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GUIMARÃES
DISTRITO DE BRAGA
Guimarães é uma cidade portuguesa situada no Distrito de Braga, região Norte e sub-região do Ave (uma das sub-regiões mais industrializadas do país), com uma população de 52 181 habitantes, repartidos por uma malha urbana de 23,5 km², em 20 freguesias e com uma densidade populacional de 2 223,9 hab/km².
É sede de um município com 241,05 km² de área e 158 124 habitantes (2011)[3], subdividido em 69 freguesias, sendo que a maioria da população reside na cidade e na sua zona periférica. O município é limitado a norte pelo município de Póvoa de Lanhoso, a leste por Fafe, a sul por Felgueiras, Vizela e Santo Tirso, a oeste por Vila Nova de Famalicão e a noroeste por Braga.
É uma cidade histórica, com um papel crucial na formação de Portugal, e que conta já com mais de um milénio desde a sua formação, altura em que era designada como Vimaranes. Podendo este topónimo ter tido origem em Vímara Peres, nos meados do século IX, quando fez deste local o seu principal centro governativo do condado Portucalense que tinha conquistado para o Reino de Galiza e onde veio a falecer.
Guimarães é uma das mais importantes cidades históricas do país, sendo o seu centro histórico considerado Património Cultural da Humanidade, tornando-a definitivamente um dos maiores centros turísticos da região. As suas ruas e monumentos respiram história e encantam quem a visita.
A Guimarães actual soube conciliar, da melhor forma, a história e consequente manutenção do património com o dinamismo e empreendedorismo que caracterizam as cidades modernas, que se manifestou na nomeação para Capital Europeia da Cultura em 2012, factores que levaram Guimarães a ser eleita pelo New York Times como um dos 41 locais a visitar em 2011 e a considerá-la um dos emergentes pontos culturais da Península Ibérica.[4].
Guimarães é muitas vezes designada como "Cidade Berço", devido ao facto aí ter sido estabelecido o centro administrativo do Condado Portucalense por D. Henrique e por seu filho D. Afonso Henriques poder ter nascido nesta cidade e fundamentalmente pela importância histórica que a Batalha de São Mamede, travada na periferia da cidade em 24 de Junho de 1128, teve para a formação da nacionalidade. Contudo, as necessidades da Reconquista e de protecção de territórios a sul levou esse mesmo centro para Coimbra em 1129.
Gentílico | vimaranense; guimaranense (raro) | |
Área | 241,05 km² | |
População | 158 124 hab. (2011[1]) | |
Densidade populacional | auto | |
N.º de freguesias | 69 | |
Presidente da Câmara Municipal | António Magalhães (PS) Mandato 2009-2013 | |
Fundação do município (ou foral) | 1096? (Conde D. Henrique) | |
Região (NUTS II) | Norte | |
Sub-região (NUTS III) | Ave | |
Distrito | Braga | |
Antiga província | Minho | |
Orago | Nossa Senhora da Oliveira e São Gualter | |
Feriado municipal | 24 de Junho (Batalha de São Mamede) | |
Código postal | 48__-___ Guimarães | |
Endereço dos Paços do Concelho | Largo Cónego José Maria Gomes 4800-419 Guimarães | |
Sítio oficial | www.cm-guimaraes.pt | |
Endereço de correio electrónico | geral@cm-guimaraes..pt |
Os "Vimaranenses" são orgulhosamente tratados por "Conquistadores", fruto dessa herança histórica de conquista iniciada precisamente em Guimarães.
COMO CHEGAR
Guimarães é, administrativamente, um concelho composto por 69 freguesias que se inserem numa área de 242,32 km2, com cerca de 160.000 habitantes. Está situado a Noroeste de Portugal e dista, aproximadamente, 350 km da sua capital, Lisboa e cerca de 50 km da cidade do Porto.
As vias de acesso mais directas, para quem pretende deslocar-se a Guimarães, são as vias rodoviária e ferroviária.
Rodoviária:
Utilizando a actual rede de auto-estradas, de Guimarães chega-se ao Porto em aproximadamente 30 minutos (A7 e A3), a Braga em 15 minutos (A11), a Vigo em 90 minutos (A7 e A3) e a Lisboa em 180 minutos (A3, A7 e A1).
Existem várias empresas rodoviárias que efectuam ligações, directas e/ou não directas, entre qualquer ponto de Portugal e Guimarães.
