HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Associação de Imprensa preocupada com decisão judicial que impede Cofina de publicar notícias sobre Operação Marquês
A Associação Portuguesa de Imprensa manifestou
preocupação sobre a decisão judicial que impede a Cofina de publicar
notícias sobre o processo que envolve José Sócrates e vai pedir ao
parlamento a reinstalação do Conselho de Imprensa.
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O Tribunal da Comarca de Lisboa deferiu na terça-feira, 27 de Outubro, a providência cautelar interposta pela defesa de José Sócrates para impedir a divulgação de notícias relacionadas com o processo "Operação Marquês" pelo grupo Cofina, proprietário do Correio da Manhã.
O Tribunal da Comarca de Lisboa deferiu na terça-feira, 27 de Outubro, a providência cautelar interposta pela defesa de José Sócrates para impedir a divulgação de notícias relacionadas com o processo "Operação Marquês" pelo grupo Cofina, proprietário do Correio da Manhã.
"A Associação Portuguesa de Imprensa vem manifestar a sua muito
grande preocupação pela forma como um tribunal desvalorizou a Liberdade
de Imprensa em Portugal, impedindo o jornal diário Correio da Manhã de
prosseguir o seu normal trabalho de investigação e cobertura
jornalística", adianta em comunicado.
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A associação, "que representa a esmagadora maioria dos editores de
jornais e revistas portugueses em papel e digitais, considera que os
conflitos relacionados com Liberdade de Imprensa devem ser resolvidos no
âmbito de entidades de auto-regulação, razão pela qual vem lutando
desde há muito pela reinstalação do Conselho de Imprensa".
Pediu "já às instâncias internacionais em que está representada, que
manifestem também o seu mais vivo repúdio e estranheza pela decisão
judicial agora tomada" e "vai apresentar ao parlamento, uma vez mais, o
projecto de reinstalação do Conselho de Imprensa em Portugal".
Para a entidade, esta "decisão judicial pode contribuir de forma
muito significativa para piorar ainda mais as já difíceis condições de
desempenho da profissão de jornalista e de difusão da informação editada
e de interesse público que são o objectivo central da actividade das
empresas que representamos".
Na quarta-feira, 28 de Outubro, o Sindicato dos Jornalistas
considerou a que a decisão judicial "abre um grave precedente" e que
leva "a constrangimentos" no direito de informar.
"A direcção do Sindicato dos Jornalistas entende que o recente caso
relacionado com as publicações do grupo Cofina abre um grave precedente e
provoca constrangimentos ao exercício do direito de informar", adianta o
órgão.
Para o sindicato, "são condenáveis todas as tentativas de limitar a
liberdade de imprensa" e todas as tentativas de "limitar a liberdade de
imprensa e de informação, valores constitucionalmente protegidos, são
condenáveis".
O sindicato salienta que "encoraja" a investigação jornalística
autónoma no contexto de processos judiciais em que se verifique
relevante interesse público.
Questionado pela agência Lusa sobre esta decisão judicial, o Conselho
Deontológico do Sindicato dos Jornalistas limitou-se a responder que "o
que o juiz decidiu não foi silenciar o Correio da Manhã, mas proibi-lo
de publicar ou divulgar, inclusive através de outros jornalistas do
grupo Cofina, por qualquer modo, através de qualquer suporte (...), por
transcrição directa ou por qualquer outro modo indirecto, o teor de
quaisquer elementos de prova constantes no inquérito".
De acordo com a decisão judicial, enviado à agência Lusa, a defesa do
antigo primeiro-ministro adianta que foi decidido "proibir cada um dos
requerentes [dois jornalistas do grupo Confina constituídos como
assistentes no processo] de editarem, publicarem ou divulgarem,
incluindo através de outros jornalistas do grupo Cofina, por qualquer
modo, em suporte de papel, em suporte electrónico ou sonoro,
radiofónico, televisivo, por transcrição directa ou por qualquer outro
modo indirecto o teor de quaisquer elementos de prova constantes do
inquérito", que decorre no Departamento Central de Investigação e Acção
Penal de Lisboa (DCIAP) e em que o requerente [José Sócrates] é arguido.
O grupo Cofina inclui, entre outros títulos, o Correio da Manhã
(imprensa e televisão), a revista Sábado, o desportivo Record e o Jornal
de Negócios.
O Correio da Manhã afirmou que vai, "para já", acatar a decisão
judicial que o impede de publicar notícias sobre o processo que envolve
José Sócrates, mas garante que "não vai parar de escrutinar" o
ex-primeiro-ministro.
"Esta decisão não vai parar o Correio da Manhã de escrutinar
Sócrates", lê-se no editorial de quarta-feira do jornal, assinado pelo
director-adjunto, Eduardo Dâmaso.
José Sócrates esteve preso preventivamente no Estabelecimento
Prisional de Évora mais de nove meses, tendo esta medida de coacção sido
alterada para prisão domiciliária, com vigilância policial, a 04 de
Setembro passado.
O ex-primeiro-ministro foi libertado na sexta-feira passada da medida
de coacção de prisão domiciliária, embora fique proibido de se ausentar
de Portugal e de contactar com outros arguidos, no âmbito do processo
"Operação Marquês".
Sócrates foi detido a 21 de Novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa,
indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de
capitais e corrupção passiva para ato ilícito.
*Nós também estamos preocupados mas não pelas mesmas razões. A cuscuvilhice só deve ser calada na barra do tribunal e não por despacho.
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