Me, My #selfie and #Fail
O que é que o líder da oposição, o Presidente da República e o CDS-PP tiveram em comum nos últimos tempos?
Todos sentiram o reverso da medalha (ou da partilha!) da presença nas
redes sociais: a selfie de António José Seguro a imortalizar a passagem
Martin Schulz por Lisboa ou o vídeo a associar-se à campanha
#BringBackOurGirls sobre as adolescentes raptadas na Nigéria tiveram
impacto pela negativa, a paródia e a chacota ofuscaram o propósito; a
reprimenda no Facebook por Cavaco Silva aos ‘cata-ventos' (Marcelo
Rebelo de Sousa dixit) sobre o segundo resgate foi mais comentada pelas
suas próprias omissões ou contradições, temporais ou na forma e tom, o
que o levou mesmo a justificar-se em plena visita oficial à China; e, o
súbito apagão das partilhas pré-Triunvirato do CDS-PP fizeram mais pela
sua divulgação do que o uso que lhes era dado por uma franja de
tuíteiros a assinalar as alegadas contradições com a prática durante a
vigência da ‘troika'.
Adere-se cada vez mais às redes sociais,
não apenas para interagir com amigos ou partilhar fotos inócuas, mas
para fazer política. O papel das redes sociais, desde o Facebook,
Twitter ou YouTube aos jornais digitais, novos ou por evolução lógica
dos tradicionais, cresce a olhos vistos e terá cada vez mais impacto no
processo de decisão individual, para o bem e para o mal.
Estamos
numa nova fase de libertação e empoderamento (não gosto da palavra!) das
pessoas, mas a liberdade para comunicar aberta e honestamente não é
algo que possa ser dado por adquirido ou de forma leviana. A rápida
criação de redes e comunidades de interesses enaltece o que nos une, e
as nossas diferenças e divergências, culturais, sociais, políticas...
liga pessoas, as suas ideias e valores, como nunca antes. E estamos
ainda nos primórdios desta nova era.
Esta forma de comunicar,
mais pessoal, também tem as suas nuances. Nem todos são, ou têm os
meios, de um Barack Obama, ou estilo de Beppe Grillo, nem tudo é
Primavera Árabe. A substituição de comícios por mensagens tipo
140-caracteres exponencia a intimidade na política e aumenta o nível de
responsabilização, mas simultaneamente estimula uma corrida para se ser
ouvido, de ruído e contra-informação.
E com a informação,
projecções, interacção em (quase) tempo real, qual é o verdadeiro
potencial da utilização política dos canais da rede social? Não haverá
limites à imaginação, antes um ambiente em que o político terá de estar
sempre "no ar", e sempre que partilhado - seja por um jornalista ou
opositor - é notícia. Factual? Sim, nem que seja descontextualizada.
Os
políticos têm de estar preparados com uma estratégia sólida, uma ideia
clara da audiência e da mensagem a ser partilhada, e não se relacionar
com as media e redes sociais de forma imprudente, senão acabam
associados à hashtag #fail. Ou não houvesse um barquinho de Pedro... Uma
nova forma de comunicação também se precisa!
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
16/05/14
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