Acredito em Durão Barroso
não devíamos pagar o BPN
Numa recente entrevista a Fátimas Campos Ferreira, o presidente da Comissão Europeia disse que o BPN não deveria ter sido nacionalizado.
Nessa entrevista, a jornalista da RTP1 fez boas perguntas. Uma delas: se o BPN não fosse nacionalizado, o sistema financeiro não corria risco de contágio?
A resposta não deixou margem a dúvida: "Não", afirmou Durão Barroso.
No meio de tanta turbulência dos mercados, estou muito inclinado a ouvir o que Durão Barroso tem para nos dizer sobre o que pode, ou não, acontecer-nos. Pela simples razão que ele é o presidente da Comissão_Europeia. Ou seja: o homem que, de algum modo, empurra a Europa para esta ou aquela decisão. No fundo, coube-lhe a ele um papel determinante na forma e no conteúdo da ajuda que nos foi fornecida, incluindo o modelo financeiro mais os ajustes recentes que vão permitir-nos retirar a corda do pescoço. Esperemos...
Por tudo isto, quando Durão Barroso nos diz que não havia perigo de contágio, ou risco sistémico, para o sistema financeiro se o Estado não se tivesse metido a salvar o BPN, não podemos deixar de assinalar que, conforme está escrito nesta edição do JN, esse salvamento vai custar-nos pelo menos três mil milhões de euros. E tratando-se do Estado a salvar é evidente que o essencial desta verba vai sair dos bolsos dos contribuintes.
A dor de saber que nos foram ao bolso sem que isso fosse uma emergência nacional já era suficientemente grande para sermos poupados à ideia de que esse esforço de nacionalização de uma fraude aconteceu em nome de um banco que está a ser vendido por um preço inferior em cinco milhões de euros ao da cláusula de rescisão de Falcao, o futebolista do F.C. Porto avaliado em 45 milhões.
Tão estranho quanto um banco poder valer menos do que um futebolista é o facto de até hoje apenas ter sido encontrado um culpado para todos os erros, omissões e crimes que conduziram o BPN ao ponto de falência que fomos obrigados a evitar em nome de um interesse nacional que alguém como Durão Barroso não reconhece.
Agora, à conta deste pagamento da fraude do BPN_que o Estado nos extorquiu, o actual Governo vai apresentar-nos um orçamento rectificativo.
Por estas e por outras, cada vez se torna mais difícil que os portugueses aceitem que pagar impostos deve ser um direito e não um dever doloroso e nada respeitável.
Afinal, o BPN foi apenas o mais recente caso em que ficamos a perceber que o Estado não se preocupa com quem mais dele necessita. E é mesmo medroso quando a coisa se torna demasiado mediática.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
02/08/11
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1 comentário:
É vergonhoso, escandaloso!
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