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HOJE NO
"i"
Ricardo Salgado sabia desde 2008
que contas da ESI eram manipuladas
Contabilista
da holding do GES acusa banqueiro. Ao "Jornal de Negócios", Salgado já
tinha dito que foi surpreendido quando soube que parte do passivo não
estava reflectido nas contas da ESI
O contabilista da Espírito Santo International (ESI), que abandonou o grupo este ano após ter sido descoberto um desvio de 1,3 mil milhões de euros no passivo desta holding diz que Ricardo Salgado "sabia que faltava dinheiro no passivo". A ESI é a holding que controla os negócios financeiros e não financeiros no Grupo Espírito Santo (GES).
De acordo com Francisco Machado da Cruz, Salgado sabe desde 2008 que as contas não reflectiam a verdade financeira. E que não era o único: José Castella, controller financeiro do GES, Manuel Fernando Moniz Galvão Espírito Santo Silva e José Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva também tinham conhecimento de que uma parte do passivo da ESI não aparecia reflectida nas contas. A notícia foi avançada ontem pelo semanário "Expresso". José Manuel e Manuel Fernando Espírito Santo negaram que tivessem autorizado tal alegada falsificação.
A confirmar-se a realização destas alegadas operações contabilísticas nos termos em que agora são relatadas, a situação poderá configurar o crime de falsificação de documentos, além de outros de natureza económica. O i contactou ontem a PGR para saber se existe já alguma investigação em curso, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
A posição é tornada pública após o presidente do Banco Espírito Santo ter afirmado numa entrevista ao "Jornal de Negócios" ter sido "surpreendido" quando soube que "havia uma parte da dívida que não estava contabilizada". Segundo o "Expresso", Machado da Cruz vai ainda mais longe e em documentos internos do GES - e que entretanto já estão na posse do Banco de Portugal - revela que existiram reuniões onde foi decidida a reavaliação de activos de modo a taparem o aumento do passivo da ESI. Encontros onde estavam presentes Salgado e Castella. Assume, ainda assim, total responsabilidade pelo que se passou.
Depois do Banco de Portugal ter acesso à documentação interna do GES onde está saliente o alegado conhecimento e autorização de Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo Silva para as operações contabilísticas na ESI, Machado da Cruz e José Castella terão afirmado ao comité de auditoria do Espírito Santo Finantial Group (outra holding do grupo) que a administração da ESI não acompanhara a informação financeira.
O porquê da ocultação
O contabilista refere nos documentos entretanto enviados para o regulador do sector bancário que a operação de ocultação do passivo da ESI aconteceu para salvar o BES. Desde 2008, e tendo em conta a crise económica em que o país estava mergulhado, Machado da Cruz diz ter concordado com o objectivo de Ricardo Salgado: salvar o banco. O contabilista diz que só havia duas formas de o por em prática: ou se aumentavam os activos ou se camuflava o passivo. Acrescentou ainda que, pela lealdade que tinha ao grupo, acabou por, logo em 2008, tirar 180 milhões ao passivo da ESI, até porque caso isso não acontecesse o mais provável seria a intervenção do Estado no BES. Na mesma documentação, Machado da Cruz adianta que Salgado sabia da manipulação do passivo, desconhecendo apenas o valor.
A situação foi-se agravando e, de acordo com a documentação, a ocultação de 180 milhões feita em 2008 atingiu cinco anos depois um valor de 1,3 mil milhões. Além deste passivo não registado a ESI apresentou perdas totais de 2,2 mil milhões.
O fim do esquema
A descoberta de que haviam sido usados activos que não pertenciam à ESI para maquilhar as contas desta holding aconteceu no final de 2013 no âmbito da avaliação da situação financeira dos principais clientes da banca nacional (ETRICC). Uma auditoria feita pela KPMG a pedido do Banco de Portugal (BdP) revelou esse problema, já que não existiam documentos que provassem que os activos imobiliários situados em Angola eram na realidade propriedade da ESI.