Ferroviária:
A ligação ferroviária faz-se através da linha electrificada, a partir da qual são estabelecidas várias ligações directas e/ou não directas entre vários destinos, e que permite que a deslocação entre Guimarães/Porto, e vice-versa, demore aproximadamente 60 minutos.
O aeroporto mais próximo de Guimarães é o Francisco Sá Carneiro, na Maia, que dista cerca de 50 km. Através da rede de auto-estradas (A7 e A3) esta deslocação poderá ser feita em cerca de 35 minutos.
HISTÓRIA
A cidade de Guimarães está historicamente, associada à fundação da nacionalidade e identidade Portuguesa.
PRAÇA DA OLIVEIRA |
Guimarães (entre outras povoações) antecede e prepara a fundação de Portugal, sendo conhecida como "O Berço da Nação Portuguesa". Aqui tiveram lugar em 1128 os principais acontecimentos políticos e militares, que levariam à independência e ao nascimento de uma nova Nação. Por esta razão, está inscrito numa das torres da antiga muralha da cidade “Aqui nasceu Portugal”, referência histórica e cultural de residentes e visitantes nacionais.
Pré e Proto-História
A região em que Guimarães se integra, é de povoamento permanente desde pelo menos o Calcolítico Final nacional, como atestam a presença, no concelho, das citânias de Briteiros e de Sabroso ou a Estação arqueológica da Penha.
A Ara de Trajano, denuncia a utilização, pelos romanos das águas termais da vila de Caldas das Taipas, assim como a actual freguesia de São João de Ponte era um ponto de intersecção de várias vias romanas.
Da fundação de Guimarães à fundação de Portugal
A fundação medieval da actual cidade, tem as suas raízes no remoto século X.
Foi nesta altura que a Condessa Mumadona Dias, viúva de Hermenegildo Mendes mandou construir, na sua propriedade de Vimaranes, um mosteiro dúplice, que se tornou num pólo de atracção e deu origem à fixação de um grupo populacional conhecido como vila baixa. Paralelamente e para defesa do aglomerado, Mumadona construiu um castelo a pouca distância, na colina, criando assim um segundo ponto de fixação na vila alta. A ligar os dois núcleos formou-se a Rua de Santa Maria.
No século XI Guimarães era, a seguir a Coimbra, conjuntamente com o Porto a maior cidade a norte do vale Rio Tejo, sendo que o seu recinto amuralhado ocupava a área de 3 hectares.
Posteriormente o Mosteiro transformou-se em Real Colegiada e adquiriu grande importância devido aos privilégios e doações que reis e nobres lhe foram concedendo. Tornou-se num afamado Santuário de Peregrinação, e de todo o lado acorriam crentes com preces e promessas.
A outorgação, pelo Conde D. Henrique, do primeiro foral nacional (considerado por alguns historiadores anterior ao de Constantim de Panóias), em data desconhecida, mas possivelmente em 1096, atesta a importância crescente da então vila de Guimarães, escolhida ainda como capital do então Condado Portucalense.
Idade média
Como a vila foi-se expandindo e organizando, foi rodeada parcialmente por uma muralha defensiva no reinado de D. Dinis.
Entretanto as ordens mendicantes instalam-se em Guimarães e ajudam a moldar a fisionomia da cidade. Posteriormente, os dois pólos fundem-se num único e após o derrube da muralha que separava os dois núcleos populacionais no reinado de D. João I, a vila intramuros já pouco mudará, embora se expandisse extramuros com a criação de novos arruamentos como a Rua dos Gatos.
Idade moderna e contemporânea
Haverá ainda a construção de algumas igrejas, conventos e palácios, a formação do Largo da Misericórdia (actual Largo João Franco) em finais do século XVII e inícios do XVIII, mas a sua estrutura não sofrerá grande transformação. Será a partir de finais do século XIX, com as novas ideias urbanísticas de higiene e simetria, que a vila, elevada a cidade, pela Rainha D. Maria II, por decreto de 23 de Junho de 1853, irá sofrer a sua maior mudança.
Será autorizado e fomentado o derrube das muralhas, haverá a abertura de ruas e grandes avenidas como o actual Largo de Martins Sarmento, o Largo da Condessa do Juncal e a Alameda de São Dâmaso, e a parquização da Colina da Fundação. No entanto, quase tudo foi feito de um modo controlado, permitindo assim a conservação do seu magnífico Centro Histórico.
