Banco bom afunda-se
e arrasta os outros
A realidade parece contrariar a vontade dos poderes europeus e
nacionais (que aparentemente se limitam a fazer o que aqueles mandam,
continuando a pôr Portugal numa má experiência). O tal Banco Bom ou Novo
Banco, anunciado pelo governador do Banco de Portugal depois de
detalhadamente adiantado pela imprensa em geral e pelos comentadores
oficiais do PSD em particular, afunda-se, e arrasta com ele os outros
Bancos, que não tinham sido perdidos nem achados para a solução,
simplesmente forçados a aceitá-la. Os depósitos fogem a 100 à hora dos
balcões do Novo Banco, e as cotações das acções dos outros descem sem
parar.
Um amigo maduro e de cultura sólida (sucede que é até
doutorado) confessava-me, em conversa de beira-mar, a indignação por
Carlos Costa, com as suas garantias retóricas, o ter levado a investir
mal no aumento de capital do BES, sendo agora assim atirado para o Banco
mau. Claro que Carlos Costa devia ser responsabilizado pelo que disse, e
penso que o irá ser de facto nos tribunais – só espero que o seja
pessoalmente, e não com o nosso dinheiro público.
Entretanto, outro amigo meu, que já no caso BPN dizia não haver outra
solução, numa volubilidade demasiado politica volta agora a achar que
no caso BES também não havia outra solução (esquecendo o quão diferente
esta é da outra).
Sem querer defender as patifarias da anterior administração do BES,
que não devem diferir muito das de qualquer administração de um Banco
actual, reparo que o maior trambolhão do BES foi dado já com a nova
administração de Vítor Bento. E não consigo deixar de estranhar que a
anterior consciência ética do capitalismo, esse mesmo Vítor Bento, sem
perceber nada de gestão bancária, não soubesse resistir ao convite
(talvez irresistível) para ser Presidente de um Banco. Esquecendo que
nisto dos Bancos, as marcas, como era a Espírito Santo (agora atirada
para os infernos do Banco Mau) contam muito mais do que um Novo Banco de
marca branca. Ainda por cima gerido por quem não sabe gerir Bancos.
Intuo que esta experiência vai acabar mal, e com elevados custos para os contribuintes.
IN "SOL"
09/08/14
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