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HOJE NO
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Relatório.
Infeções hospitalares matam mais
do que acidentes de viação
Autores do estudo dizem que um terço das infeções
podem ser prevenidas. O uso indevido de antibióticos leva a que as
bactérias se tornem cada vez mais resistentes, pelo que a DGS recomenda
contenção.
Em 2014, estima-se que tenham morrido 4500 pessoas por este motivo. A despesa associada a estes óbitos ascendeu aos 300 milhões de euros,
Este não é um problema unicamente português. No mundo, a tendência é para que as infeções em hospitais aumentem. Com isto em mente, o Ministério da Saúde pretende avançar no próximo ano com incentivos financeiros para os hospitais que conseguirem reduzir o número de infeções. Paulo André Fernandes, um dos autores do programa, considerou na apresentação do relatório que esta medida “é um instrumento importante”, já que “mais de um terço das infeções podem ser prevenidas”.
Um dos motivos para que o número das infeções hospitalares seja tão preocupante prende-se, grosso modo, com “o aumento da incidência de estirpes multirresistentes, para o qual contribuem o uso inadequado de antibióticos e a transmissão da infeção associada aos cuidados de saúde”. Trocando por miúdos, falamos do uso de antibióticos.
Não Abusar São os melhores aliados no tratamento de múltiplas doenças, mas podem ser os piores inimigos na prevenção de outras. Se seguir o mote “lembrar, não abusar e não esquecer”, está a adotar o melhor comportamento possível em relação ao consumo de antibióticos.
Mas porque é tão importante não abusar no uso destes medicamentos? Segundo o relatório, “o uso sistemático dos antibióticos tende a torná-los menos eficazes para tratar quer a pessoa a quem são administrados, quer a comunidade envolvente”. Ou seja, o comportamento da sociedade como um todo é importante para que as bactérias não se tornem resistentes à cura.
No contexto hospitalar, as bactérias multirresistentes são especialmente perigosas. O ano passado, houve dois surtos da bactéria Klebsiella pneumoniae, nos hospitais de Gaia e Coimbra, que ao todo provocaram seis mortes.
Consumo acima da média Até 2006, o consumo de antibióticos em Portugal era muito acima da média europeia. Por exemplo, em 2011, Portugal era o país da Europa onde se usavam mais carbapenemos, “antibióticos de largo espetro indicados para utilização em algumas infeções graves por agentes multirresistentes”. Segundo o relatório, essa utilização excessiva é três vezes superior à da média europeia. Por isso, a DGS recomenda que estes “fármacos sejam apenas usados em situações apropriadas”.
A regra não termina unicamente nos carbapenemos. “A única forma de inverter esta preocupante espiral involutiva, quebrando o círculo vicioso, é promover o uso criterioso e racional dos antibióticos”, recomenda o programa. Assim, diminuir a duração do tempo de uso do antibiótico é outra das boas práticas hospitalares recomendadas pelos autores do estudo. Além disso, estes medicamentos só devem ser usados caso haja infeção bacteriana.
Outras regras essenciais para evitar o aparecimento e propagação das infeções dependem do comportamento dos cidadãos. “Colaborar com o médico no momento da prescrição, evitando o uso de antibióticos sempre que não forem necessários, e não os consumindo mais tempo que o recomendado ou por iniciativa própria” é uma das regras essenciais elencadas no estudo do PPCIRA.
Mas há outras, como “seguir as regras enquanto doente ou visita na unidade de internamento, colaborando com os profissionais”.
Para além disso, os cidadãos devem “evitar o contacto físico com outros doentes”, “cumprir as regras de etiqueta respiratória e higienizando as mãos sempre que solicitado verbalmente ou por avisos afixados”.
Estas são apenas algumas indicações, bastante simples, que todas as pessoas e profissionais de saúde devem cumprir. Porque nas questões epidemiológicas, como em tantas outras, mais vale prevenir do que remediar.
* Médicos têm de ser mais atentos às prescrições e alertar os doentes para que não façam automedicação
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