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Famílias perderam 481 milhões
em salários até Setembro
Corte nos salários foi a grande razão para a melhoria
do défice até Setembro, que ficou em 6,8%
Entre Janeiro e Setembro deste ano, as famílias portugueses registaram menos 481 milhões de euros no total de remunerações recebidas, um recuo de 0,8% face ao mesmo período de 2010, e que marca o primeiro ano desde pelo menos 1999 em que há uma evolução negativa. O corte nos vencimentos dos funcionários públicos, que oscilou entre os 5% e 10%, foi a principal razão para este recuo a que, contudo, também não será alheio o aumento do desemprego. Até ao final do ano, esta quebra nos rendimentos já se terá agravado com o corte de 50% nos subsídios de Natal de todos os trabalhadores.
Quem beneficia? O governo, que com os cortes salariais, aumento de impostos e cortes pontuais na despesa estrutural, pode apresentar-se como bom aluno em Bruxelas: o défice do Estado ficou em 3,8% do PIB no terceiro trimestre do ano – contra os 7,1% do trimestre anterior –, valor que de Janeiro a Setembro se situou nos 6,8% do produto – ou 8,6 mil milhões de euros –, ainda longe dos 5,9% de défice exigido pela troika.
Segundo dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o total de remunerações recebidas pelas famílias no acumulado dos três primeiros trimestres deste ano atingiu os 62,16 mil milhões de euros – uma média mensal de 6,90 mil milhões de euros –, valor que nos primeiros nove meses de 2010 tinha sido de 62,64 mil milhões de euros – ou 6,96 mil milhões de euros por mês.
“A remuneração média registou uma diminuição no ano acabado no terceiro trimestre de 2011 face ao período homólogo de 2010”, aponta o INE, definindo como ângulo de análise os doze meses terminados em Setembro. Nesse período, diz o instituto, “estima-se que a taxa de variação da remuneração média tenha atingido -0,4%. Este comportamento foi observado pela primeira vez este trimestre e reflectiu essencialmente a evolução das remunerações nas Administrações Públicas”. Nos privados, e segundo o INE, “as remunerações pagas aumentaram 0,2%” face ao trimestre anterior, altura em que tinham crescido 0,3%.
Défice externo em 6,9% Ainda segundo os dados do INE, nos doze meses terminados em Setembro, “a necessidade de financiamento da economia manteve uma trajectória descendente, fixando-se em 6,9% do PIB (7,6% no ano acabado no trimestre anterior)”. Considerando apenas os saldos da administração pública, este défice foi de 8% no terceiro trimestre – melhoria de 0,8 pontos percentuais –, enquanto nas famílias “a capacidade de financiamento reduziu-se de 3,6% para 3,4% reflectindo essencialmente a redução da sua taxa de poupança”. Já nas empresas não financeiras, o défice externo agravou-se em “0,4 pontos percentuais, atingindo 5,5% do PIB no 3º trimestre”, diz ainda o INE.
* O saldo do assalto
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