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IN "i"
12/09/15
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Culpa, a inimiga
número 1 das mulheres
Acho que não existe muita coisa mais castradora
para as mulheres do que o conceito de culpa. Isso e, talvez, os filmes
da Disney, que fizeram com que crescêssemos a acreditar que, um dia,
viria um príncipe encantado salvar-nos de uma vida terrível.
E assim se cresce a achar que, por um lado, temos de
ser salvas para conseguirmos ser felizes. E por outro, se não formos
salvas, a culpa é claramente nossa, num assumir da inferioridade
feminina.
Se algo corre mal, a culpa é nossa. Se uma mulher não engravida, a
culpa é dela. Se não tem um parto natural, a culpa é dela. Se não
amamenta, idem, tal como se não passa tempo suficiente com os filhos ou
se estes têm más notas. E se há um divórcio, foi porque a mulher se
desleixou. Claro. No limite, se o marido bateu na mulher, há quem
acredite que foi porque ela fez algo de errado.
O conceito está de tal forma enraizado na nossa sociedade que, por
vezes, é a própria mulher a assumi-lo. Mas quando apresentamos este
raciocínio, aparece logo alguém a dizer que lá estamos nós a
vitimizar-nos, como se tudo isto fosse normal. Sim, até admitimos que
podemos estar a dramatizar excessivamente, mas também que poucos
momentos na vida foram tão libertadores como aquele em que nos livrámos
da culpa. E, já agora, dos malditos príncipes da Disney.
À beira dos 37 anos, já não tenho dúvidas. Pelo menos, não neste
campo, que noutros tenho e não são poucas. Já sei que os príncipes não
chegam em cavalos brancos e seguramente não nos vêm salvar. Até porque
não preciso de ser salva. Nem eu nem nenhuma mulher. E sei-o sem nenhum
sentimento de culpa.
IN "i"
12/09/15
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