elaborar sobre estes planos, o FT afirma que
este fundo está a prestar assistência a outros fundos petrolíferos a
nível mundial sobre como proteger os activos, principalmente em caso de
eventos políticos extremos como invasões ou golpes militares.
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Angola constituiu em 2012 um Fundo Soberano, dotando-o de 5 mil
milhões de dólares, e Moçambique já afirmou estar a preparar a criação
de um instrumento financeiro semelhante para quando as receitas da
exploração e exportação do gás natural líquido começarem a entrar nos
cofres do Estado, provavelmente no início da próxima década.
A Líbia, um país em profunda crise política e militar há cinco anos,
está a servir de alerta para os gestores do fundo, porque há duas
facções rivais que reclamam o controlo do Fundo que tem 66 mil milhões
de dólares em activos.
Países africanos como Angola e o Zimbabué, que já detêm estes fundos,
ou outros como Moçambique ou a Tanzânia, enfrentam grandes desafios
políticos, comentou uma investigadora do departamento de políticas
públicas na Universidade de Oxford.
"Preparar-se para um golpe de Estados e potencialmente perder a
capacidade de gerir os ativos é verdadeiramente importante por causa do
que se passou na Líbia nos últimos cinco anos", disse ao FT Angela
Cummine, reconhecendo que "há uma boa razão para os fundos soberanos
instalarem os activos fora do seu país de origem" e que "existe uma
ótima relação de trabalho destes fundos com as capitais financeiras como
Nova Iorque, Londres ou a Suíça".
Destacando particularmente os fundos soberanos africanos como os mais
problemáticos, Cummine exemplificou com o Zimbabué e Angola e lembrou
que Moçambique e Tanzânia também já afirmaram querer estabelecer um
instrumento financeiro semelhante para gerir a riqueza que virá da
exploração dos recursos naturais.
Na edição de 3 de Junho, o semanário económico angolano "Expansão"
deu conta de que o Fundo Soberano de Angola tinha perdido 5% do valor
injectado no primeiro semestre de 2015, tendo agora 4.829 milhões de
dólares sob gestão de José Filomeno dos Santos, nomeado pelo Presidente
da República, seu pai, para gerir o Fundo.
"O Fundo que gere o dinheiro do petróleo teve prejuízos de 15 milhões
de dólares", diz o Expansão, concluindo que "o problema é que os ganhos
das aplicações financeiras não têm chegado sequer para cobrir os custos
de estrutura".
O Fundo Soberano de Angola foi criado com o objectivo de investir
domesticamente e no exterior do país os recursos gerados pelas
exportações de petróleo, infraestruturas e outros projectos tendentes a
diversificar a economia angolana, fortemente dependente dos
hidrocarbonetos.
Em meados de Abril último, vários órgãos de comunicação social
noticiaram que Angola, através do Fundo, surgiu na investigação
internacional aos paraísos fiscais, conhecida por "Papéis do Panamá",
factos negados pela própria direção do fundo a 22 do mesmo mês.
Em comunicado, o Fundo disse ser "vítima de alegações infundadas",
garantindo que a legalidade das suas actividades vai ser "recomprovada"
na próxima publicação do relatório de contas anual, "prática
regulamentar observada" desde sempre.
* Cautela e caldos de galinha põem fundo na linha.
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