SOL&SOMBRA
SOL
Carlos Silva
No
meio da maior tempestade política vivida nas últimas décadas, o novo
líder da UGT consegue surpreender pela forma como dá sequência à boa
herança que lhe é deixada por João Proença. Em apenas uma semana, a
central sindical fez um comunicado apelando a uma rápida resolução da
crise – mostrando disponibilidade para negociar com o Governo em
funções, qualquer que seja – e um outro, em conjunto com as
confederações patronais, apelando ao Acordo de Salvação Nacional
proposto pelo Presidente da República. Carlos Silva entrou com fama de
duro e quis mostrar que não ia ser simpático logo na greve geral. Mas
não deixou a UGT perder o seu principal trunfo: bom-senso e compromisso.
Dizer isto hoje não é dizer pouco.
Nuno Crato
O
Governo paralizou com a crise política aberta há 20 dias com a carta de
demissão de Gaspar. Mas houve um ministro que apareceu, ainda que
perdido no mar mediático dessa crise: foi o ministro da Educação, que
renegociou com a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e
Cooperativo o contrato de financiamento público. Resultado: um corte de
7,8 milhões de euros no próximo ano escolar. Um acordo pacífico,
apelidado como «adequado» pelos privados. Haja alguém a pensar no
próximo OE.
SOMBRA
Mário Soares
O
ex-tudo da República portuguesa já tinha dito quase tudo. Faltava isto,
porém: ameaçar a liderança do partido que fundou, assim como a própria
instutuição, com uma cisão, caso seja assinado um acordo de que
discorda. Dizem os históricos que o Presidente Cavaco encostou o PS ao
suicídio político. Pois o que Soares fez não foi melhor: diminuiu o seu
líder a uma mera caixa de ressonância, como se não tivesse autonomia de
decisão.
Assunção Esteves
Convém não
trocar a nuvem por Juno: o que se tem repetido nas galerias do
Parlamento não pode tornar-se regra, nem é compaginável com a dignidade
daquela instituição. Mas a reacção que a Presidente da Assembleia da
República teve à mais recente manifestação nessas galerias foi um erro,
pelo que disse e pelo tom com que o disse. Mais: se as galerias da
Assembleia estão a ser usadas para fins políticos, Assunção tem na sua
mão regras suficientes para tornar isso mais difícil. Simplesmente, até
aqui, não as usou.
IN "SOL"
22/07/13
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