CENTRO HISTÓRICO
A cidade histórica de Guimarães encontra-se associada à emergência da identidade nacional portuguesa no século XII. Constitui um exemplo excepcionalmente bem conservado da evolução de uma localidade medieval para uma cidade moderna, com a rica tipologia edificativa a mostrar o desenvolvimento da arquitectura portuguesa entre os séculos XV e XIX com o uso continuado de técnicas e materiais de construção tradicionais.
Arquitectura
Características particulares
Guimarães, origem da nacionalidade, é uma cidade com um glorioso passado histórico, apresentando elevado grau de autenticidade nos tecidos urbano e edificado.
ANTIGOS PAÇOS DO CONCELHO |
Grande parte da estrutura edificada remonta ao século 17 e encontra-se erguida com as técnicas construtivas tradicionais. Estas construções, que preenchem densamente a malha urbana, constituem uma herança cultural, inerente ao património a salvaguardar. A autenticidade e integridade destes sistemas construtivos, constitui um valor singular excepcional. O Largo da Oliveira encontra-se rodeado por um conjunto de construções de valor patrimonial, designadamente: a Igreja Nossa Senhora da Oliveira, as "casas alpendradas" do século 17, o edificado habitacional erguido com os sistemas construtivos tradicionais, contendo ainda um alpendre gótico com o designado Padrão do Salado.
A Praça de Santiago, rodeada pelo conjunto residencial de maior qualidade artística e ambiental dos séculos 17 e 18, é marcada pela presença do edifício da antiga Casa da Câmara, cujo rés-do-chão é constituído por um alpendre apoiado em arcadas góticas, elemento singular de articulação entre a Praça de Santiago e o Largo da Oliveira. A Rua de Santa Maria, uma das mais antigas artérias de feição medieval, eixo principal de ligação entre o núcleo do Castelo, situado na cota alta e o núcleo do mosteiro, na parte baixa da vila. A Rua Nova ou Rua Egas Moniz, que apresenta um edificado de épocas bem diferenciadas, desde elementos de arquitectura medieva à arquitectura dos séculos 17 a 19, merecendo destaque a Casa da Rua Nova de raiz medieval, sofrendo obras de modificação no século 17, que constitui um dos exemplos tipológicos mais característicos das designadas casas de ressalto.
Técnicas de construção
As técnicas construtivas dominantes são designadas por taipa de rodízio e taipa de fasquio. A colocação do reboco constitui o revestimento final, sobre o qual se aplicam tintas artesanais. Estas técnicas construtivas, com raízes medievais, continuaram a utilizar-se até aos nossos dias por ser um processo construtivo de fácil execução.
“A taipa de rodízio”
A taipa de rodízio constitui uma técnica de construção de paredes exteriores e interiores, apenas utilizada para os andares superiores ao rés-do-chão, dado que o piso térreo é sempre construído em alvenaria de granito aparelhado.
“A taipa de fasquio”
A taipa de fasquio é igualmente uma técnica de construção de paredes exteriores e interiores, somente utilizada para os andares superiores ao rés-do-chão.
Estas paredes compõem-se de uma estrutura executada com tábuas de madeira colocadas a prumo sobre as quais se prega um segundo pano de tábuas, diagonalmente dispostas, travadas por último com um ripado. A este ripado dá-se o nome de "fasquio", sendo ele a identificação da própria técnica.
Habitações e outros edifícios
Guimarães tem um Núcleo urbano de formação medieval caracterizado por tecido edificado tipologicamente diversificado, mas com uma grande unidade formal no seu conjunto, integralmente erguido com os sistemas construtivos tradicionais. Entre a diversidade de tipos, pode-se distinguir os seguintes: casas burguesas quinhentistas - construídas utilizando o granito como material construtivo, completada nos pisos superiores pela taipa de rodízio.
CÂMARA MUNICIPAL |
Existem ainda dois exemplares: uma situa-se na antiga Rua do Cano de Cima, a N. do castelo, a segunda no início da Rua de Santa Maria, na qual se observam ao nível do rés-do-chão duas portas com arcos adintelados e no segundo piso duas janelas rectangulares de mitra chanfradas e biseladas.
Séc. XVI a XVII – diversificação dos materiais de construção
Casas nobres urbanas quinhentistas surgem na primeira metade do século 16, frequentemente resultado de transformações e adaptações preexistentes, seguindo o novo gosto renascentista que então se difundia no Noroeste do país, utilizando nas suas fachadas a cantaria de granito, material "distintivo da nobreza". Enquadráveis nesta tipologia, ainda hoje existentes, são a habitação de Pedro Álvares de Almada no antigo Largo da Tulha (actual Rua Dr. Avelino Germano) e a Casa dos Valadares de Vasconcelos, ao cimo da Rua de Santa Maria.
