HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Criar tecidos está-lhes nos teares
há 84 anos
Dois teares instalados num moinho de água no rio Pele deram origem a um dos líderes mundiais na criação, produção e comercialização de colecções de tecidos.
Enquanto se prepara para ser fotografado, no meio de cinco colaboradores surpreendidos pela interrupção na reunião, um deles aproveita para lhe mostrar uma mensagem no ecrã do telemóvel. "O que acha? Avanço?" A resposta de José Alexandre Oliveira é pronta: "Sim, assim sim." E pronto, o presidente da Riopele desde 2007 já tenta enfrentar o pouco à-vontade que sente em frente da objectiva, com mais contacto com um cliente feito.
O episódio reflecte uma prática que minutos antes explicara ser um dos trunfos da marca criada pelo seu avô, José Dias de Oliveira, em 1927: "Costumo dizer que se não vendermos peixe fresco não nos safamos. Antigamente podíamos desenvolver uma colecção e depois ficar muito tempo à espera que os clientes nos comprassem essa colecção. Agora já desenvolvemos quase quatro colecções anuais e ainda saídas permanentes que a nossa área de inovação e desenvolvimento produz para que não estejamos tanto tempo sem ter contacto com o cliente." E concretiza : "Apanhamos uma ideia hoje e em vez de a guardar para a próxima colecção ainda a apresentamos a um cliente que achamos poder estar interessado. E é a isso que chamo reagir. Só assim podemos competir. Não pelo preço mas pelo serviço, pela excelência, pela inovação do produto."
A marca Riopele já gozou de maior popularidade, sobretudo nos anos 70, quando a equipa de futebol formada por trabalhadores da empresa chegou à 1.ª Divisão. A situação explica-se facilmente por um dos indicadores da actividade da empresa: com uma capacidade produtiva de um milhão de metros de tecido por mês, 97% são exportados directamente e os restantes 3% são vendidos para empresas nacionais que também exportam.
A etiqueta Vicri é a mais conhecida no mercado nacional. Criada por Pinho Vieira em 1986, pertence à Riopele desde 2003 e após o reconhecimento internacional, abriu a primeira loja em Portugal no Verão de 2010. E para além de ter como clientes os actores Ben Affleck e Hugh Grant ou o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair e o Rei Juan Carlos de Espanha, José Alexandre Oliveira faz também questão de usar a sua marca.
No entanto, a esmagadora maioria dos cerca de 57 milhões de euros que o neto do fundador da Riopele prevê facturar este ano é fruto da produção e comercialização de fios e tecidos que fornece às principais casas e marcas de moda globais, sendo um dos líderes mundiais na criação de tecidos.
E saber se o tecido em desenvolvimento é bom ou não é simples para quem aos onze anos já fazia da fábrica a sua casa, e passou os últimos 32 dos seus 56 anos a participar activamente na empresa: "Pela mão", resume. "O toque no tecido é muito importante", destaca, explicando que "desde a mistura das matérias-primas à estrutura do tecido, do tipo de fios aplicados aos acabamen- tos", tudo é feito tendo em conta a qualidade final do produto a apresentar aos clientes. E é com naturalidade que diz que a Riopele "é um opinion maker a nível mundial".
Do moinho de água que recebeu os dois primeiros teares da empresa, em Pousada de Saramagos, junto a Vila Nova de Famalicão, as instalações da Riopele ocupam agora uma superfície coberta superior a 139 mil metros quadrados. Para além da proximidade com os clientes, "os 84 anos de história também são um trunfo. Porque os valores da empresa foram-se cimentando, não só ao nível da gerência como ao nível dos colaboradores", afirma. "Como há os Oliveira, também há os Torrinha ou os Machado", ilustra. "Como queremos aqui constituir uma família, temos sempre a preocupação de dar prioridade a pessoas da família dos colaboradores", diz.
* Por vezes uma excelente notícia que até parece mentira de tão excelente que é!
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