10/02/2012



 
HOJE NO
"PÚBLICO"

Deco alerta que há pais idosos sobreendividados para ajudar filhos

Uma técnica da Deco garantiu na quinta-feira à noite, no Porto, que já foi chamada a ajudar casais de idade avançada que contraíram créditos até entrarem em sobreendividamento para socorrerem filhos que deveriam ser financeiramente autónomos.

No debate “Viver mais com menos”, promovido pela Associação Católica do Porto, Ana Passos, do gabinete da Deco/Porto para apoio ao sobreendividado, contou o caso concreto de um casal, já de idade considerável e com poucos recursos, que contraiu dois créditos para socorrer os filhos em dificuldades, acabando também por não conseguir pagar as prestações.

A ajuda da Deco a esta família traduziu-se em sensibilizá-la para cortar em despesas fixas elevadas tidas por menos necessárias, incluindo gastos mensais em telemóveis na ordem dos 300 euros. Neste caso, como em muitos outros, a DECO procurou renegociar os créditos, obtendo períodos de carência (durante um hiato de tempo os devedores só pagam juros) e a dilatação dos prazos para saldar os compromissos bancários.

Perante um auditório que incluía o bispo do Porto, Manuel Clemente, a técnica da DECO disse conhecer casos de famílias que têm 30 créditos e referiu que os tribunais portugueses estão a decretar, todos os dias, 14 novas falências singulares. Ana Passos reconheceu as dificuldades de sobrevivência de muitos portugueses, mas pediu que se ajudem a si próprios, o que passa, por exemplo, por olharem com desconfiança algumas campanhas publicitárias ou fazerem um cuidado planeamento das despesas.

A técnica sublinhou, a propósito, que há muitos consumidores a recorrerem cada vez mais às chamadas marcas branca na aquisição de artigos de primeira necessidade, “mas depois compram um telemóvel da última geração e levam a namorada a jantar ao restaurante mais caro do Porto”.

Depois de ouvir Ana Passos e o testemunho de vários cidadãos que passaram ou ainda passam por dificuldades, o bispo do Porto interveio para proclamar que “esta é a ocasião para seremos mais realistas”. Citando Mahatma Gandhi, o fundador do moderno estado indiano, Manuel Clemente sublinhou que “a natureza tem recursos para o nosso alimento, mas não para o nosso esbanjamento”. À Lusa, o prelado disse que “este tipo de testemunhos demonstra é que é possível, com mais atenção à realidade e com uma vida mais planeada, não só sobreviver, como arranjar outra maneira de estar mais feliz e mais compensatória”.



* A miséria é cada vez maior, somos piegas e os nossos políticos têm poucas mordomias, segundo o primeiro-ministro.


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