António Barreto
defende liberalização
da idade da reforma
O presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos defendeu hoje a liberalização da idade da reforma e que esta não seja imposta, mas antes definida caso a caso, consoante a capacidade e a vontade de cada pessoa.
A sugestão surgiu no decorrer da apresentação de mais um volume da coleção Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos, sob a forma de um pequeno-almoço à sombra das árvores do Jardim da Armada, em Lisboa. O volume trata a "Discriminação da Terceira Idade" e é da autoria da doutorada em Psicologia Social Sibila Marques.
De acordo com António Barreto, o país atravessa "um momento muito sério e complexo" e torna-se, por isso, "absolutamente pertinente" abordar a questão da terceira idade, seja por razões de produtividade, emprego ou sustentabilidade social.
Nesse sentido, entende que é altura de encontrar soluções que vão ao encontro da diversidade de situações que existem entre os idosos e as suas famílias porque “não há uma só solução ou um só remédio para os problemas”.
“Em primeiro lugar começar a libertar a idade da reforma e que não haja uma idade obrigatória de reforma. Que a idade da reforma possa ser adequada à saúde das pessoas, ao desejo das pessoas, à liberdade de escolha, às possibilidades do empregador e das empresas”, sugeriu António Barreto, para quem esta “seria uma condição de liberdade individual para as famílias muito importante”.
António Barreto, sociólogo e académico, deixou claro que esta é uma opinião pessoal e apontou situações de pessoas a quem não é permitido manter-se a trabalhar aos 65, 70 ou 75 anos, apesar de serem capazes de produzir, contribuir e de colaborar para o desenvolvimento da sociedade.
“Estão impedidos pelas leis e também pelo preconceito, porque também há o preconceito de que uma pessoa a partir de uma certa idade já não pode fazer nada e isso acho que é um grau de injustiça, de ingratidão e de desumanização muito grandes”, considerou.
Já para a autora do ensaio “Discriminação da Terceira Idade”, a solução para uma sociedade cada vez mais envelhecida poderá passar pelo aumento da idade da reforma.
“Não é só às empresas que interessa que as pessoas mais velhas continuem a trabalhar, o próprio cidadão tem de pensar a sua vida de uma forma diferente daquela que pensávamos quando as pessoas não viviam tanto tempo porque, por exemplo, a minha avó reformou-se e ainda viveu trinta anos na reforma, quase tanto tempo como aquele que trabalhou”, adiantou Sibila Marques.
De acordo com a autora, esta questão surge agora porque a população está cada vez mais envelhecida e isso coloca grandes pressões às economias, principalmente ao nível do mercado de trabalho e da segurança social, o que traz o fenómeno do idadismo, o preconceito com a idade.
Segundo Sibila Marques, esta discriminação aparece sobretudo nos locais de trabalho onde, por exemplo, as pessoas mais velhas são discriminadas nas ações de formação ou no tipo de funções que lhe são atribuídas, mas também na saúde ou nas acessibilidades.
Para a autora, uma forma de contrariar tendências idadistas seria apostar na educação das crianças, porque também elas “estão imersas numa sociedade que vê as pessoas idosas como incompetentes”.
IN "LUSA/i"
15/06/11
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