HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Anacom quer que medidor de
velocidade na internet funcione
como pressão sobre operadores
A Anacom lançou o Netmede, um serviço que permite
testar a velocidade de internet oferecida pelos operadores. Não tem
valor legal, mas o regulador acredita que vai funcionar como pressão
junto dos fornecedores do serviço.
A Anacom lançou o Netmede, um serviço
que permite testar a velocidade de internet que tem em sua casa. Há que
ter em atenção que se tiver um "router" wireless a velocidade diminui,
por isso, para testar a velocidade real deverá ligar o cabo directamente
ao acesso fixo.
Em conferência de imprensa, Fátima Barros, presidente da Anacom,
explica que "apesar desta ferramenta não ser um instrumento com valor
legal, ou seja, os resultados não podem ser usados para colocar em causa
o contrato com os operadores, a ferramenta vai, no entanto, permitir
que um consumidor insatisfeito possa fazer pressão sobre o operador que
fornece o serviço".
A presidente da Anacom lembra, ainda, que os contratos em Portugal
não contratualizam velocidades mínimas garantidas, mas apenas as máximas
e é um valor de "até", onde cabe tudo.
Por isso, os resultados podem ter valor na pressão sobre os
operadores, ainda mais quando os resultados podem ser partilhados (por
exemplo nas redes sociais), e os operadores podem ficar com um custo
reputacional.
O Netmede é lançado no âmbito da "preocupação com o consumidor" e
"para aumentar a transparência no mercado". Pode, ainda, no futuro, até
funcionar como meio de recolha estatística para avaliar, por exemplo, a
qualidade do serviço. Mas Filipe Boa Baptista, administrador da Anacom,
explica que isso será uma fase posterior, já que a Anacom fica apenas
com informações brutas e não recolhe condições que seriam essenciais
verificar num estudo estatístico.
Também para o futuro fica a promessa de ter um serviço adaptado aos telemóveis inteligentes ("smartphones") e "tablets".
A Anacom acredita que o serviço é de fácil utilização. E tem a
vantagem, face a outros que existem, de permitir medir o "traffic
shaping" (gestão de tráfego por parte do operador), que pode tornar mais
lento o acesso para gerir melhor o tráfego, nomeadamente a serviços P2P
(computador a computador) ou outros que requeiram maior largura de
banda. Essa medição é feita por este simulador. A Anacom chama, no
entanto, a atenção que a medição de gestão de tráfego demora cerca de 10
minutos e consome muitos dados, o que significa que para quem tenha
tráfego limitado pode ser consumidor de boa parte desse tráfego.
Além de medir a velocidade no "download" (descarregar ficheiros) e do
"upload" (enviar ficheiros), o Netmede permite verificar o "delay"
(latência do serviço, ou seja, o tempo que demora a dar a resposta a uma
determinada acção) e a evolução do "delay" e a gestão de tráfego.
Fátima Barros acredita, por isso, que este simulador "terá um impacto
no mercado muito positivo e interessante", já que permite aos
consumidores "ganhar mais informação sobre o serviço", o que por outro
lado lhes permitirá "exigir mais dos seus operadores".
Para testar tem de ter a última versão java instalada no computador.
A latência (delay) típica nos acessos fixos é inferior a 10 ms
(milisegundos), enquanto numa rede móvel de quarta geração pode ser de
35 milisegundos e numa de terceira geração pode chegar aos 100 ms. Um
valor de "delay" acima de 150 ms significa já alguma repercussão na
qualidade do serviço, especialmente se for uma aplicação mais
interactiva.
Apesar de não estar a ser pensado incluir em Portugal velocidades
mínimas garantidas como obrigatórias nos contratos, a Anacom garante que
a informação contratual é uma das preocupações do regulador. "As
condições dos contratos e evitar abusos é uma das áreas prioritárias da
Anacom neste momento".
* É necessária uma ferramenta com valor legal e que os operadores não façam contratos falaciosos.
A DECO instituição que deveras defende o consumidor poderia liderar o processo de contestação .
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