GOSTO POR LEIS
Há dias assistimos pela televisão a um acontecimento insólito em Hyde
Park. Bruce Springsteen e Paul McCartney tocavam alegremente para 65 mil
pessoas, quando, de repente, ficaram silenciosos.
A produção do
espectáculo decidiu desligar o som, porque passava da hora estabelecida
por lei para o fim do concerto. As reacções não se fizeram esperar. Um
dos membros da banda de Springsteen tweetou que Inglaterra se tornou
nada menos que um estado policial. Os comentadores na imprensa
insultaram a produção por não ter violado a lei. A excepção foi Guy
Stagg, que escreveu um artigo delicioso no Telegraph a defender a
decisão: «Se quer viver num país em que o temperamento artístico
significa que o cumprimento da lei é opcional, então mude-se para
França». Segundo o colunista, foi o respeito pelas leis que fez de
Inglaterra uma grande nação. Está bem. A confirmar a regra temos a
excepção de Vale e Azevedo.
Novos dados
Porque
é que as mulheres vêem futebol e outros desportos quando nunca
manifestaram o mínimo interesse por qualquer modalidade desportiva, à
excepção da ginástica e da patinagem artística? Segundo os resultados de
um estudo divulgado pelo Los Angeles Times, para se aproximarem dos
maridos. Elas festejam os golos, mas não estão interessadas nas jogadas
do Cristiano Ronaldo. Segundo o mesmo estudo, o que afasta as mulheres
dos campeonatos é a falta de tempo para seguir os jogos. Aqui temos uma
resposta tipicamente feminina. Até estava disposta a defender a tese,
quando me apercebi de que o estudo se baseia nas respostas de 19
mulheres, 17 das quais brancas e 15 com crianças em casa. É pouco para
elaborar uma teoria sobre a generosidade feminina, que faz suportar
noventa eternos minutos de Benfica-FC Porto porque ele diz: «Agora
ficavas a ver o jogo comigo». Mas o que fica é a certeza de que as
mulheres fazem tudo por amor.
Não usa aliança
Há
uma campanha curiosa a decorrer na imprensa britânica, que parece
tirada das chamadas revistas do coração, mas que é de política pura.
Tudo começou com uma entrevista de David Cameron à Glamour. O
primeiro-ministro inglês afirmou que não usava aliança e logo o
Telegraph pegou na declaração para fazer a distinção entre a upper class
e a ralé. Um cavalheiro não usa jóias, ao contrário dos futebolistas.
Segundo um representante do Debrett’s (um prestigiado guia de
genealogia), a recusa de Cameron estaria relacionada com a ideia antiga
de que os homens não usam jóias. Mas Peter York, outro especialista no
tema, reclama que David Cameron estaria a fazer uma afirmação de classe,
seguindo um velho código de Eton, onde foi educado. Há coisas que um
cavalheiro de Eton não faz, e uma delas é usar aliança. O cavalheiro de
Eton é uma desilusão como governante. Veremos se a campanha ‘Sou mais
upper class do que os outros’ o salva da derrota nas eleições.
Faça você mesma
Li
uma notícia no Telegraph sobre uma nova moda em Inglaterra: pintar as
solas dos sapatos de encarnado e assim fazer com que passem por um par
de caríssimos Christian Louboutin. A marca distintiva dos sapatos
Louboutin é a sola encarnada, por isso nada melhor do que tornar uns
sapatos de salto altíssimo num par de 800 euros, usando uma pequena lata
de tinta ‘Flame’ ou ‘Show Stopper’, as mais vendidas da marca Duracoat
para o efeito. As vendas das tintas aumentaram 40 por cento e as
mulheres estão felizes com os seus pseudo-Louboutin. Fazer passar gato
por lebre não é uma ideia nova e tem os seus objectivos específicos.
Muito mais divertido seria pintar as solas de alpercatas vulgaríssimas
de encarnado. A marca não produz este tipo de calçado. Também podiam ser
sandálias de plástico para a praia. Aí sim, teríamos um comentário aos
deslumbrados louboutinianos. Se o que interessa é a sola, então qualquer
sapato serve.
Continuando
A propósito do
problema ‘usar ou não usar aliança’ provocado pelos média, desta vez
porque Katie Holmes apareceu de mãos nuas em Nova Iorque, a BBC Magazine
lançou um desafio aos leitores: o que acontece às alianças em caso de
divórcio? As respostas foram bastante variadas, umas mais surpreendentes
do que outras. Em casos de divórcio muito sofridos e mal passados, as
alianças acabam os seus dias 1) atiradas para o meio do mar 2) deitadas
numa sarjeta na rua e 3) deitadas para o caixote do lixo. Nestes três
casos, a mensagem é óbvia: não há hipótese de reconciliação. Uma senhora
afirmou que passados 30 anos do divórcio, ainda usa aliança porque
engordou e não a consegue tirar. É um caso de aceitação por preguiça. A
resposta mais excêntrica e divertida veio de um casal que disse ter
transformado a aliança dele num porquinho de ouro e a dela num pequeno
chapéu de bruxa. Há que ter bom humor nas situações antipáticas da vida.
IN "SOL"
23/07/12
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