HOJE NO
"PÚBLICO"
Novo recorde deixa-nos mais perto
do computador quântico
A tecnologia anda à procura do bit quântico. Os bits são os
conhecidos zeros e uns, que codificam letras, números, imagens, e que
permitem que o mundo digital seja esta facilidade de escrever em
teclados e aparecerem letras em ecrãs. Hoje fazemos isso graças a
computadores com transístores integrados que nos parecem super-rápidos.
Mas o futuro, ou parte do futuro imaginado, está no computador quântico.
Uma equipa conseguiu manter
a memória de bits quânticos durante 39 minutos à temperatura ambiente,
dando um passo em frente no desenvolvimento da computação quântica. O
trabalho está explicado num artigo publicado na última edição da revista Science.
A esperança para a utilização de bits quânticos, também conhecidos como qubits, está nos spins dos átomos. Pode-se imaginar os spins
dos átomos como uma espécie de agulha interna que, quando submetida a
um campo magnético, pode ser manipulada para apontar para cima, para
baixo, ou para um estado intermédio.
Estas posições podem, ou pelo
menos é o que os cientistas desejam, guardar uma memória de zeros e uns
e, desta forma, permitir a computação. Para já, as mudanças do spin dos átomos são muito rápidas – na ordem da fracção de segundos – e não permitem manter essa memória.
Mas
os novos resultados de uma equipa internacional mostram que o problema
pode ser contornado. A equipa trabalhou com uma película de silicone
purificada com núcleos de átomos de fósforo, os chamados iões,
incorporados no silicone. A informação foi colocada nestes átomos.
Os
investigadores usaram um campo magnético para definir a direcção do spin destes átomos a uma temperatura de quatro graus acima do zero absoluto, o equivalente a -269º Celsius.
Durante três horas, 37% destes 10.000 milhões de iões mantiveram-se com o spin certo. Depois, a equipa subiu a temperatura para 25º Celsius. O spin
definido pelos cientistas, que pode ser visto como um tipo de memória
digital, manteve-se durante 39 minutos. “Isto abre portas para a
possibilidade de um armazenamento coerente de informação de longo
prazo”, diz em comunicado Mike Thewalt, líder da equipa, da Universidade
Simon Fraser no Canadá.
Até agora, o máximo de tempo conseguido
na manutenção de um estado quântico à temperatura ambiente tinha sido
de cerca de dois segundos.
Há, no entanto, desafios pela frente. Os spins foram todos colocados no mesmo estado quântico. O cálculo informático vai depender de se conseguir colocar diferentes qubits
em diferentes estados. “O grande desafio que ainda está por ser
ultrapassado é pô-los a conversar entre eles de uma forma controlada”,
resume Stephanie Simmons, da Universidade de Oxford, Reino Unido.
* É muita areia para a nossa camioneta, mas inteligente é.
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