HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Agora sem mãos.
O futuro em que automóveis
nos conduzem já arrancou
Carros que se auto-estacionam em garagens, “falam” entre si na estrada, e até dispensam o volante não são argumento construído para a Guerra das Estrelas. Estão no CES 2016.
Autonomia, conectividade, telemática. Estas são algumas das palavras
que ficarão como marca de 2016 na indústria automóvel, e que se
dispersam por vários modelos com que nos cruzaremos no curto prazo nas
estradas. Alguns podem ser já antecipados no salão tecnológico de Las
Vegas, Consumer Electronics Show (CES 2016).
A inovação nos automóveis irá para lá da já de si futurística
perspectiva de automóveis autónomos, passando para os “veículos
cognitivos”, segundo antecipou a vice-presidente da IBM para as áreas
automóvel, aeroespacial e da defesa. Donna Satterfield assegura que os
veículos “vão pensar por si” e que “num futuro não muito distante, não
será aceitável que o automóvel não conheça o condutor, conheça o
contexto em que está, o que se passa no ambiente e ajude a tomar
decisões informadas sobre a sua condução”.
No CES 2016, aberto desde esta quarta-feira, ao contrário da
expressão que os norte-americanos popularizaram como sinal de sigilo, o
que se passa em Vegas não fica em Vegas.
Entre tecnológicas e construtores automóveis, a Microsoft revela o
que tem andado a desenvolver. Num estilo “Knight Rider” (série que por
cá se designou de “O Justiceiro”), a tecnológica norte-americana conjuga
a pulseira electrónica “Band 2” com uma aplicação que a Volvo conectará
aos seus automóveis a partir da Primavera. Falando para o pulso, o
condutor ordena a ligação do aquecimento do carro, o arranque do motor, a
ligação dos faróis, ou o toque da buzina, entre outros tipos possíveis
de comandos de voz. “Juntamente com a Volvo, estamos apenas a começar a
perceber o potencial que a tecnologia tem para melhorar a segurança e
produtividade do condutor”, diz Peggy Johnson, vice-presidente da
Microsoft. A cooperação entre ambas as companhias teve em Novembro um
desenvolvimento, com a tecnologia que permite ao personalizar um modelo
da Volvo e vê-lo num holograma.
Outro dos parceiros da tecnológica norte-americana no CES 2016 é a
Harman, detentora das marcas de hi-fi Harman Kardon, Infinity e JBL.
Com acesso a serviços do Office 365, os clientes da Harman poderão,
enquanto conduzem e, teoricamente, sem se distraírem, marcar reuniões,
ouvir e responder a emails, participar em ‘conference calls’ dispensando
introdução de números de telefone e códigos de acesso.
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CES 2016: NVIDIA DRIVENet Demo - Visualizing a Self-Driving Future
A forte presença da mobilidade rodoviária na CES é mesmo um dos
maiores focos de atenção da edição de 2016. Um estudo revelado na feira
de tecnologia indica, após análise das patentes já apresentadas no campo
da condução autónoma, que são os construtores automóveis e não tanto as
companhias tecnológicas que lideram o caminho da condução autónoma.
À cabeça, a Toyota, com 1.400 patentes para condução autónoma,
seguida da Bosch, Denso, do grupo Hyundai-Kia e da General Motors. Um
porta-voz do maior construtor automóvel do mundo diz que este vê um
carro que se conduz sozinho como um objectivo de longo prazo,
dependentes de sistemas de condução que nunca cometam erros.
Até lá, a Toyota vai-se preparando e desenvolvendo sistemas de
prevenção de acidentes, como a travagem automática, planeando investir
1.000 milhões de dólares até 2020 no estudo de inteligência artificial
na Universidade de Stanford e no MIT. Os japoneses foram ao pentágono e
de lá levaram Gill Pratt, um investigador, para coordenar o seu programa
de robótica.
O dobro do investimento em tecnologia está nos planos dos coreanos
Hyundai/Kia para os próximos três anos, com a companhia a prever a venda
de carros totalmente autónomos em 2030. Uma década antes já veremos nos
seus carros sistemas sofisticados de piloto automático.
