29/07/2012

21 - VULTOS DA CULTURA DA TERCEIRA REPÚBLICA »»» david mourão ferreira

  
David de Jesus Mourão-Ferreira (24 de Fevereiro de 192716 de Junho de 1996)
Escritor e professor universitário português, natural de Lisboa. Licenciou-se em Filologia Românica em 1951. Foi professor do ensino técnico e do ensino liceal e, em 1957, iniciou a sua carreira de professor universitário na Faculdade de Letras de Lisboa. Afastado desta actividade entre 1963 e 1970, por motivos políticos, foi professor catedrático convidado da mesma instituição a partir de 1990. Entretanto, mantivera nos anos 60 programas culturais de rádio e televisão. 
 
Do primeiro casamento, com Maria Eulália, sobrinha de Valentim de Carvalho, teve dois filhos, David João e Adelaide Constança, que lhe deram 11 netos.

ACTIVIDADE POLÍTICA E CULTURAL
Em 1963 foi eleito secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores e, já nos anos 80, presidente da Associação Portuguesa de Escritores. 
Logo após o 25 de Abril de 1974, foi director do jornal A Capital. 
Secretário de Estado da Cultura em vários governos entre 1976 e 1978, foi também director-adjunto do jornal O Dia entre 1975 e 1976. 
Responsável pelo Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian a partir de 1981, dirigiu, desde 1984, a revista Colóquio/Letras, da mesma instituição.

A sua carreira literária teve início em 1945, com a publicação de alguns poemas na revista Seara Nova. Três anos mais tarde, ingressou no Teatro-Estúdio do Salitre e no Teatro da Rua da Fé. Publicou as peças Isolda (1948), Contrabando (1950) e O Irmão (1965). 
Em 1950, foi um dos co-fundadores da revista literária Távola Redonda, que se assumiu como veículo de uma alternativa à literatura empenhada, de realismo social, que então dominava o panorama cultural português, defendendo uma arte autónoma. 
Em 1950, publicou o seu primeiro volume de poesia — Secreta Viagem. 
David Mourão-Ferreira colaborou ainda nas revistas Graal (1956-1957) e Vértice e em vários jornais, como o Diário Popular e O Primeiro de Janeiro.
Foi poeta, romancista, crítico e ensaísta. A sua poesia caracteriza-se pelas presenças constantes da figura da mulher e do amor, e pela busca deste como forma de conhecimento, sendo considerado como um dos poetas do erotismo na literatura portuguesa. 

A vivência do tempo e da memória são também constantes na sua obra, marcada, a nível do estilo, por uma demanda permanente de equilíbrio, de que resulta uma escrita tensa, e pela contenção da força lírica e sensível do poeta numa linguagem rigorosa, trabalhada, de grande riqueza rítmica, melódica e imagística, que fazem dele um clássico da modernidade.
Entre os seus livros de poesia encontram-se: 
-Tempestade de Verão (1954, Prémio Delfim Guimarães), 
-Os Quatro Cantos do Tempo (1958), 
-In Memoriam Memoriae (1962), 
-Infinito Pessoal ou A Arte de Amar (1962), 
-Do Tempo ao Coração (1966), 
-A Arte de Amar (1967, reunião de obras anteriores), 
-Lira de Bolso (1969), 
-Cancioneiro de Natal (1971, Prémio Nacional de Poesia), -Matura Idade (1973), 
-Sonetos do Cativo (1974), 
-As Lições do Fogo (1976), 
-Obra Poética (1980, inclui as obras À Guitarra e À Viola e Órfico Ofício), 
-Os Ramos e os Remos (1985), 
-Obra Poética, 1948-1988 (1988) e 
-Música de Cama (1994, antologia erótica com um livro inédito). 

Ensaísta notável, escreveu: 
-Vinte Poetas Contemporâneos (1960), 
-Motim Literário (1962), 
-Hospital das Letras (1966), 
-Discurso Directo (1969), 
-Tópicos de Crítica e de História Literária (1969), 
-Sobre Viventes (1976), 
-Presença da «Presença» (1977), 
-Lâmpadas no Escuro (1979), 
-O Essencial Sobre Vitorino Nemésio (1987), 
-Nos Passos de Pessoa (1988, 
-Prémio Jacinto do Prado Coelho), 
-Marguerite Yourcenar: Retrato de Uma Voz (1988),  
-Estudos Sobre Autores de Língua Portuguesa (1989), -Tópicos Recuperados (1992), 
-Jogo de Espelhos (1993)  
-Magia, Palavra, Corpo: Perspectiva da Cultura de Língua Portuguesa (1989).
Na ficção narrativa, estreou-se em 1959 com as novelas de Gaivotas em Terra (Prémio Ricardo Malheiros), os contos de Os Amantes (1968), e ainda As Quatro Estações (1980, Prémio da Crítica da Associação Internacional dos Críticos Literários), 
Um Amor Feliz, romance que o consagrou como ficcionista em 1986 e que lhe valeu vários prémios, entre os quais o Grande Prémio de Romance da APE e o Prémio de Narrativa do Pen Clube Português, e Duas Histórias de Lisboa (1987).

Deixou ainda traduções e uma gravação discográfica de poemas seus intitulada «Um Monumento de Palavras» (1996). Alguns dos seus textos foram adaptados à televisão e ao cinema, como, por exemplo, Aos Costumes Disse Nada, em que se baseou José Fonseca e Costa para filmar, em 1983, «Sem Sombra de Pecado». 

David Mourão-Ferreira foi ainda autor de poemas para fados, muitos deles celebrizados por Amália Rodrigues, tal como «Madrugada de Alfama».
Recebeu, em 1996, o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores. 


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