19/02/2011

HENRIQUE RAPOSO






A betinha do PCP

Isabel Alçada está a revelar que faz parte daquele seleto grupo de estalinistas fofinhos que criou o comunismo de rosto humano. Até podemos dizer que Alçada é a inesperada betinha do PCP. Através de um discurso assente num populismo comunista, a ministra-com-cara-de-anjo está a desrespeitar milhares de pessoas pobres ou remediadas que têm os seus filhos em escolas privadas com contratos de associação firmados com o Ministério. Ou seja, este modelo de ensino público (repito: público) está a ser atacado pela hipocrisia social e pela ideologia da betinha do PCP.

De forma inacreditável, esta menina do Liceu Francês anda agora a espalhar ódio contra as escolas privadas. Parece que a liberdade de ensino é só para as betinhas de esquerda. Parece que os mais pobres têm de ficar aprisionados às escolas estatais. Ora, perante estas constantes demonstrações de hipocrisia, vale a pena repetir a evidência: este hipócrita 'betismo' de esquerda é o maior inimigo dos mais pobres. Foi esta 'betaria' esquerdista que transformou os filhos do povão em cobaias das experiências educativas do eduquês. Nas escolas estatais, as crianças foram educadas num facilitismo impeditivo de qualquer ascensão social. Mas, claro, enquanto os filhos do povinho atravessaram este calvário, os rebentos do 'betismo' progressista foram educados em bons colégios privados. E, agora, por acréscimo, a betinha do PCP está a destruir as poucas escolas privadas onde os mais pobres podem aprender.

A par desta hipocrisia, a tia Alçada representa a demagogia da esquerda, que recusa rever a ideia de ensino público. Como a OCDE já demonstrou, as sociedades poupam dinheiro se fizerem uma coisa: em vez de sustentarem a pesada máquina das escolas estatais, devem apoiar diretamente as famílias, isto é, devem ajudar os pais a pagar as propinas das escolas que escolherem para os seus filhos. Aliás, é isso que nós fazemos numa escala pequeníssima através dos contratos de associação, os tais que Alçada está agora a destruir. Por outras palavras, a ministra está a desmantelar o embrião de um ensino público mais eficaz. Sim, é isso mesmo: para o contribuinte, um aluno numa escola privada é mais barato do que um aluno numa escola estatal. Por isso, não tenho dúvidas de que Portugal, mais cedo ou mais tarde, chegará à conclusão de que o futuro da educação passa por esta ADSE aplicada à educação. Este modelo dá mais liberdade às famílias e mais folga ao contribuinte. Este modelo é o futuro. Aliás, este modelo já é a realidade nos países nórdicos. Mas, por enquanto, temos de esperar. A nossa queriducha do PCP deve achar que a Suécia é um cabaré fascista.

IN "EXPRESSO"
29/01/11

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