19/01/2014

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ESTA SEMANA NO
"SOL"

Jovens mães e grávidas adolescentes
. fogem ao abandono escolar na 
Ajuda de Mãe

Jovens mães ou grávidas adolescentes fogem ao abandono escolar na escola da Ajuda de Mãe, um projecto de ensino à distância em que se aprende, mas também se criam rotinas, regras e hábitos de trabalho.

Esta escola de ensino à distância para a itinerância nasceu em 2007 numa parceria com um projecto do Ministério da Educação que se destinava a filhos de feirantes e artistas de circo.

Agora o projecto é realizado em parceria com a Escola Fonseca Benevides e destina-se a "mães que estavam em abandono escolar ou que poderiam fazê-lo por causa do bebé", explicou à agência Lusa a presidente da Ajuda de Mãe.

A maioria destas jovens ficaria em abandono escolar porque, "muitas vezes, a vergonha de estarem grávidas e de estarem numa escola comum, em que as colegas não estão a passar por essa fase, é complicado e acabam por abandonar a escola", acrescentou a psicóloga Fátima Silva.

Há também casos de jovens que já tinham abandonado a escola quando aconteceu a gravidez, adiantou Fátima Silva.

"É um bocadinho apanhá-las e colocá-las neste processo para completarem o ano. Se quiserem podem ficar para anos futuros ou ir para uma escola regular, mas aí já o bebé está numa creche", explicou.

As matérias, que abrangem desde o sexto ao 12.º ano, são disponibilizadas numa plataforma digital e o contacto com os professores é feito através de um fórum na internet.

No primeiro mês do bebé, as recém-mães podem ter aulas em casa. Depois voltam à instituição com os seus bebés que ficam na creche da instituição enquanto as jovens estão a ter aulas.

Durante o período das aulas, as mães vão sendo chamadas para dar de mamar aos bebés, explicou a psicóloga.

"É um projecto muito bom e muito válido porque as jovens conseguem completar os anos de escolaridade que lhes faltam", sendo a média de sucesso escolar de 85%.

Na Ajuda de Mãe também se aprende a preparar o nascimento do bebé, conforme contou à Lusa Joana (nome fictício) no final de uma aula onde aprendeu os cuidados a ter no banho com o recém-nascido.

Quando descobriu que estava grávida aos 19 anos, Joana ficou assustada porque "sabia que não tinha condições para ter uma criança, mas também não tinha coragem para interromper a gravidez".
Na altura estava empregada, mas quando descobriram a gravidez foi despedida. Sem família e sem emprego, tinha de "arranjar uma solução".

"Tinha estado institucionalizada noutra instituição, fui lá pedir ajuda e reencaminharam-me para aqui. Passado uma semana já aqui estava", contou Joana, grávida de sete meses.

Aos três meses de gravidez foi acolhida na residência das adultas da instituição, em Entrecampos, onde tem recebido o apoio que necessita.

"Tem sido um apoio grande, não tinha mais ninguém. Estava sozinha. Só tenho o pai da criança, mas também mora longe e é um bocado complicado", lamentou a jovem.

A Ajuda de Mãe acolhe nas três residências 25 mães, o limite máximo que está sempre completo, disse Madalena Teixeira Duarte.

No ano passado, a instituição apoiou cerca de 1.300 famílias, um número idêntico ao do ano anterior: "Não há mais mães a pedir apoio, o que há são casos mais preocupantes e mais graves", frisou.
"Preocupa-me que muitas das famílias que vêm aqui procurar a nossa ajuda e que vão ter este bebé tenham poucas condições para o criar com qualidade", sublinhou a responsável.

A "parte mais visível" da ajuda prestada pela instituição é dirigida a famílias com carências económicas e é feita através do apoio alimentar e de artigos para o bebé.

"Apoiamos cerca de 150 famílias por mês, mas apoiamos muitas mais em fraldas, papas e leites para os bebés, todos os artigos", sublinhou.

Depois destas necessidades estarem colmatadas, as famílias "estão mais disponíveis para a formação profissional e reintegração no mercado de trabalho", sublinhou a presidente.

* Chama-se humanidade.


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