07/01/2011

JOSÉ DE PINA

O auto-elogio da loucura

Para o CDS, Cavaco Silva esteve bem na mensagem de Ano Novo. Não se auto-elogiou. Mas o presidente não se podia auto-elogiar porque, como ele próprio insinua, não é político nem faz parte do meio. Ou seja, nestes cinco anos tivemos um Peeping Tom em Belém. Já Sócrates, foi acusado pelo CDS de se ter auto-elogiado na mensagem de Natal. Eu diria que foi um auto-elogio da loucura. Mas, isto de políticos acusarem outros políticos de se auto-elogiarem, é como um vendedor de carros usados acusar um outro vendedor de carros usados de vender carros usados. Fui por isso relembrar-me da última vez que o CDS esteve no governo. Há coerência! Não houve um só auto-elogio, e até havia razão para isso. Os ministros e secretários de estado do CDS fartaram-se trabalhar, especialmente no último dia de governo. Saber que vamos deixar um lugar e mesmo assim assinar papelada até ao último minuto, é digno de elogios. Mas, como no CDS não há auto-elogios, só mais tarde viemos a saber deste amor à causa pública. Há políticos que, antes de saírem dos cargos, fazem desaparecer documentos. Paulo Portas, pelo contrário, fotocopia-os, como fez quando deixou de ser ministro da Defesa. Isto mostra que nada tem a esconder. Um acto digno, do qual Portas não se quis auto-elogiar. E Celeste Cardona, uma ministra da Justiça tão espectacular que foi logo para a administração da CGD. Nem se ouviu um auto-elogio. Mas muita modéstia acaba por ser auto-elogio. Logo, não teria ficado mal, e seria justo, que os novos submarinos, em vez de Arpão e Tridente, se chamassem, Paulo e Portas.

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05/01/11

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