29/07/2012

CARLA HILÁRIO QUEVEDO


GOSTO POR LEIS

Há dias assistimos pela televisão a um acontecimento insólito em Hyde Park. Bruce Springsteen e Paul McCartney tocavam alegremente para 65 mil pessoas, quando, de repente, ficaram silenciosos.
A produção do espectáculo decidiu desligar o som, porque passava da hora estabelecida por lei para o fim do concerto. As reacções não se fizeram esperar. Um dos membros da banda de Springsteen tweetou que Inglaterra se tornou nada menos que um estado policial. Os comentadores na imprensa insultaram a produção por não ter violado a lei. A excepção foi Guy Stagg, que escreveu um artigo delicioso no Telegraph a defender a decisão: «Se quer viver num país em que o temperamento artístico significa que o cumprimento da lei é opcional, então mude-se para França». Segundo o colunista, foi o respeito pelas leis que fez de Inglaterra uma grande nação. Está bem. A confirmar a regra temos a excepção de Vale e Azevedo.

Novos dados

Porque é que as mulheres vêem futebol e outros desportos quando nunca manifestaram o mínimo interesse por qualquer modalidade desportiva, à excepção da ginástica e da patinagem artística? Segundo os resultados de um estudo divulgado pelo Los Angeles Times, para se aproximarem dos maridos. Elas festejam os golos, mas não estão interessadas nas jogadas do Cristiano Ronaldo. Segundo o mesmo estudo, o que afasta as mulheres dos campeonatos é a falta de tempo para seguir os jogos. Aqui temos uma resposta tipicamente feminina. Até estava disposta a defender a tese, quando me apercebi de que o estudo se baseia nas respostas de 19 mulheres, 17 das quais brancas e 15 com crianças em casa. É pouco para elaborar uma teoria sobre a generosidade feminina, que faz suportar noventa eternos minutos de Benfica-FC Porto porque ele diz: «Agora ficavas a ver o jogo comigo». Mas o que fica é a certeza de que as mulheres fazem tudo por amor. 

Não usa aliança

Há uma campanha curiosa a decorrer na imprensa britânica, que parece tirada das chamadas revistas do coração, mas que é de política pura. Tudo começou com uma entrevista de David Cameron à Glamour. O primeiro-ministro inglês afirmou que não usava aliança e logo o Telegraph pegou na declaração para fazer a distinção entre a upper class e a ralé. Um cavalheiro não usa jóias, ao contrário dos futebolistas. Segundo um representante do Debrett’s (um prestigiado guia de genealogia), a recusa de Cameron estaria relacionada com a ideia antiga de que os homens não usam jóias. Mas Peter York, outro especialista no tema, reclama que David Cameron estaria a fazer uma afirmação de classe, seguindo um velho código de Eton, onde foi educado. Há coisas que um cavalheiro de Eton não faz, e uma delas é usar aliança. O cavalheiro de Eton é uma desilusão como governante. Veremos se a campanha ‘Sou mais upper class do que os outros’ o salva da derrota nas eleições.

Faça você mesma

Li uma notícia no Telegraph sobre uma nova moda em Inglaterra: pintar as solas dos sapatos de encarnado e assim fazer com que passem por um par de caríssimos Christian Louboutin. A marca distintiva dos sapatos Louboutin é a sola encarnada, por isso nada melhor do que tornar uns sapatos de salto altíssimo num par de 800 euros, usando uma pequena lata de tinta ‘Flame’ ou ‘Show Stopper’, as mais vendidas da marca Duracoat para o efeito. As vendas das tintas aumentaram 40 por cento e as mulheres estão felizes com os seus pseudo-Louboutin. Fazer passar gato por lebre não é uma ideia nova e tem os seus objectivos específicos. Muito mais divertido seria pintar as solas de alpercatas vulgaríssimas de encarnado. A marca não produz este tipo de calçado. Também podiam ser sandálias de plástico para a praia. Aí sim, teríamos um comentário aos deslumbrados louboutinianos. Se o que interessa é a sola, então qualquer sapato serve.

Continuando

A propósito do problema ‘usar ou não usar aliança’ provocado pelos média, desta vez porque Katie Holmes apareceu de mãos nuas em Nova Iorque, a BBC Magazine lançou um desafio aos leitores: o que acontece às alianças em caso de divórcio? As respostas foram bastante variadas, umas mais surpreendentes do que outras. Em casos de divórcio muito sofridos e mal passados, as alianças acabam os seus dias 1) atiradas para o meio do mar 2) deitadas numa sarjeta na rua e 3) deitadas para o caixote do lixo. Nestes três casos, a mensagem é óbvia: não há hipótese de reconciliação. Uma senhora afirmou que passados 30 anos do divórcio, ainda usa aliança porque engordou e não a consegue tirar. É um caso de aceitação por preguiça. A resposta mais excêntrica e divertida veio de um casal que disse ter transformado a aliança dele num porquinho de ouro e a dela num pequeno chapéu de bruxa. Há que ter bom humor nas situações antipáticas da vida.



IN "SOL"
23/07/12

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