A revolução da autonomia, a busca por motores sem combustíveis
fósseis, a ligação dos carros à internet e aos outros que consigo
partilham a estrada são os desafios que, em simultâneo, se vive nesta
indústria.
Uma das marcas “da casa” neste CES, a norte-americana Ford mostra o
Fusion (“gémeo” do europeu Focus) com condução autónoma, modelo que terá
30 unidades nas ruas da Califórnia, Arizona e Michigan. No salão
tecnológico, a marca revelou uma nova geração de sensores que visam
acelerar a entrada em acção desta tecnologia, que a Ford garante já ter
em testes há mais de uma década. Os sensores Velodyne LiDAR emitem luz
laser em milhões de impulsos por segundo, para rastrear o que rodeia o
automóveis, permitindo ao computador criar imagens reais tridimensionais
e em alta definição. A nova geração é mais leve e pequena, logo, mais
fácil de arrumar no veículo.
Com a ajuda da Amazon, a Ford está ainda a desenvolver um ‘software’
de reconhecimento de voz, para que possamos destrancar as portas, ligar a
ignição, verificar o nível de combustível, e outras tarefas falando com
o carro. A interacção permitida estende-se à “internet das coisas”, e
enquanto se conduz pode-se, por exemplo, “mandá-lo” ligar o aquecimento
em casa ou desligar o alarme.
Não por voz, mas por gestos, a comunicação com o automóvel é também
estrela no stand da BMW. Com o AirTouch, aplicado na nova geração do
Série 7, os alemães estendem as capacidades do sistema de controlo por
gestos, permitindo ao condutor e ao passageiro controlar vários dos
dispositivos do topo de gama de Munique sem terem de tocar no ecrã.
Imagine operar os sistemas de navegação e entertenimento, o telefone ou
outros dispositivos bastando para tal mover a mão no espaço entre a
consola central e o espelho retrovisor. O AirTouch adiciona botões de
confirmação no interior do volante (onde habitualmente repousa o polegar
esquerdo) e no apoio de braço da porta do passageiro.
Outra forma inovadora de dar ordens aos sistemas dos automóveis é a
revelada pela alemã Bosch, que mostra um novo tipo de ecrã por toque
(‘touchscreen’), no qual existem várias texturas de superfície. “Este
‘feedback’ torna mais fácil operar as aplicações de info-entretenimento
como a navegação, rádio e funções de ‘smartphone’”, indica a fabricante
de componentes no comunicado em que explica como o seu ‘touchscreen’
parece que tem mesmo botões.
Mais disruptivo é o sistema que a companhia de Robert Bosch pretende
lançar em breve: um arrumador automático do carro na garagem. Em 2018,
em Estugarda, numa garagem especial, o condutor poderá deixar o carro à
entrada e este irá à procura de um espaço para se encaixar. Depois,
bastará chamá-lo de volta à entrada da garagem e este virá pelos seus
próprios meios, diz a Bosch, que fornecerá os sensores que anunciarão ao
automóvel a presença de um lugar disponível.
O CEO da Bosch, Volkmar Denner, na conferência de imprensa em Las
Vegas, anunciou ainda que a companhia está a trabalhar com a criadora de
mapeamento de estradas TomTom para desenvolver um mapa dinâmico que
integrará dados obtidos em tempo real a partir de outros carros
equipados com sistemas de GPS. “O trânsito está congestionado”, ou “há
gelo na estrada”, são duas das informações úteis possíveis. Útil poderá
ser também ter o ‘smartphone’ a avisar-nos que vem outro veículo em
sentido contrário na nossa rota, ou que a alertar-nos que nós próprios
entrámos em contramão.
* O vídeo é uma demonstração de "self-driving future" da empresa NVIDIA DRIVEN, exibido na CES 2016.
* O vídeo é uma demonstração de "self-driving future" da empresa NVIDIA DRIVEN, exibido na CES 2016.
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