03/03/2015

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HOJE NO 
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

Sentix: 
Quase 40% dos investidores 
vê a Grécia a sair do euro

É cada vez maior o número de investidores que antecipa a saída da Grécia do euro. A Fitch avisa que, sem acordo duradouro com a Zona Euro, voltará a baixar o rating do país. O terceiro resgate já foi pedido por Varoufakis sob o eufemismo de "novo contrato com as instituições", mas Bruxelas diz que as conversações ainda não arrancaram. Lapavitsas, deputado do Syriza, diz que é tempo de reconhecer que a estratégia do partido falhou e ponderar sair do euro.
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Não obstante o Eurogrupo ter aceite o pedido de Atenas para prolongar por mais quatro meses o actual programa de assistência financeira, o número de investidores que acredita na possibilidade de a Grécia sair do euro não parou de aumentar, tendo passado de 22,5% em Janeiro para 37,1% em Fevereiro, segundo o resultado dos inquéritos mensais do instituto Sentix.

Este dado foi conhecido no dia em que Ed Parker, analista sénior da Fitch, avisou que a agência de notação financeira voltará a descer o "rating" da Grécia na ausência de um acordo "duradouro" com os demais parceiros da Zona Euro que assegure as necessidades de financiamento além das, à partida, garantidas pela extensão do actual programa de assistência, que expira no fim de Junho. 
"Acreditamos que um acordo entre a Grécia e os seus parceiros europeus acabará por ser alcançado, dado que uma saída do euro será onerosa para ambas as partes. Se esse acordo duradouro não acontecer, desceremos o rating da Grécia", disse, citado pela Reuters.

Actualmente, a Fitch atribui rating "B" à dívida pública grega, classificando-a de "altamente especulativa", vulgo "lixo", estando apenas três níveis acima de "default", ou incumprimento.

O pedido para que se iniciem as negociações com vista ao estabelecimento de um quadro que permita garantir as necessidades financeiras da Grécia no médio prazo foi feito na semana passada pelo ministro grego das Finanças. Na carta enviada ao Eurogrupo, Yanis Varoufakis pedia para que desse "início às conversações técnicas com vista à assinatura de um novo ‘Contrato para a Recuperação e Crescimento’ que as autoridades gregas desejam entre a Grécia, a Europa e o FMI, para dar seguimento ao actual Acordo".

Esse "contrato" é um novo eufemismo usado pelo governo grego para alimentar a expectativa de ruptura com o passado da assistência financeira externa. O que Atenas está discretamente a pedir é um resgate, o terceiro desde 2010, já que um programa cautelar assente numa linha de crédito europeia (só accionada em caso de necessidade) parece ser uma carta fora do baralho. Essa era a opção que estava na mente do anterior governo; opção que em Dezembro já parecia muito difícil e que agora será quase impossível dada a renovada desconfiança dos investidores face a Atenas.

No mercado secundário, os "juros" da dívida pública grega a dez anos permanecem perto dos 10% (9,45% foi o fecho de hoje), valor que quase duplica os 5,7% que se registavam em Setembro, antes da controvérsia entre a troika e o então governo conservador de Antonis Samaras, que aprovou o Orçamento de 2015 à revelia, antecipando um excedente orçamental primário de 3% que os credores internacionais dizem ser impossível de atingir.

No rescaldo das declarações do ministro espanhol das Finanças Luis de Guindos, segundo as quais há já conversações para emprestar mais 30 a 50 mil milhões de euros à Grécia, o Eurogrupo e a Comissão Europeia vieram clarificar que "não há negociações em curso". Contudo, Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo euro, confirmou ontem que um terceiro resgate pode ser a única opção para Atenas assegurar financiamento e manter-se no euro. "Com o governo anterior [de Antonis Samara, Nova Democracia], estávamos a discutir como apoiar o regresso da Grécia ao financiamento dos mercado por intermédio de um programa cautelar ou de uma linha de crédito com condições reforçadas. Este cenário, no entanto, parece agora menos provável, dada a instabilidade financeira recente", afirmou, citado pela Bloomberg.

Num artigo publicado nesta terça-feira no The Guardian, Costas Lapavitsas, economista e deputado do Syriza, argumenta que a melhor opção de acabar com a sua "espiral deflacionista" da Grécia passa por o país deixar o euro e regressar ao dracma. Em sua opinião, chegou a hora de o partido admitir que a estratégia de provocar uma mudança radical no quadro institucional da moeda única falhou.

 "A estratégia deu-nos o sucesso eleitoral porque prometemos libertar o povo grego da austeridade sem ter de suportar um grande desentendimento com a Zona Euro. Infelizmente, os eventos têm mostrado sem qualquer dúvida que isso é impossível, e que é tempo de reconhecemos a realidade", escreve.

* A saída do "euro" da Grécia é cada vez mais prevísivel, não será a melhor solução, mas a ditadura franco alemã acompanhadas pelas suas marionetes, Portugal incluso, é tecnocraticamente insensata.
Pode ser o fim da U.E..

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