Serei eu capaz?
As férias das Páscoa estão “aí a chegar” e com as mesmas as avaliações do segundo período. Para alguns pais isto pode significar “algumas dores de cabeça” aquando dos resultados escolares dos seus educandos. Quando estes não são os esperados, a primeira tendência é para a crítica e a censura, o que poderá desencadear sentimentos menos positivos nos educandos. Parece que o mais difícil é procurar entender as causas desse insucesso quando uma palavra de incentivo e compreensão faz toda a diferença!
O auto-conceito traduz-se basicamente na ideia que a pessoa tem de própria, e que se desenvolve ao longo de todas as etapas da vida, alterando-se conforme as experiências vividas não sendo por conseguinte, estável. As influências podem ser muitas, e provir de vários contextos, como por exemplo do familiar, do escolar, social entre outros. São, por vezes, apreciações que as pessoas, normalmente significativas fazem da criança ou jovem em questão. Estas considerações ou opiniões são determinantes na atitude, forma de estar e até mesmo nos objectivos traçados, nas relações interpessoais com os colegas originando assim conflitos do foro emocional.
Um exemplo concreto, quando determinada criança ou jovem tem dificuldades na matemática, por exemplo, se não houver motivação, por parte dos pais, e até se o mesmo for comparado com outros colegas, com comentários do género “os outros é que estudam. És um preguiçoso que não se esforça…” este poderá sentir-se como não capaz e incompetente. Isto, porque as crianças tem uma certa necessidade de agradar os pais e outras pessoas significativas, como por exemplo, os colegas. Estes comentários depreciativos se ouvidos de uma forma repetitiva poderão irremediavelmente lesar a formação do seu auto conceito. Uma opção mais positiva seria o uso do reforço positivo, “não desistas porque vais ser capaz, com mais esforço e dedicação, estamos cá para te ajudar ”, em detrimento de uma comparação depreciativa face aos colegas.
Estes são aspectos de extraordinária importância pois é sabido que o auto-conceito deriva numa primeira fase do desenvolvimento daquilo que nos é dito daquilo que “somos”. Numa fase posterior a interiorização destas observações altera de modo significativo o auto-conceito e a auto-estima.
Esta última resulta da parte avaliativa e emocional do auto-conceito e consequentemente de juízos de valor quer positivos quer negativos pelo indivíduo acerca de si próprio. As investigações têm demonstrado que para o auto estima da criança e do jovem, a qualidade da vida familiar é um factor importante, pois possibilita o desenvolvimento de sentimentos de competência e de valor, de uma forma praticamente conclusiva poder-se-á dizer que o auto conceito tem inerente as imagens acerca da nossa percepção enquanto pessoas, a nossa capacidade de realização, também do que pensamos das outras pessoas e do que estas pensam de nós, e ainda do que desejaríamos ser. Um ambiente familiar com limites bem definidos, calor e, sobretudo, afecto incondicional são essenciais para a formação positiva do auto-conceito.
IN "CORREIO DO MINHO"
03/04/11
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