O vazio absoluto
Cavaco Silva não é um bom presidente da República. Ele é o
Presidente da República. Mas isso não basta. E pelo que se tem visto não
nos serve. Portugal já teve outros governos fracos, mas tinha bons
presidentes da República.
Homens de uma envergadura intelectual
insuspeita. Cultos e informados, atentos e intervenientes. Numa palavra:
humanistas. Hoje perderam-se os homens em benefício dos autómatos. No
governo representados pelo ministro Gaspar, e na Presidência da
República por um alienígena. Que nos envergonha muitas vezes, em
demasiados lugares. Ainda recentemente na feira do livro de Bogotá em
que omitiu o prémio Nobel português, branqueando com desplante a
história do nosso país. Quem ouviu Cavaco Silva dizer que passámos a 7ª
avaliação da troika por inspiração de Nossa Senhora de Fátima pensou
tratar-se de um sketch do Portugalex. Não houve encenação, porém. O
homem respira e move-se a espaços. Os portugueses já fartos da sebenta
financeira, que junta à hora do jantar uma dezena de comentadores
televisivos, levam agora com o breviário supersticioso do Presidente da
República.
Que Maria Cavaco diga no recato do seu lar que foi por
influência divina que Portugal ultrapassou esta etapa até seria
aceitável, atendendo à elasticidade mental dos intervenientes, mas que o
PR o reproduza, sem corar de rubra vergonha, aos jornalistas já é muito
confrangedor. Os portugueses perguntam-se diariamente para que lhes
serve este Presidente da República. Que se mantêm calado quando se exige
que fale, que se dirige aos portugueses através de posts no facebook,
que não exerce as suas funções como devia. E que se transformou numa
anedota ambulante para o país. Que nos envergonha e empobrece amiúde. E
que, sobretudo, transforma o cargo de Presidente da República num
adereço inútil de um país empobrecido.
A absoluta vacuidade deste PR
desafia o tino dos portugueses e faz regredir décadas o país.
* Deputada na ALRAA pelo PS
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
21/05/13
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