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Chefe de redacção adjunta
IN "DINHEIRO VIVO"
07/04/14
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A lebre afinal era gato
– e manhoso
Assim que descobriu que ia mudar de chefe, começou a trabalhar
como se não houvesse amanhã. Passou a chegar cedo e a sair tarde, a
pilha de papéis na sua secretária desapareceu como por magia, despachou
tudo com rigor. E até começou a ter ideias – que era coisa que nunca lhe
passaria pela cabeça.
A verdade é que se o novo chefe
sonhasse como as coisas eram antes, provavelmente não haveria mesmo
amanhã para si, pelo menos ali. E o seu instinto de sobrevivência falou
mais alto – nos dias que correm, seria louco se arriscasse perder o
emprego. A questão é: tem a certeza que não agiu tarde de mais?
Sempre
que se avizinham mudanças estruturais, mesmo alguns dos trabalhadores
mais dedicados tendem a adoptar uma de duas atitudes – nenhuma delas
saudável. Ficam perdidos, desorientados e positivamente incapazes de
reagir, passando uma imagem de incompetência que não corresponde à
realidade. Ou transformam-se em super-empregados capazes de fazer o seu
trabalho e o de todos os que o rodeiam.
Escusado será dizer que
criar falsas expectativas em relação às suas capacidades é um erro –
mesmo porque não aguentará a farsa muito tempo.
Se tentar ir a
todas dificilmente fará alguma coisa de jeito. Aspectos importantes vão
necessariamente escorregar-lhe por entre os dedos e vai acabar por fazer
asneira. E ninguém é capaz de viver num ritmo infernal – quando não
aguentar mais, o seu novo chefe não vai perceber a razão da sua mudança
de atitude e ficará desiludido com a lebre que virou gato.
Uma
mudança de ares pode ser um excelente ponto de partida para voltar a
entusiasmar-se com a sua carreira, mas não exagere naquilo que tenta
mostrar. Se é um bom profissional, a consistência deve ser uma das suas
qualidades. E mesmo que demore umas semanas, acabarão por reconhecer o
seu valor.
Por outro lado, se andou a arrastar os pés nos últimos
meses, é pouco provável que essa realidade tenha passado ao lado do
chefe, mesmo que tenha começado a dar o litro assim que soube que ele ia
chegar.
Encarar um emprego como quem corre os 100 metros é um
erro. Vai cansar-se cedo e descobrirá da pior maneira que a meta nunca
mais aparece. Veja-o antes como uma corrida de fundo – há que saber
quando acelerar e abrandar, mas o essencial é manter o ritmo.
Chefe de redacção adjunta
IN "DINHEIRO VIVO"
07/04/14
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