Ao longo do século 17 a tipologia da habitação comum diversifica-se segundo os seus materiais construtivos, a disposição dos vãos, a variedade dos elementos decorativos. Existe uma tendência para a estabilização das alturas, piso térreo e dois sobrados, e da frente do lote urbano que, contudo, mantém profundidade variável, que já desde o início do século 16 se caminha para esse lote padronizado. Casas de ressalto, de acentuada construção no século 17, construídas em alvenaria de granito ao nível do rés-do-chão e nos pisos superiores (normalmente com três pisos) em taipa de rodízio.
Séc. XVIII a XX – construções revestidas de azulejo
Casas urbanas de fachadas lisas foram construídas nos séculos 17 e 18, em alvenaria de granito e em taipa de rodízio, nos pisos superiores, outras construídas em perpianho (alvenaria de granito) de baixo a cima, em fiadas de esquadria; é um tipo sóbrio, de dois ou três andares, sem o mínimo destaque de ornamentos salientes de padieiras e ombreiras laterais, com a ausência de rebocos.
Casas nobres urbanas do século 18: casas em cantaria, armoriadas, ocupando lotes de superfície variável, mas de dimensões mais reduzidas que as dos seus predecessores seiscentistas, cujos pátios e escadarias exteriores se transferem para o interior do piso térreo.
Construções revestidas a azulejo do século 19: construídas em alvenaria de granito, contendo um género de revestimento só utilizado em Portugal a partir desta época, quando emigrantes portugueses regressaram à sua terra natal e investiram os seus capitais na compra ou financiamento de fábricas de cerâmica, incrementando nelas o fabrico de azulejos tipo padrão, destinado a revestimentos exteriores de edifícios.
A cidade foi uma das primeiras, depois do Porto, a usar nas fachadas das casas azulejos, de tipo diverso: uns lisos, de estampilha ou não, outros relevados e outros baixos-relevos.
Construções revestidas a azulejo do século 20 são construídas em alvenaria de granito contendo azulejos monócromos (verdes, cor de vinho, torrados, etc.) com o tamanho normal ou com a forma de meio azulejo, facetado.
Castelo
O Castelo de Guimarães localiza-se na freguesia de Oliveira do Castelo, cidade e Concelho de Guimarães, no Distrito de Braga, em Portugal.
Em posição dominante, sobranceiro ao Campo de São Mamede, este monumento encontra-se ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas da independência de Portugal, sendo designado popularmente como berço da nacionalidade.
Classificado como Monumento Nacional, em 2007 foi eleito informalmente como uma das Sete maravilhas de Portugal.
O castelo apresenta planta no formato aproximado de um escudo facetado. As suas muralhas, reforçadas por quatro torres, são rasgadas por portas. Um adarve, acedido por escadas nas torres, percorre a parte superior das muralhas, coroadas por ameias pentagonais, de recorte pontiagudo. Na face oeste, uma ponte de madeira estabelece a ligação entre o adarve das muralhas e a porta da torre de menagem. No troço norte das muralhas são visíveis as ruínas da antiga alcáçova, provavelmente do século XIV, que se divide em dois pavimentos, destacando-se as suas janelas exteriores e duas chaminés.
O portão principal, a oeste, é defendido por dois torrões, estando outros dois a defender a porta da traição, a leste.
A Torre de Menagem, ao centro da praça de armas, apresenta planta quadrangular, com poucas aberturas assinalando os pavimentos, ligados internamente por escada de madeira e de pedra. Um adarve largo e contínuo permite a circulação e a observação no topo da torre, coroada por ameias pentagonais pontiagudas.
Curiosidades
De acordo com a tradição, aqui nasceu o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques (1112-85). A pia onde se afirma ter sido baptizado encontra-se na capela românica da Igreja de São Miguel da Oliveira, no sector Oeste do castelo.
AS FESTAS NICOLINAS
As Festas Nicolinas têm a sua origem na devoção religiosa dedicada a São Nicolau que era oriundo da Ásia Menor e terá vivido nos séc. III e IV. Julga-se que terá sido Bispo em Mira, Turquia.
Este culto terá chegado até Guimarães através dos peregrinos de vários pontos do país e do estrangeiro que aqui se deslocavam para venerarem Nossa Senhora de Guimarães (Padroeira de Portugal até ao séc. XVII), e também através da passagem de romeiros de/e para Santiago de Compostela que terão deixado como marca a sua devoção a S. Nicolau.
