HOJE NO
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Vem aí o remimbi chinês e o dólar
parece ter os dias contados
Especialista acredita que a moeda chinesa poderá vir a substituir a americana nas transacções comerciais daqui a cinco, dez anos.
Talvez por isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) admita apoiar a inclusão do remimbi no seu cabaz de direitos de saque especial – SDR na sigla inglesa –, de títulos emitidos pela instituição que funcionam como um activo de reserva internacional para complementar reservas oficiais dos países membros. Actualmente, os SDR são compostos por quatro moedas – dólar, euro, libra e yen. Não sendo em si mesmos uma moeda, os SDR são um direito, junto do FMI, de um país obter outra moeda com baixo risco de flutuação e a juro baixo.
O FMI promete agora o estatuto de reserva à moeda chinesa, depois de ter rejeitado essa inclusão em 2010, o que permitirá a entrada do yuan no cabaz de divisas. O FMI reconhece que a moeda chinesa “é a única actualmente fora do cabaz que cumpre o critério de exportação”. A inclusão da moeda chinesa no cabaz do FMI visa prevenir eventuais efeitos de um inesperado colapso da zona euro e atenuar os problemas da desvalorização do dólar devido ao desequilíbrio fiscal dos Estados Unidos.
O porta-voz do FMI, Gerry Rice, confirmou que o assunto está na agenda da organização e que uma decisão deverá ser tomada ainda este mês.
Por seu lado, o secretário do Tesouro norte-americano, Jack Lew, já disse que apoiaria a inclusão do yuan no cabaz de divisas do FMI, se a moeda chinesa cumprir os critérios exigidos.
O último relatório do Banco da China sobre a internacionalização do remimbi refere que esta moeda é o quinto meio de pagamento mais utilizado internacionalmente e foi a sexta moeda mais transaccionada em 2014.
Se dúvidas houvesse sobre a ascensão fulgurante da moeda chinesa, no passado dia 21, o remimbi chinês ocupou o tradicional lugar do yen japonês como quarta moeda mais utilizada em pagamentos globais.
Actualmente, o remimbi não é uma divisa de reserva internacional e também não é totalmente convertível em transacções de capital e no comércio global, mas na última década, graças a acordos de swap, a China já usa a sua moeda como meio de pagamento em trocas comerciais bilaterais com alguns dos seus parceiros.
Com efeito, Pequim já rubricou mais de quatro dezenas de acordos de swap de moeda com vários países desde 2008, perfazendo esses acordos movimentações que equivalem actualmente a 1,13 triliões de dólares. Contudo, o montante desses swaps ainda é relativamente baixo face às gigantescas reservas que a China detém noutras moedas, nomeadamente dólares e ouro.
Os incentivos da China para que os seus parceiros comerciais utilizem a sua moeda começam a dar resultados. A aceitação do remimbi como reserva de valor pelos bancos centrais espalhados pelo mundo foi uma primeira e importante etapa no processo de internacionalização da moeda chinesa. Actualmente, mais de mil instituições financeiras internacionais negoceiam em yuan.
Um dos países que já manifestou interesse na utilização do remimbi nas suas trocas comerciais foi Angola, no âmbito de uma estratégia de “fuga ao dólar”.
Diogo Gomes Araújo, da Porto Business School, considera que o acordo permitirá adequar a economia angolana ao yuan. “Com a assinatura desse acordo monetário, as trocas comerciais entre os dois países passariam a ser reflectidas na moeda chinesa, que teria livre circulação em Angola. Por outro lado, os futuros empréstimos que a China conceder a Angola deixam de ser feitos em dólares americanos, passando directamente para a moeda chinesa”, sublinha. Os bancos centrais de Angola e da China estão a acertar os pormenores de um acordo que permita o uso das suas moedas nacionais nas trocas comerciais bilaterais. “O uso das moedas de ambos os países parece-me mais interessante, uma vez que significa que a China poderá ter de aceitar kwanzas quando quiser vender bens a Angola (se o fará, na realidade, será outra história)”, sublinha.
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