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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Surf está a explodir em Portugal e
já vale 400 milhões na nossa economia
Talvez seja o efeito McNamara, talvez sejam as ondas da Nazaré,
talvez seja o renascimento de uma moda, ou tudo junto, mas a verdade é
que o surf explodiu em Portugal como nunca antes. Tanto, que a Samsung
poderá ser a próxima grande marca a patrocinar este desporto no país. Só
desde o início do ano, o número de empresas de animação turística
ligadas ao surf cresceu 13%, depois de já ter subido 26% em 2013.
Os
números, revelados ao Dinheiro Vivo pelo secretário de Estado do
Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, espelham o rápido crescimento deste
desporto. A Associação Nacional de Surfistas (ANS) calcula que haja
neste momento 200 mil praticantes no país e que o contributo para a
economia nacional ascenda aos 400 milhões de euros. Motivo pelo qual o
governo está atento e a investir na promoção da modalidade.
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Portugal
também volta a estar incluído no calendário do Campeonato Mundial (WCT)
da Association of Surfing Professionals (ASP) em 2014. E a Samsung
Portugal está aberta a entrar como patrocinadora, como adianta Pankaj
Parshotam, responsável de marketing corporativo da subsidiária. “É uma
possibilidade em aberto”, disse ao Dinheiro Vivo, “até porque há
enquadramento a nível internacional”. Isto porque a Samsung foi
anunciada, em fevereiro, como patrocinadora principal do campeonato
mundial de surf - Samsung ASP World Championship Tour 2014. Apesar de
ainda não haver decisões tomadas, a Samsung Portugal está seriamente a
considerar a possibilidade.
Algo que Francisco Simões Rodrigues,
presidente da Associação Nacional de Surfistas, tem a certeza de que vai
acontecer. “A Samsung é a patrocinadora do circuito mundial de elite,
mas em Portugal ainda não faz nada connosco”, disse ao Dinheiro Vivo.
“Já não é o ‘como’ nem o ‘porquê’, é o ‘quando’, vai acontecer.”
Até
agora, o investimento de grandes marcas no surf em Portugal tem sido
limitado, o que pode pôr em causa a sustentabilidade do crescimento
recente. “O Moche não chega, precisamos de muito mais. É preciso que
ganhemos mais terreno nas contas de marketing das empresas”, disse o
presidente da ANS, num debate que decorreu esta semana na Universidade
Católica sobre o impacto do surf na economia. “Temos um forte ponto de
diferenciação económica: o surf contribui com 400 milhões de euros para a
economia portuguesa”, indicou, frisando que este número “até é
conservador” e que agora “há vontade política e investimento”.
Agarrar a oportunidade
A
secretaria de Estado do Turismo tem executado “uma estratégia de
comunicação e promoção específica” para o surf, visto que Portugal se
tornou num dos principais destinos mundiais da modalidade. Esta
estratégia inclui a organização de visitas de jornalistas e bloggers
estrangeiros da especialidade e de campanhas de marketing em redes
sociais, sites e no Google. Mas não só. Foi ainda criado o circuito
próprio e exclusivo de Portugal, o Portuguese Waves Series 2013 (com as
provas Sata Azores Pro, Rip Curl Pro Portugal by Moche e Cascais Pro
2013) e lançada a plataforma www.portuguesewaves.com. E, claro, o
projeto com Garrett McNamara, o McNamara Surf Trip, consistindo na
realização de conteúdos de vídeo protagonizados pelo surfista.
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“A
relevância deste segmento para a imagem do país é indiscutível, pelo
que mantemos uma forte aposta na sua promoção”, garante João Cotrim,
presidente do Turismo de Portugal, que vai apoiar financeiramente o WCT
PRO Portugal em Peniche, entre 8 e 19 de outubro. “O projeto McNamara
Surf Trip, por exemplo, não se destina apenas a promover o surf,
destina-se a promover a nossa oferta turística através do olhar de um
surfista com uma forte ligação a Portugal e alguma notoriedade.”
A
criação de empresas ligadas ao surf tem sido exponencial, mas o tecido
ainda é muito fragmentado e concentrado na zona de Lisboa. “O governo
está consciente desta realidade e temos tomado medidas precisamente
direcionadas para a melhoria da competitividade das micro e pequenas
empresas do sector”, sublinha Adolfo Mesquita Nunes. “O nosso principal
papel é sair da frente destas empresas, é desamparar-lhes a loja e
permitir-lhes crescer e desenvolver o seu negócio e a sua criatividade
em liberdade”, algo que foi feito com a liberalização do acesso e
exercício da atividade de animação turística e a redução das taxas em
80%, esclarece o secretário de Estado.
“Nós temos a maior onda do
mundo na Nazaré, temos a onda mais comprida da Europa na Figueira da
Foz, temos o trecho de costa com ondas mais concentrado da Europa, na
Ericeira, ainda temos o surf urbano da região de Cascais e as ondas
fáceis para todos aprenderem na Costa de Caparica”, resume Francisco
Rodrigues. “O grande potencial está exatamente aqui: as condições
naturais que temos. Pode ser suficientemente apelativo para que as
empresas de surf se fixem em Portugal.”
Francisco Spínola, diretor
de marketing da Rip Curl, diz que “o surf já esteve na moda e a moda
não pegou porque não havia fatores económicos que sustentassem esses
investimentos”. Mas agora “temos um bocadinho de tudo”. E isso pode ser a
garantia do futuro do surf em Portugal, que já é conhecido como a
“Califórnia da Europa”.
* No surf aprende-se disciplina, camaradagem, espírito de entreajuda, preocupação pelo ambiente, muito mais importante que os milhões que possa dar.Mas é bom que também seja negócio.
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