São Nicolau está ligado à devoção popular como protector das raparigas pobres, dos perseguidos, dos comerciantes, das crianças, dos presos, dos infelizes, dos abandonados pela sorte; também, como sendo contra as heresias, e está indicado para a cura de determinado tipo de doenças.
Paralelamente a estas devoções, São Nicolau é também Patrono dos estudantes. Reza a lenda que três crianças em idade escolar foram esquartejadas por um estalajadeiro e quando São Nicolau se aproximou delas devolveu-lhes a vida. Talvez, por isso, São Nicolau seja muitas vezes representado com três crianças aos pés.
As celebrações em honra de São Nicolau, em Guimarães, inicialmente eram de cariz exclusivamente religioso. No entanto, com o passar do tempo vão sendo incluídas nessas celebrações manifestações de caracter profano, tais como cantares, danças, etc., pois representavam uma forma de quebrar com a dureza do dia-à-dia.
Este culto, desenvolvido entre o povo, foi mais tarde apropriado pelos estudantes que constituíram uma capela em honra de São Nicolau (entre 1661 e 1663) na Igreja Nossa Senhora da Oliveira, e aí sediaram a sua irmandade.
Inicialmente, as festas só eram celebradas no dia que está reservado no calendário religioso a S. Nicolau, dia 6 de Dezembro. Nesse dia de manhã, os estudantes participavam na missa com sermão e de tarde, as celebrações assumiam um caracter profano com a realização de jogos populares.
Com o passar dos tempos, verificou-se que um dia para festejos a S. Nicolau não era suficiente, pelo que nos mesmos foi também incluído o dia 5. Assim S. Nicolau passou a ser celebrado nos dias 5 e 6 de Dezembro. No dia 5, era anunciado o programa do dia 6 através de um pregoeiro que percorria as ruas da cidade.
Mais tarde os festejos vão ser alargados a oito dias, sendo o seu inicio a 29 de Novembro e o seu término a 7 de Dezembro e, actualmente, este é o período em que decorrem as Festas Nicolinas.
Durante estes dias, os estudantes tinham e têm várias “actividades” que fazem parte da estrutura da Festa. São os designados Números Nicolinos, os quais são fundamentais conhecer para entender o espírito destas Festas:
- as Novenas;
- as Ceias Nicolinas;
- o Pinheiro;
- as Posses
- o Magusto;
- as Roubalheiras;
- o Pregão;
- as Maçazinhas;
- as Danças de S. Nicolau;
- o Baile Nicolino
Ao longos dos tempos, as Festas Nicolinas têm sofrido algumas alterações em função do evoluir normal da civilização, mas a sua essência mantém-se.
As Festas Nicolinas são consideradas as Festas mais antigas de Guimarães e representam um testemunho intangível do património cultural vimaranense.
MONUMENTOS
Capela de S. Miguel
Construção do século XII de estilo românico.
De acordo com a tradição, D. Afonso Henriques terá sido aqui baptizado.
O interior desta capela é lajeado com sepulturas que se atribuem a guerreiros ligados à fundação da nacionalidade.
Paço dos Duques de Bragança
Paço do século XV, mandado construir por D. Afonso, futuro duque de Bragança, onde é possível observar a influência da arquitectura senhorial da Europa Setentrional.
No século XIX foi convertido em quartel.
Em meados do século XX, após um período de abandono, foi restaurado e posteriormente convertido em Museu, albergando um espólio do século XVII e XVIII. Das várias colecções que possui, umas retratam os contributos dos portugueses na época dos Descobrimentos Portugueses; outras narram alguns dos passos das conquistas no Norte de África. Possui também colecções de armas dos séculos XV a XIX e colecções de mobiliário do período pós-descobertas.
Para além da sua função museológica, este palácio foi adaptado, no seu segundo andar, a residência oficial do Presidente da República Portuguesa, aquando das suas deslocações ao Norte de Portugal.
Muralhas de Guimarães
Representam vestígios das muralhas que envolviam a urbe vimaranense nos reinados de D. Dinis e D. João I – séculos XIV e XV.
Alguns historiadores remetem as origens destas muralhas para o século X.
Rua Dr. Alberto Sampaio e Largo do Toural
Igreja Nossa Senhora da Oliveira
Foi mandada reedificar pelo rei D. João I no século XIV, em consequência de uma promessa feita à Virgem Maria pela sua vitória da Batalha de Aljubarrota.
