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Portugueses alimentam-se cada
vez pior devido à crise
A
alimentação insuficiente é problema que "está a agravar-se"
entre os portugueses, devido à redução do poder de compra, tendo
efeitos na saúde, sobretudo face a doenças respiratórias, disse,
esta segunda-feira, um especialista do Instituto Superior de
Agronomia.
O problema
da alimentação "está a agravar-se" entre os portugueses,
porque tem a ver com o rendimento, e "há uma parte da população
que, por causa da redução do poder de compra, não pode comprar
alimentos", disse José Lima Santos, professor e investigador do
ISA.
Nos
últimos anos, "os preços dos alimentos tinham vindo a descer
continuamente e estávamos convencidos de que a questão da
alimentação estava basicamente resolvida à escala global",
explicou José Lima Santos.
"Havia
o problema da fome que, mais do que a nossa incapacidade de produzir
alimentos suficientes, acabava por ser a incapacidade do poder de
compra dos países em desenvolvimento, particularmente dos segmentos
mais pobres destes países", disse à agência Lusa o
especialista.
Portugal,
"neste momento, devido à redução do poder de compra das
pessoas, sobretudo dos segmentos mais frágeis da população, em
termos de poder de compra, esse problema está a colocar-se também",
defendeu.
Lima
Santos reconheceu que o problema "não é à mesma escala do que
ocorre nos países em desenvolvimento, mas já [tem] alguma
expressão, não só em termos dos nutrientes mais básicos, como a
energia e a proteína".
O
investigador do ISA, da Universidade Técnica de Lisboa, falava à
agência Lusa a propósito do lançamento do livro "O Futuro da
Alimentação: Ambiente, Saúde e Economia", resultado do ciclo
de sete conferências que decorreram no ano passado, na Fundação
Gulbenkian, em Lisboa, e contaram com a participação de vários
especialistas internacionais.
O
investigador recordou que, nos países em desenvolvimento, as pessoas
mais pobres gastam metade ou mais do que ganham em alimentos e,
sempre que há uma quebra de rendimento, como acontece atualmente em
Portugal, ou subidas muito grandes do preço da alimentação, como
em 2008 e em 2011, as pessoas deixam de ter dinheiro para comprar o
que precisam.
Esta
situação "tem implicações na saúde humana, pois a redução
da ingestão dos nutrientes, nas doses apropriadas, tem consequências
na saúde, como a fragilidade das pessoas face a doenças
respiratórias", no inverno, referiu Lima Santos.
Além do
crescimento da população mundial, o consumo de alimentos por cada
cidadão aumentou, com o desenvolvimento das economias emergentes,
como a China ou a Índia.
Os debates
na Gulbenkian centraram-se nas várias vertentes da alimentação, da
produção alimentar à escala global à saúde, economia, pressão
ecológica e as formas de resolvê-la, com o apoio da evolução
tecnológica. O
lançamento do livro, na terça-feira, vai contar com a participação
de Antonio Di Giulio, da Direção-Geral da Investigação e Inovação
da Comissão Europeia.
* UMA DESGRAÇA.
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