Krugman:
Juro do leilão de OT de Portugal
é “ruinoso”
O Nobel da Economia alerta que mais sucessos
como o do leilão português de ontem
e a periferia europeia será “destruída".
Na apreciação que Paul Krugman faz no seu blogue, o economista considera a taxa de juro do leilão da dívida pública portuguesa "pouco menos que ruinosa".
Portugal colocou hoje no mercado 1.249 milhões de euros em obrigações do Tesouro com maturidades a 10 e a 4 anos. Nos títulos a 10 anos, a taxa média ponderada baixou para 6,716% face aos 6,806% observados no leilão anterior. Nessa maturidade foram emitidos 599 milhões de euros, tendo a procura superado em mais de três vezes a oferta. Já nos títulos a 4 anos, os juros dispararam para 5,396% face aos 4,041% do leilão anterior comparável. Nesta maturidade foram dadas ordens que superaram em 2,6 vezes o montante da oferta, tendo sido emitidos 650 milhões de euros.
Em reacção, o primeiro-ministro considerou a colocação da dívida "um sucesso, qualquer que seja o parâmetro pelo qual se analise".O leilão foi "um sucesso na procura e um sucesso no preço, e isso é a melhor demonstração de confiança na economia portuguesa por parte dos mercados", sublinhou José Sócrates, à entrada para a Heimtextil, em Frankfurt.
No seu comentário, Krugman afirma que "considerar um sucesso a capacidade de Portugal colocar obrigações a dez anos a uma taxa de juro de 'apenas' 6,7% diz alguma coisa do profundo desespero da situação europeia".
O Nobel argumenta que, "se se pensar sobre a dinâmica da dívida, uma taxa de juro tão alta é pouco menos que ruinosa". Adianta, porém, que "não é, de facto, tão má como as pessoas estavam à espera na semana passada, daí o sucesso". Mas alerta: "Mais alguns sucessos e a periferia europeia será destruída."
No início do dia de quarta-feira, antes do leilão que se realizou durante a manhã, a Bloomberg citava o Financial Times alemão para divulgar que a Comissão Europeia e o fundo de resgate europeu estavam a preparar uma ajuda a Portugal que poderia chegar aos 100 mil milhões de euros se fosse necessária. Pormenorizava-se que a ajuda poderia ser disponibilizada muito brevemente, se o leilão da dívida registasse juros considerados insustentáveis.
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
13/01/11
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