Padrão do Salado
Monumento mandado erguer por D. Afonso IV no século XIV para comemorar a vitória obtida na Batalha do Salado.
Largo da Oliveira (junto à Igreja Nossa Senhora da Oliveira)
Antigos Paços do Concelho
Monumento com traça de raiz mandado edificar no século XIV.
Cruzeiro Nossa Senhora da Guia
Este cruzeiro que é hoje conhecido pela invocação da Senhora da Guia, terá sido em tempos denominado de Senhora da Piedade, em virtude da representação da Pietá aí existente.
Não há certezas quanto à sua localização original, encontrando-se actualmente localizado junto à Igreja da Oliveira, num ângulo protegido por gradeamento em ferro.
CENTRO HISTÓRICO - ZONA TAMPÃO
Padrão de D. João I
De acordo com alguns historiadores, este Padrão terá sido mandado construir por D. João I, no século XIV, para comemorar a vitória da Batalha de Aljubarrota.
Claustro da Igreja de S. Domingos
Edificado no século XIV, está hoje integrado no Museu de Arqueologia da Sociedade Martins Sarmento.
Monumentos (fora do Centro da Cidade)
Capela de S. Torcato
Construção de raiz visigótica, cujo aspecto geral actual data de uma fase construtiva românica (século XII) e possui no seu interior um espólio pré-românico.
Lugar do Mosteiro S. Torcato
Ponte de Serves
Estrutura pétrea de cantaria, com quatro arcos de volta perfeita, talhamares e tabuleiro plano, que terá sido erguida na Idade Média.
Igreja de Serzedelo
A construção do conjunto monumental de Santa Cristina de Serzedelo é um dos núcleos religiosos baixo-medievais de Entre-Douro-e-Minho, onde ao longo de quatro séculos foram construídos uma igreja românica, um narthex já gótico, um muro-campanário do século XIII e uma capela funerária que hoje serve de sacristia.
Citânia de Briteiros
As ruínas arqueológicas de Briteiros S. Salvador representam uma prova da existência de um povoado primitivo, de origem pré-romana, chamados "castros" no noroeste de Portugal, onde é possível encontrar vestígios da cultura castreja.
O espólio arqueológico destas ruínas encontra-se exposto no Museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães.
Citânia de Sabroso
Este povoado, não muito longe da Citânia de Briteiros, terá sido edificado na Idade do Ferro.
Aí é possível verificar a presença de um sistema defensivo composto de uma única linha de muralhas que chegam a atingir entre os três e os cinco metros de altura e cerca de quatro metros e meio de espessura.
Na área intramuros deste povoado foram detectados vestígios de cerca de trinta e oito estruturas habitacionais.
MUSEUS
Museu de Alberto Sampaio
Criado em 1928 para albergar as colecções da extinta Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e de outras igrejas e conventos da região de Guimarães, que até então estavam na posse do Estado.
Este museu possui importantes colecções de escultura que cobrem o período medieval e renascentista até ao século XVIII, bem como colecções de ourivesaria e pintura.
Rua Alfredo Guimarães - Guimarães
Tlf. : 253 423910
Fax.: 253 423919
E-mail: masampaio@ipmuseus.pt
Horário: de Janeiro a Junho e de Setembro a Dezembro 10h - 18h
Julho e Agosto 10h - 24h
Encerrado às Segundas
Museu Arqueológico Martins Sarmento
Referência importante da cultura castreja, onde é possível observar colecções arqueológicas, secções de escultura antiga, epigrafia latina, peças pré e proto-históricas, numismática, medalhística.
Rua Paio Galvão - Guimarães
Tlf. : 253 415969
Fax.: 253 415969
Horário: 09h30 – 12h00 / 14h00 – 17h00
Encerrado às Segundas e Feriados
Museu da Cultura Castreja
O Museu da Cultura Castreja está instalado no Solar da Ponte, propriedade da Sociedade Martins Sarmento.
Este museu, considerado o primeiro espaço dedicado à cultura castreja, autóctone, matriz cultural desta faixa atlântica da Península Ibérica, constitui, também, uma homenagem ao investigador Francisco Martins Sarmento.
S. Salvador de Briteiros - Guimarães
Horário: 09h30 – 12h00 / 14h00 – 17h00
Encerrado às segundas e feriados.
