HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Director do Instituto Geográfico demite-se com duras críticas a Assunção Cristas
O director do Instituto Geográfico Português demitiu-se manifestando "estranheza" e "desencanto" com a ministra Assunção Cristas e alegando nunca ter sido ouvido sobre a nova orgânica do Ministério da Agricultura, que considera "redutora" e "minimalista".
Na carta enviada na semana passada a Assunção Cristas, a que a Agência Lusa teve acesso, Mourato Nunes, tenente-general e também ex-comandante geral da GNR, considera mesmo que a nova orgânica do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT) - onde o Instituto Geográfico Português (IGP) é extinto e integrado na Direcção-Geral do Território - representa "uma oportunidade perdida" e "não serve os interesses do país".
Carlos Mourato Nunes afirma que "no que à Geodesia, Cartografia, Cadastro e Informação Geográfica respeita" no âmbito do Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado (PREMAC), nenhum dos membros do Governo ouviu "os dirigentes nem os especialistas" do IGP.
"Aliás, se o tivessem feito, para além da dimensão ética da atitude, a reforma seria diferente, para melhor, sem desrespeitar as linhas de orientação do Governo no que ao PREMAC refere", acrescenta.
Na missiva onde pede a demissão, Mourato Nunes revela ter tido apenas duas audiências com o secretário de Estado da tutela, onde manifestou "disponibilidade" para se manter na direcção do Instituto "até à reorganização".
Mourato Nunes defende ainda que Assunção Cristas tem "o direito de gerir o ministério como entende ser politicamente mais adequado" e "o direito e a prerrogativa de escolher dirigentes da sua confiança política e que considera melhor vocacionados para cumprir os objectivos do Governo", mas não o de "não receber em audiência os altos dirigentes em exercício de funções, de não os ouvir para os grandes estudos e análises que concorrem para a elaboração do processo de decisão, que deveria preceder as reformas em curso".
"Ao longo do período de sete meses de mandato do XIX Governo Constitucional que V. Excelência integra, não me foi facultada a possibilidade de uma audiência para consigo dialogar, expor pontos de vista, discutir políticas, receber orientações ou, tão simplesmente, estabelecer uma mera relação de conhecimento (...) Durante estes meses do seu mandato, que segui atentamente, esperei uma palavra, uma orientação, uma oportunidade; tal não aconteceu, situação que lamento profundamente e que, por inusitada, muito estranho", assinala.
"Não me move qualquer sentimento de crítica estéril e muito menos de despeito pessoal, tal seria descer a um nível que não é nem nunca será o meu (...) Entendo, isso sim, que em Portugal não podem ocorrer oportunidades perdidas e esta será, infelizmente, mais uma oportunidade perdida", critica o antigo comandante da GNR, acrescentando que esta reforma do Governo "é redutora, minimalista e não serve os interesses do país".
Mourato Nunes refere ainda que a sua "vivência profissional", "experiência de administração pública" e o seu "empenhamento de décadas à causa pública legitimam a estranheza e o desencanto" pela forma como foi tratado.
"Cumpri a minha parte e esforcei-me por cumprir bem, como é meu dever. Nada me é devido por isso, apenas o respeito que um director-geral merece. Aceite senhora ministra, o meu pedido de exoneração do cargo de director-geral do IGP", conclui Mourato Nunes.
* A Senhora Cristas pinta o país às riscas
.
Sem comentários:
Enviar um comentário