Foram feitas tentativas de imputar tais activos a uma filial, a ES Resources, mas a consultora não aceitou e em Janeiro o BdP foi informado. É quando o regulador pede explicações sobre estas operações que Machado da Cruz propõe a sua demissão a Salgado. Segundo o antigo contabilista, foi-lhe pedido nessa altura que esperasse até ao fim da auditoria para abandonar as funções. Em troca, Salgado ter-lhe-á prometido uma compensação financeira.
* Onde está a diferença entre políticos e banqueiros portugueses? Em nada, são ambos muito maus!
De acordo com Francisco Machado da Cruz, Salgado sabe desde 2008 que as contas não reflectiam a verdade financeira. E que não era o único: José Castella, controller financeiro do GES, Manuel Fernando Moniz Galvão Espírito Santo Silva e José Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva também tinham conhecimento de que uma parte do passivo da ESI não aparecia reflectida nas contas. A notícia foi avançada ontem pelo semanário "Expresso". José Manuel e Manuel Fernando Espírito Santo negaram que tivessem autorizado tal alegada falsificação.
A confirmar-se a realização destas alegadas operações contabilísticas nos termos em que agora são relatadas, a situação poderá configurar o crime de falsificação de documentos, além de outros de natureza económica. O i contactou ontem a PGR para saber se existe já alguma investigação em curso, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
A posição é tornada pública após o presidente do Banco Espírito Santo ter afirmado numa entrevista ao "Jornal de Negócios" ter sido "surpreendido" quando soube que "havia uma parte da dívida que não estava contabilizada". Segundo o "Expresso", Machado da Cruz vai ainda mais longe e em documentos internos do GES - e que entretanto já estão na posse do Banco de Portugal - revela que existiram reuniões onde foi decidida a reavaliação de activos de modo a taparem o aumento do passivo da ESI. Encontros onde estavam presentes Salgado e Castella. Assume, ainda assim, total responsabilidade pelo que se passou.
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Depois do Banco de Portugal ter acesso à documentação interna do GES onde está saliente o alegado conhecimento e autorização de Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo Silva para as operações contabilísticas na ESI, Machado da Cruz e José Castella terão afirmado ao comité de auditoria do Espírito Santo Finantial Group (outra holding do grupo) que a administração da ESI não acompanhara a informação financeira.
O porquê da ocultação
O contabilista refere nos documentos entretanto enviados para o regulador do sector bancário que a operação de ocultação do passivo da ESI aconteceu para salvar o BES. Desde 2008, e tendo em conta a crise económica em que o país estava mergulhado, Machado da Cruz diz ter concordado com o objectivo de Ricardo Salgado: salvar o banco. O contabilista diz que só havia duas formas de o por em prática: ou se aumentavam os activos ou se camuflava o passivo. Acrescentou ainda que, pela lealdade que tinha ao grupo, acabou por, logo em 2008, tirar 180 milhões ao passivo da ESI, até porque caso isso não acontecesse o mais provável seria a intervenção do Estado no BES. Na mesma documentação, Machado da Cruz adianta que Salgado sabia da manipulação do passivo, desconhecendo apenas o valor.
A situação foi-se agravando e, de acordo com a documentação, a ocultação de 180 milhões feita em 2008 atingiu cinco anos depois um valor de 1,3 mil milhões. Além deste passivo não registado a ESI apresentou perdas totais de 2,2 mil milhões.
O fim do esquema
A descoberta de que haviam sido usados activos que não pertenciam à ESI para maquilhar as contas desta holding aconteceu no final de 2013 no âmbito da avaliação da situação financeira dos principais clientes da banca nacional (ETRICC). Uma auditoria feita pela KPMG a pedido do Banco de Portugal (BdP) revelou esse problema, já que não existiam documentos que provassem que os activos imobiliários situados em Angola eram na realidade propriedade da ESI.
Foram feitas tentativas de imputar tais activos a uma filial, a ES Resources, mas a consultora não aceitou e em Janeiro o BdP foi informado. É quando o regulador pede explicações sobre estas operações que Machado da Cruz propõe a sua demissão a Salgado. Segundo o antigo contabilista, foi-lhe pedido nessa altura que esperasse até ao fim da auditoria para abandonar as funções. Em troca, Salgado ter-lhe-á prometido uma compensação financeira.
* Onde está a diferença entre políticos e banqueiros portugueses? Em nada, são ambos muito maus!
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