Museu da Agricultura de Fermentões
Situado na freguesia de Fermentões que fica a cerca de 4 km do centro da cidade, este museu possui diversas salas onde podem ser apreciadas peças ligadas ao trabalho e à vida agrícola da região: tanoaria, ferreiro, linho, moinhos de água.
Rua Nossa Senhora de Fátima, Fermentões - Guimarães
Tlf. : 253 557453
Horário: 09h00 - 12h00 / 14h00 - 17h00
Museu da Vila de S. Torcato
Este Museu situa-se na freguesia de S. Torcato, a cerca de 5 km do centro da cidade.
Possui um espólio muito diversificado ligado à vivência da região, ao culto do seu patrono São Torcato ou ao seu Mosteiro: alfaias sacras, peças ouriversaria.
Rua Comendador Pimenta Machado, 77, São Torcato - Guimarães
Tlf. : 235 551150
Fax.: 253 553204
Horário: 10h00 - 12h30 / 14h00 - 18h00
Encerrado aos Sábados, Domingos e Feriados
Sala Museu José de Guimarães
Exposição permanente do pintor e escultor vimaranense patente numa das salas térreas do Paço dos Duques de Bragança, onde é possível admirar um conjunto de obras que José de Guimarães doou à sua cidade natal.
Rua Conde D. Henrique
Tel.: 253 412273
Horário: Julho e Agosto 09h30 – 18h30
Setembro a Junho 09h30 -12h30 / 14h00 - 17h00
GASTRONOMIA
O facto de Guimarães ter como gérmen as terras de um convento feminino influenciou muito a gastronomia marcante da região, especialmente a nível da doçaria, como nas tortas de Guimarães e, principalmente, no toucinho do céu.
Para além do que é habitual no Minho, como o vinho verde, as papas de sarrabulho, os rojões, etc., confecciona-se também o chamado "bolo" constituído por um tipo de pão (com o formato de uma pizza) servido com carne de porco, sardinhas ou outros acompanhamentos.
ARREDORES
Montanha da Penha
A cidade de Guimarães ergue-se num vale aos pés do Monte de Santa Catarina - Monte da Penha. A partir do seu topo é possível alcançar uma vista que se estende até ao Oceano.
A Montanha da Penha constitui um dos grandes pontos de atracção turística de Guimarães, quer pelas suas características naturais, quer pelos vários equipamentos aí existentes. Assim, quem se deslocar à Montanha da Penha poderá desfrutar de uma paisagem natural única e encontrar desde monumentos, grutas, miradouros, até um parque de campismo, um campo de mini-golfe, um mini-trem turístico, um Centro Equestre, áreas de passeio e pic-nic.
O Santuário da Penha é um centro de peregrinação muito importante, ao qual ocorrem muitos fiéis, principalmente na época de Verão.
Os visitantes e turistas que pretendam deslocar-se à Montanha da Penha poderão fazê-lo através do teleférico, apreciando assim a magnífica paisagem que separa o vale e a montanha de Guimarães.
São Torcato
São Torcato, situada na margem esquerda do Rio de Selho, a cerca de 5 km de Guimarães, é uma vila predominantemente rural detentora de um património natural e cultural que a tornam um dos potenciais turísticos do concelho.
O santo que dá nome à vila, São Torcato, foi um dos primeiros evangelizadores da Península Ibérica no século VIII. Segundo reza a tradição, após martirizado, foi encontrado nesta vila num local onde hoje se ergue a capela da Fonte do Santo.
Vila com fortes tradições e ligações ao mundo rural e à devoção a São Torcato, esta terra é rica em manifestações culturais e etnográficas que se traduzem fundamentalmente nas festas e romarias que, durante o ano, aí têm lugar:
- Festa dos 27, a 27 de Fevereiro
- Romaria Grande S. Torcato, em Julho, é uma das maiores e concorridas festas do Minho
- Feira da Terra, em Julho
- Festa do Linho (Linhal), em Julho
- Festa das Colheitas, em Outubro
A vila de São Torcato possui também locais onde é possível observar testemunhos dessas tradições e da sua fé: o Santuário em granito, onde está depositado o corpo incorrupto de S. Torcato, a Capela da Fonte do Santo, Museu da Vila de São Torcato.
Caldas das Taipas
A vila de Caldas das Taipas situa-se a cerca de 7 km de Guimarães.
