HOJE NO
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Projecto do PS sobre co-adopção
por casais do mesmo sexo perto
de ser viabilizado
Membros
da direção da bancada do PS, que em Fevereiro de 2012 se abstiveram
perante os diplomas do BE e de "Os Verdes", admitem agora votar a favor
do projecto socialista
O
projeto do PS sobre co-adoção de crianças por casais do mesmo sexo tem
já amplo apoio na esquerda parlamentar e poderá ser viabilizado se
obtiver mais de 20 votos entre deputados da maioria PSD/CDS.
Na
sexta-feira, na Assembleia da República, são discutidos e votados em
plenário um projeto do PS que pretende consagrar a possibilidade de
co-adoção pelo cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo, dois diplomas do
Bloco de Esquerda que permitem a adoção de crianças por casais do mesmo
sexo e um outro do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) que alarga as
famílias com capacidade de adoção.
Se
os diplomas do Bloco de Esquerda e de "Os Verdes" constituem
reapresentações de projetos já reprovados em fevereiro do ano passado
pela maioria dos deputados do PSD e do CDS e por todos os do PCP, já o
projeto do PS, por incidir mais numa questão de extensão de direitos de
parentalidade e de proteção de menores, poderá ser viabilizado.
Na
votação de 24 de fevereiro de 2012, nove deputados do PSD votaram já a
favor e três abstiveram-se face a um projeto do PEV sobre adoção por
casais ou unidos de facto do mesmo sexo, que ainda recolheu no CDS um
voto a favor (Adolfo Mesquita Nunes) e uma abstenção (João Rebelo).
Na
próxima sexta-feira, perante um projeto do PS com um alcance mais
limitado, acredita-se que o número de apoios poderá subir nas bancadas
da maioria, sobretudo no PSD, mas também na esquerda parlamentar.
Em
declarações à agência Lusa, a deputada independente socialista Isabel
Moreira, primeira subscritora do diploma sobre co-adoção, afirmou
esperar agora alcançar um muito maior apoio entre os 230 deputados,
sobretudo na bancada do PS, que em fevereiro de 2012 registou apenas
oito votos contra e cerca de uma dezena de abstenções face ao projeto
mais maximalista do Bloco de Esquerda sobre adoção por casais do mesmo
sexo.
"Está em causa uma questão de
direitos humanos, de proteção de menores. Com o nosso projeto,
pretende-se evitar que uma criança possa ficar de um momento para o
outro duplamente órfã. Em caso de morte do pai biológico ou da mãe
biológica, é essencial que esteja garantida do ponto de vista jurídico a
parentalidade do outro cônjuge ou unido de facto, impedindo-se por essa
via a desproteção total da criança", salientou Isabel Moreira.
Isabel
Moreira invocou ainda em defesa do seu diploma uma decisão do Tribunal
Europeu dos Direitos do Homem, a qual, na sua opinião, forçará "mais
tarde ou mais cedo" Portugal a alterar a legislação em matéria de
proteção da criança e de adoção por casais ou unidos de facto do mesmo
sexo.
Membros da direção da bancada do
PS, que em fevereiro de 2012 se abstiveram perante os diplomas do Bloco
de Esquerda e de "Os Verdes", admitiram agora à agência Lusa votar a
favor do projeto socialista "mais moderado" sobre co-adoção.
Por
outro lado, vários deputados do PS referiram também a recente posição
do Partido Socialista Francês (PSF), que se uniu em torno da defesa da
adoção por casais do mesmo sexo.
De
acordo com a deputada ecologista Heloísa Apolónia, a recente experiência
francesa "foi muito importante, porque ajudou as pessoas a ganharem
ainda maior consciência sobre o que está em causa" com a adoção por
casais do mesmo sexo.
"Estou
convencida que a adoção por casais do mesmo sexo será aprovada mais
tarde ou mais cedo. Se não for desta vez, com o amadurecimento das
ideias, com a reflexão que as pessoas estão a fazer, será na próxima",
sustentou a deputada ecologista.
"Desde
a América do Sul até à Europa, está a haver um progresso muito rápido
nestas matérias. Estamos perante um verdadeiro 'boom'", apontou por sua
vez Isabel Moreira.
* Uma questão de maturidade!
.
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