13/10/2015

VIRIATO SOROMENHO MARQUES

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Será preciso beliscá-los?

Poucas horas após os resultados eleitorais serem conhecidos, os ministros do Eurogrupo recordaram que Lisboa deverá entregar o Orçamento para 2016 até ao próximo dia 15, de modo a ter o visto prévio da Comissão. Entontecidos pela adrenalina eleitoral, muitos políticos nacionais parece terem esquecido que Portugal e os países da Zona Euro vivem em regime de "soberania limitada". Não na sombra dos tanques de Brejnev, mas sob a ameaça das dolorosas sanções do Tratado Orçamental e do BCE (lembram-se do que aconteceu na Grécia?). 

A dura realidade não se combate com estados de alma, mas com inteligência e determinação. Exatamente tudo o que parece estar a faltar aos nossos atores políticos. O PR, agora a trabalhar em regime de serviços mínimos, indigitou Passos Coelho, sem ouvir os partidos como manda a Constituição, tornando a tarefa deste ainda mais difícil. 

O mau encontro entre Portugal e Cavaco Silva continua a ser devastador. António Costa, por seu turno, pede agora esclarecimentos sobre as propostas de entendimento do BE e do PCP. O ex-presidente da CM Lisboa ainda não percebeu que depois de ter perdido as legislativas, e de ter deixado transformar as presidenciais num passeio do Professor Marcelo, deve limitar-se a impedir que o país fique sem governo, em vez de alimentar a possibilidade de fazer alianças com quem apenas lhe quer morder a carne. Quem está acossado no seu próprio partido não pode fingir que ainda poderá mandar no país. 

O futuro de Portugal vai decidir-se, para bem ou para o mal, na luta pela reforma das instituições europeias, com alianças e compromissos europeus. Se os nossos líderes não se entenderem sobre o centro de gravidade do interesse nacional, acabaremos por ser vítimas não só de mais austeridade como de mais humilhação.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
08/10/15

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