Esta vila foi desde sempre um local de passagem e paragem, uma vez que dispõe de vários atractivos, dos quais se destaca uma antiga estância termal, cuja utilização terapêutica das suas águas remonta ao Império Romano. Hoje em dia, as instalações termais encontram-se localizadas no interior de um parque, junto à margem do Rio Ave, e dispõem de modernos equipamentos de hidrologia, de uma piscina termal coberta, ginásio de manutenção, sauna e solarium.
A poucos quilómetros do centro desta vila estão localizadas as estâncias arqueológicas de Citânia de Briteiros e Castro Sabroso, exemplos de "Cultura Castreja".
Caldas das Taipas possui um parque, junto ao rio Ave, onde existem equipamentos desportivos e de lazer: courts de ténis, piscinas, circuito de manutenção, parque de campismo e praia fluvial.
A indústria predominante desta vila é a cutelaria, que aqui se encontra fortemente implantada e que constitui, simultaneamente, um dos seus cartões de visita e um importante factor de desenvolvimento.
PERCURSOS PEDESTRES
- Rota da Penha
- Rota da Citânia
- Rota de São Torcato
ARTESANATO
Hoje em dia definimos Artesanato como resultado de uma actividade económica que assenta na produção de bens de raíz tradicional ou contemporânea. O artesão é aquele que realiza todas as etapas da produção, desde a transformação da matéria-prima até ao acabamento do produto final.
Para melhor compreendermos a evolução desta designação devemos fazer uma reflexão, com base num certo enquadramento histórico/antropológico. Para tal é necessário recuarmos ao século XIX, época em que se verificou, em toda a Europa, um conjunto de grandes mudanças económicas e sociais. Estamos em tempo de plena industrialização, que, nesta época, só moderadamente se fez sentir em Portugal.
Entre 1851 e 1886 a política de António Maria de Fontes Pereira de Melo apelava à modernidade. Todavia, este empenho não teve reflexos imediatos na indústria do país, pois predominava a actividade artesanal e as pequenas oficinas, como confirmam os inquéritos industriais de 1881 e 1890. No panorama industrial de oitocentos e «antes de 1820, o fabrico dos couros e actividades relacionadas vinha à cabeça, seguido pela indústria têxtil. Sessenta anos depois, a indústria de curtumes decaíra para o nível de actividade secundária…ao lugar cimeiro ascendera a indústria têxtil …» (Marques, 1998:489).
As indústrias de Guimarães incluíam-se neste quadro global de actividades ainda artesanais. A Exposição Industrial de Guimarães, realizada em 1884, deu a ver esta realidade. Exemplo disso é a ausência de teares mecânicos na indústria têxtil vimaranense, cuja impantação se verificou um ano mais tarde, numa das empresas locais, e em número reduzido. As indústrias do têxtil, cutelarias e curtumes ocupavam os lugares cimeiros, seguidos pelo fabrico de calçado e pela alfaiataria. As actividades como a olaria, ourivesaria, latoaria, fabrico de pentes, serralharia, entre outras, formavam um grupo de pequenas indústrias familiares.
Somente a partir do 2º quartel do século XX é que se transformou radicalmente este cenário, iniciando-se, o tão esperado incremento industrial, com largas repercussões económicas e sociais. Deu-se a extinção definitiva das pequenas indústrias artesanais do século XIX, bem como a exponencial transformação de outras, como é caso do têxtil e do calçado. Consideramos este o ponto crucial de viragem das indústrias vimaranenses. Extintas as olarias, as fábricas de curtumes, as pequenas empresas de funilaria ou latoaria, a substituição dos teares manuais por mecanizados, finalizando-se, deste modo, a compra dos produtos tecidos em pequenas oficinas domésticas com teares manuais, e, enfim, com o advento da tecnologia, que marcou o século XX e que constituí o mundo contemporâneo, sobreviveram, porém, algumas técnicas artesanais ainda com aplicação no que, actualmente, designamos por artesanato.
Em Guimarães todo este percurso é muito claro, o de um passado em que algumas indústrias permaneceram com produção artesanal até ao fim e outras que se transformaram conforme as exigências da contemporaneidade, aplicando os recursos tecnológicos inovadores. Das primeiras, ficaram as imagens, as histórias de vida, os objectos de memória. De outras perpetuaram-se, ainda, os saberes, os modos de fazer na criação de objectos artesanais que transportam lendas ou figuras inspiradas na natureza, objectos que vivem essencialmente, de um património comum, que se quer presente.
IN:
- WIKIPEDIA
- SITE DO MUNICÍPIO
- http://artesanatodeguimaraes.wordpress.com
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